Fonte: cerradoeeducação.com (2015) |
Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca
Depois
de muito tempo presenciamos a chegada da chuva abrindo o mês de setembro. É o
que os mais antigos diziam ser a “chuva da florada”. Há tempos atrás esta chuva
no início da mês de setembro significava, com certeza, o indício de uma boa
colheita. Aliás, naquele tempo, no início de setembro a terra já estava
preparada para receber a boa semente. Eu digo boa porque naquela época a
semente que se plantava era selecionada a partir da safra do ano que passou.
Hoje, o agricultor tem que comprar a semente de algum grande grupo agroquímico,
pois, do contrário a semente não irá germinar.
Como
eram bons aqueles tempos! A roça era cultivada sem insumos, pesticidas,
herbicidas ou quaisquer outros tipos de agrotóxicos. Deixavam a terra
descansar, faziam a rotação de culturas, o selecionamento das sementes e a
capina era manual. Porém, as roças de milho davam espigas de sabor adocicado,
de aroma natural e não trazia consigo o gosto adstringente dos agrotóxicos.
Mas,
o que tem a ver esta chuva que presenciamos nestes dias com as dos tempos de
outrora? Nada, absolutamente nada! Esta chuva que estamos presenciando não
significa nenhum indício de boa safra. Não indica fartura de água ou de
alimentos saudáveis. Trata-se apenas de uma boa chuva “fora do tempo” para os
dias de hoje. Infelizmente, nos tempos d’agora não temos mais a mesma certeza
dos roceiros antigos que previam a boa colheita e abundância de alimentos, ao
contrário dos tempos antigos, hoje já não podemos dizer absolutamente nada
diante de uma casual chuva de setembro. Também já não temos mais o belo cerrado
com sua rica flora para nos brindar com sua exuberante florada.
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