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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A TRAGÉDIA DE MARIANA MOSTRA A IMPORTÂNCIA DO ENGENHEIRO AMBIENTAL!

Fonte: Correio Braziliense (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Infelizmente, é preciso que ocorram fatos desagradáveis, lastimáveis até, para que alguns setores da ciência sejam valorizados. Hoje, grande parcela de estudiosos acredita piamente que quaisquer problemas ambientais se resolvam por um artifício técnico qualquer ou apenas por uma intervenção mecânica.
Antes de acreditarmos que os problemas socioambientais, como a tragédia de Mariana (MG) possam ser resolvidos por apenas uma intervenção técnica, é preciso que tiremos lições profundas das leis que regem a dinâmica da natureza. Não se cura um paciente apenas aumentando as doses do mesmo medicamento, é preciso distinguir os sintomas, analisá-los para compreender o grau da doença e ministrar os procedimentos corretos para sua cura. Muitas vezes, a pessoa nem precisaria estar doente se medidas preventivas corretas fossem tomadas no tempo certo.
Assim também são os graves problemas socioambientais que tanto angustiam a humanidade nos tempos presentes. O que eu vejo de muito diferente na Engenharia Ambiental é que ela possui as ferramentas para as devidas prevenções, o que poderá evitar muitas tragédias como a que ocorreu em Mariana. O Engenheiro Ambiental tem ao alcance de suas mãos, ferramentas tais como o zoneamento ambiental, as técnicas de saneamento ambiental, os princípios para a execução de Estudos de Impactos socioambientais (EISA), o que vai gerar os Relatórios de Impactos socioambientais (RISA).
Além dos mais, este ramo das engenharias possui os instrumentos para a prevenção de grandes impactos, como introdução de espécies vegetais naturais, técnicas de manejo correto de uso e ocupação de solos, técnicas sustentáveis de exploração dos recursos da natureza, dentre diversos outros mecanismos de manejo e conservação de ambientes, tanto naturais como antropizados. Assim, o que falta ao campo da Engenharia ambiental é o devido reconhecimento da profissão por parte de legisladores e autoridades, o devido respeito aos profissionais da área.
Portanto, a Engenharia Ambiental, apesar de constituir-se em um dos mais novos campos das tecnologias aplicadas, já mostra toda sua centralidade e toda sua relevância. Cabe somente aos profissionais da área, acreditarem em seu próprio potencial, construindo seu diferencial. Quem sabe, daqui há poucos anos, não sejamos poupados de medir tantos estragos e contar tantas mortes, não somente da fauna, mas, sobretudo de seres humanos. Reflitam sobre isso moçada!    

sábado, 28 de novembro de 2015

A TRAGÉDIA DE MARIANA (MG) E A “A DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS”

Fonte: Arquivos pesquisas Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
A tragédia socioambiental ocorrida recentemente na cidade mineira de Mariana, faz emergir importantes elementos e aspectos que fortalecem a tese central de nossa pesquisa “A Dinâmica dos Ecossistemas”. Nela defendemos o ideia de que em quaisquer ecossistemas todos os elementos estão interligados, interconectados. Afirmamos ainda que a grande indagação, nossa maior inquietação, reside na descoberta dos elementos físicos, químicos e biológicos que constituem os elos de ligação dos ecossistemas e que os mantém em equilíbrio. Quando se introduz uma variável diferente (no caso de Mariana, a ação desordenada do homem sobre o ambiente) que exerce uma força que ultrapassa os limites energéticos desse ecossistema, este equilíbrio se rompe, às vezes de forma quase irreparável.
É isso que ocorreu nos arredores da cidade mineira de Mariana, considerando a cidade e seu entorno como um ecossistema onde interagem forças decorrentes das atividades altamente depredadoras dos limites desse ecossistema: as atividades antropogênicas ligadas à mineração. Pois bem! Essas atividades, por si só, já inserem grandes excedentes de elementos físicos (grandes volumes de rejeitos da mineração), os quais possuem em sua composição uma enorme quantidade de elementos químicos (naturais e sintéticos) estranhos a estes ecossistemas. O conjunto desses elementos interferem no fluxo energético desse ecossistema, rompendo seu equilíbrio e causando danos socioambientais quase que irreversíveis.
A recuperação desse ecossistema (Mariana e seu entorno) dependerá de intervenções técnicas milimetricamente planejadas, as quais somente surtirão efeito se levarmos em conta as variáveis naturais como a capacidade de auto recomposição dos corpos d’água envolvidos em um dado intervalo de tempo (que nunca será um intervalo inferior a 20 anos, na mais otimista das hipóteses). Então, a relação que devemos trabalhar para a minimização dos impactos provocados pela tragédia de Mariana pode ser sintetizada na seguinte formulação: capacidade natural de auto regeneração dos corpos d’água/intervalo de tempo (20 a 30 anos)          


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

ENGENHARIA AMBIENTAL: Uma profissão para o “hoje”, não mais para o futuro!

Foto: Tragédia de Mariana/MG (2015)             Fonte: Estado de Minas (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
A tragédia de Mariana (MG) nos serve para que façamos importantes reflexões acerca do campo das Ciências Ambientais, em especial, da Engenharia Ambiental. Frequentemente, presenciamos em nosso dia a dia, uma angústia por parte de diversos alunos da Engenharia Ambiental sobre o campo de trabalho, sobre a profissão da área ambiental, tais como, é uma profissão nova ou o mercado de trabalho é restrito, dentre outras angústias e inquietudes.
Porém, ao mesmo tempo, verificamos o forte impacto socioambiental sobre a sociedade e o conjunto dos recursos naturais, por falta de planejamento de setores que aplicam tecnologias incorretas em casos e lugares incorretos. Aí, nesses momentos, nesses casos, vemos a essencialidade e a centralidade do trabalho do Engenheiro Ambiental, especialmente em tempos que para muitos interessam apenas a quantidade dos produtos postos no mercado, em detrimento de sua qualidade e das ações de planejamento que essa qualidade requer por parte dos setores responsáveis pela cadeia produtiva de bens e serviços.
Cabe, portanto, à Engenharia Ambiental tirar as lições dos próprios fundamentos que a natureza nos brinda. Enquanto setores inteiros da ciência se preocupam em criar pequenas inovações, visando ao aumento quantitativo da produção, existem lacunas inteiras que precisam ser preenchidas por profissionais compromissados com a qualidade dos serviços prestados, com ações simples de prevenção de riscos e ou minimização de impactos que até poderiam ser evitados se os profissionais se preocupassem com o termo “Planejamento sócio/urbano/ambiental”.
Então, percebe-se que o campo da Engenharia Ambiental cresce e se alarga, assume mais centralidade, na medida em que ações descompensatórias e irresponsáveis são descarregadas obre a natureza e seus recursos. Cabe aos profissionais do campo da Engenharia Ambiental mostrar seu diferencial, apontando soluções embasadas em ações simples e mitigadoras dos graves problemas que a sociedade moderna tanto reclama. Pois, afinal de contas, a complexidade ambiental e constituída da interconexão e encadeamento de elementos extremamente simples e singulares. Portanto, a palavra de ordem é prevenir, por intermédio de estudos sérios de avaliação de impactos socioambientais das ações produzidas pela ciência sobre os recursos naturais. Se esta lógica preventiva estivesse na centralidade do planejamento das ações da tecnologia humana, possivelmente tragédias como a de Mariana (MG) poderiam ser evitadas e, consequentemente, vidas humanas seriam poupadas.