Prof.
Valter Machado da Fonseca
Senti
vontade de escrever sobre meu “velho” pai e compartilhar com meus amigos alguns
de seus ensinamentos. Digo velho, entre aspas, porque na verdade ele faleceu
ainda jovem (com 47 anos de idade) em meus braços, vítima da tal “Doença de
Chagas” causada pelo trypanosoma cruzi.
Pois
bem! Ele era um sujeito “bronco” (no sentido de ter frequentado apenas o 3º ano
de uma escola rural), porém, à sua maneira tinha uma filosofia de homem e de
mundo. E como era bom com os números (fazia todas as operações, as mais
complicadas apenas de memória). Era um sujeito sisudo, sereno, recatado, ouvia
mais do que falava, entretanto, quando falava era cirúrgico. Era um homem de
tradições: uma vez ficou sem falar comigo por seis meses porque ao voltar de
férias de meus estudos, vim com os cabelos compridos. Mas, depois ele acostumou
com a ideia. Naquela época, ainda se usava bater nas crianças por molecagens,
trapaças e coisas erradas. E como eu apanhei de meu “velho” pai. Hoje sinto
saudades daquelas surras.
Aos
treze anos ele me chamou e disse que nunca mais me bateria. E cumpriu sua
promessa! Porém, no lugar da surra vieram os conselhos e os sermões. Aí, quando
ele dava seus sermões, a gente sentia uma tremenda saudade das surras! Ele era
um cara disciplinado, vaidoso, andava sempre com um pente e um espelho no bolso
da calça. Como eu digo sempre: hoje me lembro de seus sermões e conselhos e
vejo como ele sempre teve razão. Um conselho que nunca me esqueço “o homem tem que
fazer a coisa certa sempre e manter a coerência o tempo todo. E, não pense que
é fácil manter a coerência a vida toda, pois, até o último instante da vida
você tem a possibilidade de ser incoerente” (João Ferreira Machado, meu pai).
Pois é, meus caros amigos e amigas! Este era meu jovem pai, morreu em meus
braços sorrindo, como sempre, com um leve sorriso, disfarçado, dissimulado, no
canto da boca. Quanta saudade eu sinto deste grande homem.
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