Foto: A luz no fim do túnel. Fonte: hals-hals.blogspot.com |
Bons ventos indicam uma nova tendência cultural em nível global! Isto fica notadamente evidenciado se dermos uma passada de olhos nos principais eventos culturais que marcam este início de ano: o carnaval brasileiro e o Oscar 2012.
O carnaval brasileiro, diferentemente de sua linha puramente consumista dos últimos anos, tanto no sambódromo paulistano como na Marquez de Sapucaí no Rio de Janeiro, levou para a avenida sambas-enredos que visam fazer um resgate das raízes culturais do Brasil. Parece mentira, mas é a pura realidade! O carnaval brasileiro [excetuando as cenas da apuração do desfile de São Paulo] encheu nossos olhos com belíssimos sambas que narraram também maravilhosos enredos. Em São Paulo vimos sambas-enredos que contaram a história do movimento tropicalista e da obra do grande escritor baiano Jorge Amado. Na Marquez de Sapucaí ficamos maravilhados com enredos que retrataram a realidade nordestina, os antigos musicais, a magnífica trajetória de Clara Nunes, a influência da cultura africana [angolana] na história do povo brasileiro, a literatura de cordel, dentre outros sambas belíssimos. E a justiça foi feita, em toda sua plenitude, com a escola “Unidos da Tijuca” sagrando-se campeã do carnaval carioca de 2012 com um grande samba-enredo que homenageou o magnífico poeta e compositor Luiz Gonzaga. Uma justíssima homenagem às legítimas raízes da música popular brasileira.
Seguindo o mesmo caminho, vemos os principais filmes indicados ao Oscar 2012 saírem finalmente da linha consumista na opção pelo resgate das raízes legítimas da sétima arte. Esta tendência fica claramente evidenciada quando observamos entre a lista dos principais indicados ao Oscar deste ano, releituras belíssimas de grandes enredos cinematográficos, a exemplo da película de Martin Scorsese “A invenção de Hugo Cabret”, que pela primeira vez faz uma opção clara por um enredo infanto-juvenil. Vemos ainda enredos importantíssimos como películas que fazem uma releitura da história de Marilyn Monroe, outra da época do cinema mudo retratado nos conflitos e contradições vividos pelo personagem do filme “O Artista” e na presença de filmes como “Rio” que coloca em relevo os debates sobre as principais temáticas ambientais da atualidade.
Os conteúdos evidenciados nestes dois eventos de envergaduras mundiais colocam à nossa frente indagações tais como: Será que finalmente está ocorrendo um novo despertar cultural no planeta? Será que a humanidade, finalmente, está se despertando contra a superficialidade e a banalidade do consumismo, marca indelével de uma sociedade em estado de putrefação? Será que finalmente a humanidade está se despertando em busca dos valores humanos que há tempos vinham se perdendo em função de uma cultura que se transforma paulatinamente em mercadoria? Será que estes novos traços evidenciados nestas manifestações culturais estão indicando a possibilidade de um novo paradigma que venha livrar a humanidade da barbárie?
Caros (as) Leitores (as)! Nesses novos tempos modernos, torna-se muito difícil verificar qualquer fio de esperança. Tomara que esta nova tendência evidenciada nestes eventos culturais seja potente o suficiente para reacender a chama da esperança e forte o bastante para apontar para a humanidade novos caminhos que a livrem da autodestruição. Tomara que estes novos traços culturais tenham vindo para nos mostrar que outro modelo de sociedade é possível, que outro mundo é possível. Que o homem ainda possa ter esperança de conquistar pelo menos um “fio de felicidade”, nem que seja por apenas um breve momento na história das civilizações.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e doutorando pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (Uniube). machado04fonseca@gmail.com