Fonte: Correio Braziliense (2015) |
Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca
Infelizmente, é preciso que
ocorram fatos desagradáveis, lastimáveis até, para que alguns setores da
ciência sejam valorizados. Hoje, grande parcela de estudiosos acredita piamente
que quaisquer problemas ambientais se resolvam por um artifício técnico
qualquer ou apenas por uma intervenção mecânica.
Antes de acreditarmos que os
problemas socioambientais, como a tragédia de Mariana (MG) possam ser resolvidos
por apenas uma intervenção técnica, é preciso que tiremos lições profundas das
leis que regem a dinâmica da natureza. Não se cura um paciente apenas aumentando
as doses do mesmo medicamento, é preciso distinguir os sintomas, analisá-los
para compreender o grau da doença e ministrar os procedimentos corretos para
sua cura. Muitas vezes, a pessoa nem precisaria estar doente se medidas
preventivas corretas fossem tomadas no tempo certo.
Assim também são os graves
problemas socioambientais que tanto angustiam a humanidade nos tempos
presentes. O que eu vejo de muito diferente na Engenharia Ambiental é que ela
possui as ferramentas para as devidas prevenções, o que poderá evitar muitas
tragédias como a que ocorreu em Mariana. O Engenheiro Ambiental tem ao alcance
de suas mãos, ferramentas tais como o zoneamento ambiental, as técnicas de
saneamento ambiental, os princípios para a execução de Estudos de Impactos
socioambientais (EISA), o que vai gerar os Relatórios de Impactos
socioambientais (RISA).
Além dos mais, este ramo das
engenharias possui os instrumentos para a prevenção de grandes impactos, como
introdução de espécies vegetais naturais, técnicas de manejo correto de uso e
ocupação de solos, técnicas sustentáveis de exploração dos recursos da
natureza, dentre diversos outros mecanismos de manejo e conservação de
ambientes, tanto naturais como antropizados. Assim, o que falta ao campo da
Engenharia ambiental é o devido reconhecimento da profissão por parte de
legisladores e autoridades, o devido respeito aos profissionais da área.
Portanto, a Engenharia Ambiental,
apesar de constituir-se em um dos mais novos campos das tecnologias aplicadas,
já mostra toda sua centralidade e toda sua relevância. Cabe somente aos
profissionais da área, acreditarem em seu próprio potencial, construindo seu
diferencial. Quem sabe, daqui há poucos anos, não sejamos poupados de medir
tantos estragos e contar tantas mortes, não somente da fauna, mas, sobretudo de
seres humanos. Reflitam sobre isso moçada!
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