Foto: Bence Viola |
Por NTV
O minúsculo osso de um dedo do pé de
uma mulher Neandertal que viveu há cerca de 50 mil anos revela que algumas
linhagens humanas primitivas se miscigenaram antes que um único grupo, o
"Homo sapiens", ascendesse e dominasse os demais. O osso fornece a
última peça de um projeto lançado em 2006 pelo antropólogo evolutivo europeu
Svante Paabo de usar um DNA antigo para rastrear a odisseia humana.
Em estudo publicado na quarta-feira
(18) na revista científica "Nature", uma equipe reportou que o osso
adiciona um conhecimento genético extraordinário sobre os nossos primos, os
Neandertais, que desapareceram cerca de 30 mil anos atrás. Os cientistas compararam
o genoma com aqueles de dois outros grupos humanos que compartilharam o planeta
na mesma época. Eram eles os Denisovanos - outro subgrupo misterioso, que teve
vestígios descobertos na Sibéria - e os "Homo sapiens", como são
chamados os Homens anatomicamente modernos.
A comparação aponta para a
miscigenação - o "fluxo genético" na linguagem científica - entre os
três grupos, embora sua extensão tenha sido limitada. Entre 1,5% e 2,1% dos
genomas dos humanos atuais podem ser atribuídos aos Neandertais, revelou o
estudo. A exceção são os africanos, que não têm contribuição dos Neandertais.
"Não sabemos se a miscigenação
aconteceu uma vez, onde um grupo de Neandertais se misturou com os humanos
modernos, se não voltou a acontecer ou se os grupos viveram lado a lado, e se
houve miscigenação por um período prolongado", afirmou Montgomery Slatkin,
professor da Universidade da Califórnia em Berkeley. Os Denisovanos também
deixaram sua marca no Homem moderno. Estudos anteriores revelaram que cerca de
6% dos genomas dos aborígines australianos, dos neoguineanos e alguns povos
insulares do Pacífico vieram deste grupo.
A nova análise revelou que os genomas
da etnia Han, majoritária na China, e de outras populações asiáticas, assim
como dos nativos americanos, contêm cerca de 0,2% de genes dos Denisovanos. Os
Neandertais, por sua vez, contribuíram com pelo menos 0,5% de seu DNA com os
Denisovanos. Segundo o novo estudo, os dois grupos têm um passado genético
intrigante. Cerca de 5% do genoma dos Denisovanos vêm de algum antepassado mais
antigo. Uma hipótese é que este antepassado é o "Homo erectus",
segundo Kay Pruefer, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em
Leipzig, Alemanha, que chefiou a comparação.
Disponível em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/12/osso-de-neandertal-reforca-tese-de-miscigenacao-entre-primitivos.html
Acesso em: 31 de janeiro de 2014.