Foto: Arquivo pessoal (2015) |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Em tempos de opacidades, de coisificação
do homem, da vida e da natureza, geralmente muitos procuram os caminhos mais
fáceis, mais “seguros”, e por que não, mais sedutores. É muito cômodo falar
aquilo que a grande maioria está ansiosa por ouvir. Mas, acontece que existe
algo extremamente relevante chamado de concepção filosófica de vida, de mundo e
de natureza e que exige outra coisa também essencial, fundamental, a coerência
no pensamento, nas ideias e nas ações.
Coerência e concepções de vida não são
mercadorias que se compram nos Shoppings Centers ou no boteco da esquina. São
caminhos norteados por escolhas raras, demandam a construção permanente e
diuturnamente do diálogo profundo conosco mesmos, com nossa consciência. Pois
bem, meus caros (as) amigos (as), a construção da coerência se dá
constantemente ao longo das escolhas que fazemos no percurso de boa parte de
nossa vida, quiçá no longo percurso de toda uma vida. Por outro lado, a
formação de nossa consciência demanda o exame cotidiano de nossas ações no
mundo. Demanda a revisita constante aos conceitos e escolhas que determinam
nossa práxis enquanto seres sociais. Na mesma direção, nossa construção
enquanto seres sociais está condicionada à formação de “ser” no mundo das
coisas e no mundo dos homens. Demanda, muitas e muitas vezes, abdicar-se do
“ter” em detrimento do “ser” neste mundo de banalidades, de superficialidades.
Talvez seja uma das coisas mais difíceis
do mundo mantermo-nos equilibrados no fio da navalha que delimita a fronteira
entre a coerência e a superficialidade. Fazer a opção pela construção efetiva
de superação de uma existência supérflua em função da construção de uma
consciência que nos defina como seres sociais, capazes de intervir na realidade
para transformá-la em função do coletivo, ao invés do individualismo conforme
propõem os donos do capital é algo, ao mesmo tempo sublime e extremamente
difícil.
A todo instante somos bombardeados por
propostas sedutoras que sustentam o “ter” neste mundo. Fazem dele (o “ter”) o
eixo das “receitas de bolo” que prometem levar à felicidade eterna. Neste sentido,
meus caros amigos, a manutenção das bases, pilares e princípios que sustentam a
coerência e as concepções filosóficas de vida são fundamentais para a nossa
compreensão de “ser” neste mundo, que caminha a passos largos para a barbárie
generalizada. Então, superar a superficialidade e a artificialidade forjadas em
nome de uma pseudo felicidade passa, necessariamente, pela manutenção incólume
da coerência e de uma filosofia de vida que nos mantenham sempre a serviço de
nossa construção de nossa consciência enquanto seres sociais, capazes de
intervir concretamente na realidade com vistas à sua transformação.
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