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domingo, 13 de maio de 2018

A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES SERÁ OBRA DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES

Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2018)


Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Este título é uma célebre frase de Karl Marx e Friedrich Engels do “Manifesto Comunista” de 1848 e serve de fio condutor para a elaboração destas breves linhas acerca do Dia do Trabalhador. Mas, para iniciar esta singela reflexão, convoco a memória dos mártires de Chicago (EUA) que no dia 1º de maio de 1886 construíram a grande greve geral cuja reivindicação central foi a redução da jornada de trabalho de 13 para 08 horas diárias. O assassinato dos operários de Chicago é o símbolo máximo da luta e da resistência da classe operária, o qual é relembrado no dia 1º de maio em todo o mundo. Dessa forma, o dia 1º de maio nunca foi uma data festiva, entretanto, tornou-se uma data de reflexão para o conjunto dos trabalhadores sobre sua ação na luta de classes acerca de seus avanços, refluxos, formas de organização, com vistas à construção de seu enfrentamento às forças reacionárias que marcam o domínio do capital sobre o trabalho.
Nestes tempos d’agora, marcados fundamentalmente pela ofensiva neoliberal em todas as regiões do globo, presenciamos o tensionamento da relação capital-trabalho, com o acento posto sobre o capital, isto é, assistimos as mais cruéis ofensivas generalizadas das forças destrutivas do capital sobre o mundo do trabalho e de todos os que vivem dele. A ofensiva neoliberal por intermédio de seus ajustes políticos e econômicos destroçam uma a uma todas as parcas conquistas secularmente consagradas pelas lutas heroicas da classe explorada em nível mundial. E, no Brasil isto não é diferente.
Em nosso país em particular, o golpe de 2016 que destituiu a presidente Dilma Rousseff, democraticamente eleita pela classe trabalhadora e pelo conjunto dos explorados desta nação é apenas a ponta do iceberg da ofensiva neoliberal em território brasileiro. Os desdobramentos decorrentes do golpe de Estado implantado em nosso país trazem consequências cruéis, desumanas para o conjunto dos trabalhadores do Brasil. O governo golpista tratou de seguir à risca a cartilha dos princípios neoliberais: rasgou e jogou no lixo a Constituição Federal de 1988, sucateou e privatizou o que restava de nossas empresas estatais, destruiu as conquistas trabalhistas historicamente arrancadas na luta de classes pelo conjunto dos explorados, desmontou a educação e saúde públicas e deu passos gigantescos para o desmonte da previdência social.
Neste sentido, este primeiro de maio exige uma reflexão profunda de todos os setores explorados do Brasil e do mundo. Exige um repensar sobre o sentido de pertencimento de classe dos trabalhadores, explorados e marginalizados deste modelo cruelmente excludente de sociedade. Exige a busca de ações práticas que visem acumular forças para a organização da resistência contra a ofensiva nazifascista que brota em todos os cantos do planeta, inclusive em terras brasileiras. Demanda uma retomada da consciência de classe no sentido de organizar ações que objetivem a superação da ofensiva neoliberal e seus pacotes de ajustes econômicos.
E para arrematar, presenciamos ainda, dentre muitos assassinatos de trabalhadores (as), ao assassinato brutal de Marielle Franco (RJ), à criminalização dos movimentos sociais e à prisão à revelia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A prisão de Lula é uma tentativa final de destruição de toda a simbologia da luta dos trabalhadores brasileiros pelas forças destrutivas do capital.
As questões e bandeiras de lutas legítimas, porém fragmentadas, tais como as lutas das minorias, de gênero, etnias, dos ativistas que lutam contra todas as formas de discriminação e preconceito, da luta pela terra, moradia, dentre outras, devem buscar firmemente o caminho da unificação para a resistência aos desmandos do neoliberalismo. Estas reivindicações somente serão resolvidas com a superação da exploração do homem pelo próprio homem, ou seja, pela superação do Estado capitalista. Nunca estiveram tão atuais as últimas palavras do Manifesto Comunista de 1848: “Proletários de todo o mundo uni-vos”. Pensemos sobre isto neste primeiro de maio de 2018.