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quarta-feira, 27 de abril de 2016

MEU VELHO (JOVEM) PAI!




Prof. Valter Machado da Fonseca
Senti vontade de escrever sobre meu “velho” pai e compartilhar com meus amigos alguns de seus ensinamentos. Digo velho, entre aspas, porque na verdade ele faleceu ainda jovem (com 47 anos de idade) em meus braços, vítima da tal “Doença de Chagas” causada pelo trypanosoma cruzi.
Pois bem! Ele era um sujeito “bronco” (no sentido de ter frequentado apenas o 3º ano de uma escola rural), porém, à sua maneira tinha uma filosofia de homem e de mundo. E como era bom com os números (fazia todas as operações, as mais complicadas apenas de memória). Era um sujeito sisudo, sereno, recatado, ouvia mais do que falava, entretanto, quando falava era cirúrgico. Era um homem de tradições: uma vez ficou sem falar comigo por seis meses porque ao voltar de férias de meus estudos, vim com os cabelos compridos. Mas, depois ele acostumou com a ideia. Naquela época, ainda se usava bater nas crianças por molecagens, trapaças e coisas erradas. E como eu apanhei de meu “velho” pai. Hoje sinto saudades daquelas surras.
Aos treze anos ele me chamou e disse que nunca mais me bateria. E cumpriu sua promessa! Porém, no lugar da surra vieram os conselhos e os sermões. Aí, quando ele dava seus sermões, a gente sentia uma tremenda saudade das surras! Ele era um cara disciplinado, vaidoso, andava sempre com um pente e um espelho no bolso da calça. Como eu digo sempre: hoje me lembro de seus sermões e conselhos e vejo como ele sempre teve razão. Um conselho que nunca me esqueço “o homem tem que fazer a coisa certa sempre e manter a coerência o tempo todo. E, não pense que é fácil manter a coerência a vida toda, pois, até o último instante da vida você tem a possibilidade de ser incoerente” (João Ferreira Machado, meu pai). Pois é, meus caros amigos e amigas! Este era meu jovem pai, morreu em meus braços sorrindo, como sempre, com um leve sorriso, disfarçado, dissimulado, no canto da boca. Quanta saudade eu sinto deste grande homem.

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