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sexta-feira, 11 de março de 2011

A TERRA “EM TRANSE” SACODE O JAPÃO

Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca*
Mais uma vez o arquipélago que dá origem ao território japonês é sacudido por um forte abalo sísmico estimado em 8,9 graus na Escala Richter. O terremoto foi classificado pelos cientistas da NASA como o 7º do mundo em magnitude e o mais forte ocorrido no Japão até os dias atuais.  O evento sísmico ocorreu devido à posição geográfica ocupada pelo conjunto de ilhas que compõem o território japonês. Ele se localiza exatamente num ponto onde existe uma grande confluência de placas tectônicas, como a placa oceânica do Pacífico e a placa da Ásia. Normalmente os principais eventos sísmicos que abalam o Japão ocorrem em decorrência de choques entre placas tectônicas. O Japão situa-se na principal zona de ocorrência de eventos sísmicos em todo o planeta: o “Círculo do Fogo”.
“Círculo do fogo” é a nomenclatura dada à região submetida a intensas e frequentes atividades sísmicas e vulcânicas que circunda a região onde se situa a placa tectônica do Oceano Pacífico. Essa zona é circundada pela junção de várias outras placas tectônicas, como Nazca, Filipinas, de Cocos, Antártida, norte-americana e Indo-australiana, englobando, ainda uma pequena porção da borda da placa da Eurásia. As junções dessas placas originam movimentos geotectônicos, que dão origem a intensas atividades de vulcanismo e terremotos. E o Japão se localiza exatamente na posição de junção dessas placas.
Como o epicentro do terremoto japonês ocorreu no Pacífico, ou seja, no interior do oceano [há 320 km do continente], o evento provocou um grande turbilhão [com grande liberação de energia] no assoalho do Oceano Pacífico, o que provocou o surgimento de diversos Tsunamis consecutivos, que se reproduziram, ainda que em menor intensidade, em diversos pontos da Terra. Isto ocorre porque esta energia é transmitida de uma placa à outra [como um efeito dominó], uma vez que as 14 placas tectônicas, nas quais se divide a crosta terrestre, estão em contato direto entre si.
Em que pese o sofrimento de centenas de famílias e pessoas vitimadas pela catástrofe em território japonês e, embora o evento sísmico seja um fenômeno natural, o acontecimento nos permite tirar algumas conclusões e lições importantes. Em primeiro lugar, é preciso compreender e perceber a ocorrência deste terremoto, como continuidade de uma série de eventos sísmicos que marcam o presente período geológico, a exemplo dos do ano passado, ocorridos no Chile e no Haiti. Aliados a esses eventos, os tempos atuais têm sido marcados, fundamentalmente, por grandes tornados, furacões, maremotos, nevascas, vulcanismos, enchentes e inundações em diversas regiões do planeta. Estes eventos geológicos e climáticos vêm demonstrar que a terra não se estabilizou. Pelo contrário, esta série de eventos chegou a deslocar o seu eixo em alguns graus. Além disso, é interessante ressaltar que estamos num período interglacial. Esta série de eventos pode significar indícios e sintomas seriamente graves, o que, fatalmente, podem levar a um diagnóstico catastrófico: o fim de mais uma era glacial.
É notório para os estudiosos das ciências da Terra, em especial os do campo da Geologia, que um instante geológico pode significar milhares e/ou centenas de anos no tempo cronológico normal, como também pode significar apenas algumas décadas em nosso calendário. O principal e também o mais catastrófico é que o fim de uma era glacial significa, com toda a certeza, também o fim de 98% das principais espécies de seres vivos e, dentre elas a raça humana. A nós, resta torcer para que este instante geológico dure, pelo menos dez mil anos, sob pena de vermos sucumbir toda a espécie humana, juntamente com sua tecnologia, sua ganância e irracionalidade, que tanto têm prejudicado o nosso planeta, ainda, azul.


* Escritor. Técnico em Mineração, Geógrafo pela UFU, Mestre e doutorando em Educação também pela UFU. Pesquisador da área de “Alterações climáticas”. Professor da Universidade de Uberaba – UNIUBE. machado04fonseca@gmail.com

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