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Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2015) |
Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
A consciência, seu conceito e significado
vêm se perdendo no vazio, no “buraco negro” da inexistência do “ser”, em um
mundo regido pelo capital, autofágico, pelo “ter” decorrente de uma lógica “ilógica”
da apropriação do corpo e do espírito humanos pela mais-valia capitalista.
Em Marx, não é a consciência que
determina o ser, mas, inversamente, é o ser social que determina a consciência.
Cientes disso, os mentores do capital tentam, ininterruptamente, a subversão da
lógica do enunciado de Marx. E para que não se formem consciências, as quais
superem as contradições do sistema regido pelo capital, esses atores das
estratégias de produção e reprodução do capital agem sobre o “social”. A
destruição das bases de formação, da percepção do próprio homem enquanto ser
social, ou seja, as bases das dimensões do social são destruídas para que não
se formem consciências, pois, elas (as consciências) em sua ação prática no
mundo podem superar as contradições do modo de produção capitalista e
soterrá-lo no próprio escombro das ruínas de suas contradições.
Definitivamente, o capital age sobre
todas as dimensões do social com vistas a impedir que o homem enquanto ser
social não perceba seu próprio potencial de transformação das condições
medíocres e da cruel realidade em que vive. Esta é a lógica das estratégias de
ação do liberalismo (ou neoliberalismo) sobre o processo de construção da
consciência de classe de todos os explorados e marginalizados do mundo. As forças
oriundas do neoliberalismo agem sobre o coletivo dos explorados,
fragmentando-o, atomizando-o de forma que os trabalhadores e demais
marginalizados percam a noção de pertencimento de classe. Isto se vê claramente
em tempos de barbárie como os que estamos atravessando.
Assim, cabe ao conjunto dos oprimidos e
marginalizados, a reconquista de sua unidade enquanto classe social. E isto
somente será possível se, e somente se, homens, mulheres e jovens buscarem os
valores da reconstrução de sua dimensão social. Isto significa, em todos os
instantes de nossa vida, lutarmos ferrenhamente contra todas as formas de
dominação arquitetadas pelas forças destrutivas do capital. Somente nesta
perspectiva, somente nesta direção, homens, mulheres e jovens trabalhadores
serão capazes de travar o verdadeiro combate contra a destruição das dimensões
sociais do ser neste mundo (das dimensões ontológicas do homem enquanto ser
social) e, nesta medida, criar os obstáculos e resistências que possam impedir
a coisificação da consciência humana e a reconquista da autonomia e da
identidade de classe.
Somente na perspectiva classista, da
consciência de sua própria condição de oprimido, de explorado pelas forças
destrutivas do capital, o homem será capaz de romper os elos das correntes de
sua escravidão. O que significa a luta permanente e unificada contra todas as
formas de opressão e dominação, mas, para isso, se faz necessária a
reconstrução das bases de nossa consciência enquanto seres sociais, que, em
grande parte das vezes, estão corroídas pela acidez das forças destrutivas do
capital sobre a identidade da totalidade dos explorados na sociedade de
classes.