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domingo, 30 de setembro de 2012

O ÚLTIMO GUERREIRO!

Fonte: terrasagradaom.blogspot.com

Valter Machado da Fonseca

É noite de lua cheia na floresta de árvores douradas
A brisa da madrugada sopra de mansinho, com um pouco de carinho
Lá em baixo, como um eco, o som da cascata é um breve sussurro
Que relembra o tormento, o lamento do povo que ali vivia
Era um povo nobre, de coração de aço que prosperava liberto
Viviam sem tristeza em harmonia com a natureza

Lá longe, no alto do morro, no pico mais alto da floresta
Sob o clarão esfuziante da lua, sentado sozinho, o velho cacique
Traz na face enrugada, os traços marcantes da nobreza
De um povo corajoso e forte que noutros tempos desconheciam a vaidade
Viviam livres como o falcão, que nas alturas constrói o ninho da liberdade
Hoje, solitário, triste, vivendo as lembranças doloridas

No cume do pico, o ancião não fala, não grita, não chora
Dos olhos cansados, apenas um brilho opaco, embaçado
As rugas na testa, marcas da valentia de um povo ousado
Destemido, que durante toda a vida lutou contra a covardia
Os sulcos profundos dos cantos da boca mostram a grandeza
Do bote certeiro, do guerreiro que lutou contra o cativeiro

Do seu assento, no alto do morro o guerreiro relembra
A antiga aldeia, cheia de valentes irmãos
As mulheres nuas, sem as roupas imundas da hipocrisia
A nudez que expressava a liberdade, a recusa do manto da covardia
As crianças que se banhavam, castas, nas águas puras do grande rio
Como era bela a sua aldeia, como eram livres seus guerreiros!

Durante o dia, a aldeia inteira trabalhava, se agitava 
As mulheres novas enfrentavam, com coragem, a labuta da lavoura
As velhas sábias teciam redes de pesca, ensinavam as crianças
Os homens jovens iam à mata em busca da caça e do pescado
Os irmãos fumavam cachimbos, traçavam os destinos
Do povo guerreiro, que se preparava para o desafio do inverno

Hoje, o velho cacique não tem mais esperança,
Agora, só lhe resta a lembrança
Dos tempos felizes de liberdade, dos tempos de outrora
Foram-se os jovens, as mulheres, os anciãos
A mão branca ambiciosa da covardia destruiu sua nação
Hoje, não há mais alegria, nem festa nem dança, nem caça

Das lembranças do velho guerreiro, no alto do morro
Só sobraram fragmentos surrados de saudade
Não existe mais a aldeia do povo feliz e valente
No lugar da antiga aldeia, só sobraram as marcas da trapaça
E, no alto do morro, o velho cacique é o último representante
Da ousadia, coragem, audácia e nobreza de uma raça!!!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Me lembrei da carta escrita pelo Chefe Seattle , " suje sua cama é um dia se afogará em seus proprios dejetos", deveriamos aprender mais com a cultura dos nativos americanos .

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