Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2018) |
Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Este título é uma célebre frase de Karl
Marx e Friedrich Engels do “Manifesto Comunista” de 1848 e serve de fio
condutor para a elaboração destas breves linhas acerca do Dia do Trabalhador.
Mas, para iniciar esta singela reflexão, convoco a memória dos mártires de
Chicago (EUA) que no dia 1º de maio de 1886 construíram a grande greve geral
cuja reivindicação central foi a redução da jornada de trabalho de 13 para 08
horas diárias. O assassinato dos operários de Chicago é o símbolo máximo da
luta e da resistência da classe operária, o qual é relembrado no dia 1º de maio
em todo o mundo. Dessa forma, o dia 1º de maio nunca foi uma data festiva,
entretanto, tornou-se uma data de reflexão para o conjunto dos trabalhadores
sobre sua ação na luta de classes acerca de seus avanços, refluxos, formas de
organização, com vistas à construção de seu enfrentamento às forças
reacionárias que marcam o domínio do capital sobre o trabalho.
Nestes tempos d’agora, marcados
fundamentalmente pela ofensiva neoliberal em todas as regiões do globo,
presenciamos o tensionamento da relação capital-trabalho, com o acento posto
sobre o capital, isto é, assistimos as mais cruéis ofensivas generalizadas das
forças destrutivas do capital sobre o mundo do trabalho e de todos os que vivem
dele. A ofensiva neoliberal por intermédio de seus ajustes políticos e
econômicos destroçam uma a uma todas as parcas conquistas secularmente
consagradas pelas lutas heroicas da classe explorada em nível mundial. E, no
Brasil isto não é diferente.
Em nosso país em particular, o golpe de
2016 que destituiu a presidente Dilma Rousseff, democraticamente eleita pela
classe trabalhadora e pelo conjunto dos explorados desta nação é apenas a ponta
do iceberg da ofensiva neoliberal em território brasileiro. Os desdobramentos
decorrentes do golpe de Estado implantado em nosso país trazem consequências
cruéis, desumanas para o conjunto dos trabalhadores do Brasil. O governo
golpista tratou de seguir à risca a cartilha dos princípios neoliberais: rasgou
e jogou no lixo a Constituição Federal de 1988, sucateou e privatizou o que
restava de nossas empresas estatais, destruiu as conquistas trabalhistas
historicamente arrancadas na luta de classes pelo conjunto dos explorados,
desmontou a educação e saúde públicas e deu passos gigantescos para o desmonte
da previdência social.
Neste sentido, este primeiro de maio
exige uma reflexão profunda de todos os setores explorados do Brasil e do
mundo. Exige um repensar sobre o sentido de pertencimento de classe dos
trabalhadores, explorados e marginalizados deste modelo cruelmente excludente
de sociedade. Exige a busca de ações práticas que visem acumular forças para a
organização da resistência contra a ofensiva nazifascista que brota em todos os
cantos do planeta, inclusive em terras brasileiras. Demanda uma retomada da
consciência de classe no sentido de organizar ações que objetivem a superação
da ofensiva neoliberal e seus pacotes de ajustes econômicos.
E para arrematar, presenciamos ainda,
dentre muitos assassinatos de trabalhadores (as), ao assassinato brutal de
Marielle Franco (RJ), à criminalização dos movimentos sociais e à prisão à
revelia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A prisão de Lula é uma
tentativa final de destruição de toda a simbologia da luta dos trabalhadores
brasileiros pelas forças destrutivas do capital.
As questões e bandeiras de lutas
legítimas, porém fragmentadas, tais como as lutas das minorias, de gênero,
etnias, dos ativistas que lutam contra todas as formas de discriminação e
preconceito, da luta pela terra, moradia, dentre outras, devem buscar
firmemente o caminho da unificação para a resistência aos desmandos do
neoliberalismo. Estas reivindicações somente serão resolvidas com a superação da
exploração do homem pelo próprio homem, ou seja, pela superação do Estado
capitalista. Nunca estiveram tão atuais as últimas palavras do Manifesto
Comunista de 1848: “Proletários de todo o mundo uni-vos”. Pensemos sobre isto
neste primeiro de maio de 2018.