Foto: imagens USP (2016) |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Da última vez que fui a São Paulo fiquei
indagando a mim mesmo sobre o significado de uma megalópole daquela
suntuosidade. Ao observar o emaranhado de arranha-céus que compõem aquele caos
quase infernal, fiquei a imaginar onde seria a localização exata do equilíbrio
daquela cidade, quantos segredos estariam ocultos por entre os labirintos
infindáveis que compõem aquele caos. Fiquei a questionar quantas pessoas
estariam nascendo naquele instante, quantos estariam morrendo, sendo
acidentados, sendo assaltados, quantos estariam indo para o trabalho, quantos
estariam retornando para seus lares. Mas, a pergunta mais inquietante talvez
seja: por que diabos as pessoas se aglomeram como sardinhas em torno deste fabuloso
centro urbano.
Nestes fantásticos centros urbanos, aos
moldes de São Paulo, Nova Iorque, Cidade do México, Pequim, Tóquio, dentre
outras, parece que as pessoas não passam de meros detalhes. Sob o ritmo
frenético dessas localidades, as pessoas disputam uma guerra cotidiana em busca
apenas de condições ínfimas de sobrevivência. Aí, convém nos perguntarmos: qual
a importância de realizar cotidianamente, todas essas atribulações somente para
nos mantermos vivos? Por que as pessoas se afastaram tanto da natureza, para se
aglutinarem uns sobre os outros nestes centros urbanos “frios” e desumanos?
Pois bem, caros (as) amigos (as)! Esta é
a cidade grande! Estes são os seres humanos! Os grandes centros urbanos do
planeta, em especial as megalópoles, escondem em seus labirintos uma enormidade
de vidas, de sentimentos, de dores e sofrimentos. Mas, parece que a selva de
pedra, cimento, vidro e aço é capaz também de petrificar os seres humanos. É
capaz de colocá-los a mercê de sua própria incapacidade de retorno aos
ambientes naturais, suas almas já se congelaram na frieza do cimento armado.
É por isso que, vez em quando, devemos
contemplar as luzes da cidade em busca de nossa própria energia, em busca de
desbravar o emaranhado que compõem nossas vidas e, quem sabe um dia consigamos
desvendar nossa própria solidão. Quem sabe as pessoas não se amontoam em busca
da significação de sua própria essência num mundo cercado de pedra e cimento
armado, frio, opaco, vazio. Quem sabe, um dia consigamos desvendar nossas luzes
interiores e, quando conseguirmos decifrá-las talvez, finalmente descubramos os
grandes segredos que se encontram envoltos no brilho intenso e frio das grandes
cidades.