Outro dia, a TV mostrou a vida e o cotidiano dos haitianos que atravessam a fronteira na região de Rondônia (RO) para se refugiar no Brasil. Ela deu destaque à precariedade das condições de moradia, alimentação, saúde e higiene pelas quais passam estes refugiados na cidade de Porto Velho, capital de Rondônia. Ficam amontoados em abrigos e albergues precários, em locais sem nenhum saneamento básico e com alimentação altamente deficitária. A mídia me chamou a atenção sobre o descaso, o sensacionalismo, e a falta de seriedade com que são tratadas as vítimas das grandes catástrofes “naturais”, não somente em nosso país, mas em todas as partes do mundo.
Os haitianos que se amontoam clandestinamente em Rondônia são os mesmos que em 2010 foram vitimados pelas consequências do grande evento sísmico (terremoto) que assolou o Haiti naquele ano. Todos devem se lembrar que aquela catástrofe deixou atônita e mobilizou toda a opinião pública mundial. Campanhas fabulosas de solidariedade foram desencadeadas em diversas regiões do planeta em prol da população do Haiti. Hoje, menos de dois anos após a tragédia, a população daquele país já caiu no esquecimento. As tais campanhas de solidariedade, ao invés de alavancar ações que visassem pelo menos a minimizar a situação de intensa miséria daquele povo, só serviu para criar o sensacionalismo midiático visando puramente à venda de notícias, enriquecendo alguns poucos em detrimento de toda a população extremamente carente de um país.
No Brasil, a situação é a mesma quando se tratam das vítimas das grandes catástrofes climáticas que assolam diversas áreas de nosso imenso território. Foi assim com a catástrofe recente de Santa Catarina, com a tragédia climática da região serrana do Rio de janeiro em 2011 e vai ser assim com as vitimas da histórica inundação que hoje deixa debaixo d’água inúmeras cidades dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Há pouco tempo a mídia mostrou a situação de penúria dos vitimados de Santa Catarina, um ano após a tragédia. Poucos dias atrás a mesma imprensa destacou, inclusive mostrando fortes imagens, a situação dos sobreviventes do desastre climático da região serrana do Rio de Janeiro, que ainda não terminaram de contar seus mortos. O mais interessante é que todas essas tragédias foram marcadas por gigantescas campanhas de solidariedade, com arrecadação de agasalhos, alimentos e remédios [principalmente por parte da população] em resposta ao imenso sensacionalismo dado pelas fontes midiáticas, para, logo em seguida, cair no esquecimento. Não estou dizendo que as campanhas não devam ser feitas, mas, o que quero enfatizar é que as vítimas não necessitam de auxílio somente na época em que ocorrem as catástrofes, mas, sobretudo, necessitam de amparo e apoio para reconstruírem suas vidas, o que demanda a continuidade das ações, mesmo após os momentos mais agudos.
Por outro lado assistimos, em todos esses episódios de inigualável tristeza, que marcam a história de nosso povo, a demagogia e o descaso com que nossos governantes tratam tais acontecimentos. Esse descaso ocorre tanto em nível nacional, quanto estadual e municipal. Verificamos o desvio de recursos financeiros, originalmente destinados ao amparo às vítimas, visando favorecer as benesses políticas de ministros, senadores, deputados, prefeitos e, por incrível que pareça, até de vereadores. Estes senhores se aproveitam, vergonhosamente, da desgraça dos setores mais carentes da população, para engordar seus já abarrotados bolsos e fortalecer seus currais eleitorais. Caros (as) Leitores (as)! É chegado o momento de nosso povo dar um basta nesta corrupção grotesca e vergonhosa que assola nosso país. Não dá mais para conviver com este tipo de situação, como se nada tivesse ocorrendo. O povo brasileiro precisa exigir a verdadeira ética de nossos dirigentes. Ética que a grande maioria dos politiqueiros de plantão repete nos palanques eleitorais sem saber sequer seu real significado. Pobres coitados dos haitianos que querem, a todo custo, fugir da miséria e sofrimento de seu país, refugiando-se no Brasil. Mal sabem eles que o verdadeiro Haiti é aqui!
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