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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

STRESS E DEPRESÃO: DOIS GRANDES MALES DO SÉCULO XXI

Fonte: hypescience.com


Valter Machado da Fonseca*

Em tempos passados, os termos “stress” e “depressão” eram totalmente desconhecidos da literatura científica e mesmo na vida cotidiana do povo comum em todas as partes do mundo. Por que será que a partir do final do século passado e, principalmente agora neste início do século XXI estes termos são utilizados com tanta freqüência? Será apenas mais um modismo? Não! Certamente não! Coincidentemente, estes termos atingem seu ápice juntamente com o avanço espetacular das tecnologias. Podemos dizer que se tratam das novas enfermidades. São as novas enfermidades do século XXI.

Quando surgiram estas novas modalidades de doenças chegou-se a afirmar que se tratavam de enfermidades ligadas aos setores mais ricos da população mundial e/ou a parcelas da dita “alta classe média”. Difundiu-se a máxima que isto era “frescura” ou “doença de rico”. Nos tempos mais remotos, a nossa tão conhecida e famosa “dor de cabeça” era o sintoma mais conhecido de cansaço mental. Logo que ela surgia muito se ouvia: você está cansado! Você anda trabalhando demais. Pois bem! Hoje, a nossa tão conhecida “dor de cabeça” persiste. Só que agora, ela vem associada ao stress e, geralmente, à depressão. Mais quais serão os reais motivos do stress e da depressão?

Pesquisas científicas em vários campos do conhecimento científico têm relacionado estas novas moléstias às consequências das tecnologias cada vez mais avançadas. Nos últimos anos, humanidade tem sido submetida a uma altíssima carga de efeitos e consequências dos avanços tecnológicos da sociedade moderna, ou como preferem algumas correntes, aos efeitos da modernidade. Os sonhos, projetos e desejos inerentes do ser humano, vêm sendo substituídos [em doses homeopáticas] por sonhos, projetos e desejos artificiais e fictícios. Antigamente, a tecnologia era voltada para o atendimento dos anseios e necessidades primárias e/ou secundárias da humanidade. Então, produziam-se mercadorias para sanar as necessidades de, pelo menos uma parcela da humanidade.

Hoje, ao contrário dos tempos pretéritos, fabricam-se os produtos e mercadorias para depois se criar as necessidades. Ou seja, fabricam-se produtos sem nenhuma significação para a vida humana e depois, com o auxílio de inúmeras e potentes ferramentas de marketing, convencem a população sobre as necessidades de consumir ou adquirir aqueles produtos. Invertem-se a lógica: primeiro cria-se o produto, depois cria-se artificialmente a necessidade. Aliado a tudo isso, a denominada “Globalização econômica” se consolidou por meio do desenvolvimento extraordinário dos meios de transportes, das telecomunicações, da engenharia genética e da informática, com ênfase para a altíssima evolução da Rede Mundial de Computadores (Internet) que conecta bilhões de seres humanos em frações de segundos. Não estou dizendo com isso que devamos ignorar ou descartar as novas tecnologias ou “promover uma volta à idade das cavernas”. O que defendo é a necessidade do bom senso no uso dessas tecnologias, de saber selecioná-las, de não nos deixarmos ser tragados, engolidos por elas.

Hoje, convivemos com um número gigantesco de informações veiculadas em altíssima velocidade. Estamos constantemente submetidos a altas dosagens de agrotóxicos, pesticidas, herbicidas e hormônios. Estamos constantemente sendo bombardeados por engarrafamentos de trânsito, pela vida corrida, pela poluição sonora e visual em altíssimo grau. Tudo isso acompanhado de perto pelos também exorbitantes índices de violência urbana. Grande parte da população [em especial uma grande parcela da juventude] passa seus horários de lazer em frente a um computador ou então consumindo enlatados em grandes Shoppings Centers. Perdemos, quase por completo, o contato com a natureza real. Trocamos o natural pelo artificial. Com isso, o homem se desumaniza! Estes são os principais agentes que os estudos apontam como causadores do stress e da depressão: os grandes males do século XXI. Na verdade, assistimos à clausura humana dentro da escuridão do fetiche tecnológico. O homem cada dia mais se torna refém de suas próprias criações. É o criador tornado-es prisioneiro de sua própria criatura. A humanidade se robotiza diante da sedução tecnológica, se enganando e “brincando de ser feliz”. Mal sabe ela que há tempos vem soterrando seus valores e a verdadeira felicidade nas montanhas de sucatas e rejeitos de sua própria tecnologia. Tecnologia pela qual se justificam guerras, se destroem valores morais, se brigam e se matam. É a humanidade sucumbindo diante de sua própria arrogância.     


* Escritor. Geógrafo, Mestre e doutorando pela UFU. Pesquisador e docente da Universidade de Uberaba (Uniube). machado04fonseca@gmail.com

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