Prof. Valter Machado da Fonseca (2019) |
Valter Machado da Fonseca
Repare como você está cansado, chateado
Repare ao redor, veja como o ar está pesado
Repare no amor, sinta no fundo sua dor
Repare na vida, na alegria plena da liberdade
Repare no velho, veja como o tempo o maltratou
Repare o que você fez, como o sonho se acabou
Sinta a paz, sinta o cheiro de pavor
Sinta o carinho, a ternura sem rancor
Sinta a luz que ilumina o quarto escuro
Sinta o ar parado, o homem cego atrás do muro
Sinta o sentimento, a brisa fresca do fim do dia
Sinta o desespero, o canto triste da agonia.
Veja a proposta inacabada, do velho camarada
Veja as manchetes dos jornais, que condenam os marginais
Veja a onda de calor que salta dos olhos do infrator
Veja a multidão em romaria, vai em busca de esperança
Veja a moça triste na janela à espera do amante
Veja a seca na caatinga que apressa o retirante
Olhe para o alto, a presença, o grito, o lamento
Olhe para baixo, o fundo do poço, o vazio, o tormento
Olhe para o lado, tem alguém que te repara
Olhe adiante, sinta a distância que nos separa,
Sinta, veja, olhe, repare... vá em frente, nunca pare
Cansado, chateado, condenado, desesperado..., nunca pare
No alto, em baixo, ao lado..., sempre tem alguém
Com esperança, com amor, com sentimento, em romaria
Agora, reflita, feche os olhos... pense no sonho acabado
Lembre-se do amante, da moça triste na janela
Fuja da seca, se apresse, acompanhe o retirante
Na distância que separa sempre tem alguém que te repara
Do fundo do poço, de trás do muro, saia, se levante
Na multidão em romaria, sempre tem alguém que segue adiante.