Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2014) |
Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
É notório que o discurso
predominante no âmbito do debate educacional brasileiro passa, necessariamente,
pela formação do educando com vistas à sua integração ao mercado de trabalho, o
qual é regido sob a batuta do grande capital e seus mecanismos de controle e
regulação. Assim, sob esta perspectiva, a educação passa a reproduzir tal
discurso e a qualidade do ensino fica submetida ao crivo dos números
estabelecidos pelas metas e parâmetros que vão qualificar (ou desqualificar)
determinada instituição de ensino, desde a formação básica até a superior,
inclusive na pós-graduação. Embora, na sociedade moderna, sempre tenha existido
a corrente afirmativa da escola reprodutivista das tendências do mercado
capitalista, nos tempos d’agora esta afirmação se torna ainda mais contundente
diante da inferência da eficácia do ensino relacionada aos parâmetros
quantitativos (numéricos) criados pelos gestores da educação no Brasil e no
mundo.
Assim, a educação que vem sendo
sistematicamente ancorada e ajustada pelos mesmos mecanismos de regulação e
controle do sistema produtivo capitalista. Desta forma,, podemos afirmar que a
escola é um espelho (em proporções menores, mas com o mesmo grau de
intensidade) da correlação de forças existentes na sociedade sob o domínio da
hegemonia capitalista, marca indelével da sociedade dos tempos presentes.
Neste sentido, pensar a escola, os
projetos pedagógicos, os currículos, a relação ensino-aprendizagem, a formação
e o trabalho docente, demanda uma análise meticulosa dos parâmetros erigidos
pelo capital para medir a eficiência da educação e sua qualidade (sempre
diretamente vinculada e conectada com o sucesso ou insucesso do ensino voltado
para os mecanismos de regulação do mercado de capitais). Então, para que
possamos lograr êxito em nossas análises, é preciso a exta compreensão dos
movimentos conjunturais da sociedade de classes, combinados com o movimento
contínuo e infinitamente potencial da capacidade de evolução cognitiva de
educandos e educadores na busca de conceitos e parâmetros para a formação
integral do ser humano rumo a um processo de ensino-aprendizagem que seja capaz
de edificar um novo modelo educacional fora dos parâmetros numéricos
estabelecidos e para além do mercado regido pela mais-valia.
A escola foi pensada e organizada
dentro de um processo histórico de produção do conhecimento, onde este
conhecimento produzido sempre esteve sob o controle das elites
intelectualizadas e/ou daqueles que sempre detiveram o poder político e
econômico. Na origem da sociedade capitalista ela foi pensada e arquitetada
para difundir os conhecimentos da burguesia incipiente e que acabara de
ascender ao poder. Assim, a escola, como lugar privilegiado de aquisição,
sistematização e construção de conhecimentos e saberes, sempre esteve voltada
para as demandas e interesses dos dominantes, ou seja, sempre esteve a serviço
de uma determinada elite ou classe social.
Então, pensar a educação nos tempos
d’agora, demanda uma reflexão sobre a história e a origem da escola nos marcos
do domínio do capital. Demanda uma revisita aos fundamentos, conceitos,
necessidades e aspirações sobre os quais ela erigiu. Dizer, então, que a
educação é um ato político significa dizer que a educação não está divorciada
das características da sociedade; ao contrário, ela é determinada pela
sociedade na qual está inserida. Então, pensar a escola sob o viés ditado pela
política neoliberal é não se assumir de fato como educador e, como tal é
assumir-se como ser eminentemente político. Ao optar por um dos modelos
possíveis de escola, os atores educacionais desenvolvem um ato político. E isto
é fundamental para a formação da consciência individual e coletiva de nossos
(as) educandos (as).
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