A Rosa Vermelha
Valter Machado da Fonseca
Eu vi a semente no solo, vi água abundante;
Vi o solo rachando, a planta nascendo, crescendo...
Das folhas frágeis, do broto débil, delicado e sutil;
Desabrocha a rosa vermelha, da cor da centelha.
O mesmo fogo matreiro destrói a essência da vida;
A terra outrora fecunda, agora imunda, terra sofrida!
Senti o pé da criança que gerou a esperança;
Um futuro perfeito, do amor satisfeito.
Senti o olhar do felino espreitando o destino.
Senti o olfato do cão que afugenta o ladrão;
O olhar satisfeito do mesmo sujeito;
Que plantara a semente da rosa vermelha, da cor da centelha.
O mesmo solo fecundo, agora imundo, esconde a maldade;
O tempo esquecido, o planeta aquecido, a chama cortante;
A fumaça escura, que esconde o luar, apaga as estrelas;
Transformando a noite de aquarela, em apenas mais uma tela;
Vazia, nua, sem cores, difamando os amores, realçando os odores.
O lodo fétido, contaminado e desbotado, na chama da vela.
Hoje tudo é árido, desértico, insuportável.
O mesmo sol que aquecia a flor espalha o odor;
Da carne perdida, dos corpos putrefatos, sem vida...
O vento que acaricia a pele e afasta o calor;
Agora traz a tormenta, causa o terror, espalha a dor.
Da criança que gerou esperança, só resta o pavor.
A rosa vermelha bela e radiante... tão distante!
Só existe na memória, na lembrança constante, do eterno retirante.
A rosa vermelha, moderna, virou cogumelo;
De cor escura, espalha a loucura, a morte sofrida.
No solo onde vi a semente, apenas mais uma cova.
Inscrito na cruz, reluz a mensagem...
Aqui jaz a rosa vermelha, do tempo da terra “selvagem”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário