Ontem [25/01/2012], enquanto a TV anunciava o desabamento dos edifícios no centro do Rio de Janeiro [nas proximidades do Teatro Municipal], me dei conta de quanto a vida humana é irrisória. Passou-me pela mente um verdadeiro filme. Recordei do grande incêndio do edifício Joelma (SP) em 1974, da queda das torres gêmeas em 2001 e de diversos outros eventos e catástrofes fatais ocorridos pelo mundo afora.
A lembrança dessas catástrofes me trouxe importantes reflexões acerca da insignificância da vida humana. Aí, fiquei me perguntando quantas pessoas estariam, naquele exato instante, em um quarto de hospital em estado terminal. Outros, naquele mesmo instante, não estariam lutando com todas suas forças contra a morte, talvez vitimados por alguma moléstia fatal? Quantos, naquele exato instante, não estariam sendo vitimados por algum acidente também fatal em algum ponto de alguma estrada do Brasil e/ou do mundo? Muitas vezes deixamos fluir nossa arrogância diante de outrem, como se fôssemos eternos, como se não estivéssemos, a todo instante, à beira dos caminhos, trilhas e precipícios, que fatalmente levariam à morte. Quantas vezes não escapamos de uma fatalidade por um triz, sem nos darmos conta de quão próximos estivemos do fim da linha? Estas catástrofes servem também para que façamos reflexões sobre a vida, o mundo e o lugar que ocupamos nele.
Nós, enquanto seres humanos, somos providos de sentimentos e emoções. Somos providos da capacidade de sonhar, da capacidade de traçarmos projetos de vida e de consumo. Quantas vezes não traçamos nossos sonhos sem colocar neles outros seres humanos? Quantas vezes não transferimos para os nossos próprios sonhos o nosso egoísmo, excluindo deles pessoas que nos são caras, que compartilham conosco de toda uma vida? Como seres humanos somos providos de uma coisa chamada “consciência”. E esta consciência não se forma de maneira individual, mas, pelo contrário, se forma em interação com outros seres humanos em um processo coletivo, por meio de nossas ações no mundo, mediadas por relações sociais. É impossível, para um ser humano “normal” construir sua vida, seus sonhos, seus projetos de mundo e de vida na mediocridade da individualidade. O homem é um ser social por excelência! Mas, muitas vezes nos esquecemos deste detalhe. Em grande parte das vezes, só nos lembramos disso em momentos de desgraça, de catástrofes, de desespero.
Essas catástrofes e fatalidades do cotidiano servem, perfeitamente, para nos lembrarmos que a vida deve ser degustada a cada minuto como se ele fosse o último. Deve ser apreciada como se fosse um vinho de safra especial, deve ser saboreada sentindo todas as emoções em cada gole. É importante dizermos às pessoas que amamos [e às que odiamos] tudo que temos para dizer, pois, estamos sujeitos a, repentinamente, não possuirmos mais a oportunidade para tal, pois [como dizem os mais velhos], a vida não passa de um sopro.
Voltando às catástrofes repentinas devemos refletir: quantas pessoas soterradas não tinham diversos projetos de vida? Quantos não nutriam dentro de si, sonhos maravilhosos que poderiam ter sido colocados em prática? Mas, talvez por alguma razão banal, não tenham sido deixados de lado? Meus (minhas) caros (as) leitores (as)! Na vida, grande parte das oportunidades não se repete! Por isso, devemos [sempre] aproveitá-las da melhor forma possível. É tão simples dar um telefonema. É tão simples dar um sorriso para um amigo, para um parente, para um vizinho ou até mesmo para uma pessoa que não conhecemos. É tão simples perdoar! Pense sobre isto, pois, de repente você pode não ter nunca mais a oportunidade para isso. Talvez venhamos a sucumbir sem jamais ter saboreado o doce perfume do perdão. Devemos ter a percepção que mesmo que não sejamos sepultados por uma fatalidade, podemos ser sepultados em nossa própria mediocridade, em nosso próprio egoísmo. A única condição necessária para que morramos é que estejamos vivos! Lembre-se sempre disso!