Fonte: danielmarinonline.blogspot.com |
Prof.
Dr. Valter Machado da Fonseca
É
chegado mais uma virada de ano! E nesta data, o sentimento comum a quase todos
é de que se trata de uma data muito especial. Mas, afinal o que diferencia o
dia 31 de dezembro de outro dia qualquer? Na verdade, nada existe de especial
nesta data específica. Trata-se apenas de mais uma data comemorativa de um
marco estabelecido pelo calendário oficial da sociedade ocidental. Trata-se de
um dia milimetricamente planejado para reaquecer o mercado consumidor e, assim,
produzir mais lucro para uma pequena e seleta parcela da humanidade. E, neste
sentido, a mais-valia vai mantendo a plena expansão do capital.
E,
por que todos se consideram felizes e solidários nestas datas?
O
dia 31 de dezembro separa períodos de tempo de 365 dias (um ano), de acordo com
a convenção internacional do calendário oficial da sociedade ocidental. Acontece
que com a finalização de 365 dias corridos as pessoas têm a impressão de, uma
vez findado um período, iniciar-se outro totalmente diferente e com novas
possibilidades e perspectivas. Em verdade, nada se finda com um período de 365
dias. Não é uma data específica que irá inaugurar um novo período para a
humanidade. Mas, o que pode determinar o fim de determinado período e o início
de outro é o processo de ruptura com determinado sistema (seja ele qual for)
que já não seja capaz de oferecer respostas e novas expectativas para nossas
aspirações. Imaginem se a cada virada de ano pudéssemos apagar tudo de errado,
tudo que não deu certo e a humanidade inteira atingisse um estágio avançado de
felicidade plena! Isto seria provavelmente o “caminho para o paraíso”!
A
cada virada de ano, as pessoas se confraternizam (na maioria das vezes de forma
hipócrita) e dizem esquecer todos os rancores e mágoas, se tornam eternamente
afáveis e amigas. Tudo como se fosse um passe de mágica. O ser humano precisa,
diante da cruel realidade, brincar de “faz de conta”, como se tudo mudasse
movido apenas pelo nosso desejo de mudanças. Infelizmente isto não é verdade! A
virada do ano talvez sirva apenas para que façamos um breve balanço de nossas
vidas, para que exploremos e analisemos nossos equívocos almejando atingir mais
acertos. Para que vislumbremos novos horizontes, faz-se necessário realizar
escolhas, promover rupturas. E isto não se trata de decisões superficiais e
banais, mas de processos complexos, profundos e, na grande maioria das vezes,
dolorosos, que provocam, muitas vezes, traumas e deixam cicatrizes. Mas, se
quisermos experimentar o “novo”, definitivamente, precisamos romper com o “velho”,
é a única fórmula cujo processo empírico já comprovou o êxito da construção de
novos projetos, de alternativas e perspectivas.
Mas,
mesmo assim, aproveito este espaço para desejar a todos que me leem que
procurem dentro de si alguma forma de ser feliz. Desejo a todos que encontrem
dentro de si mesmos a coragem e ousadia para promover as necessárias e profundas
rupturas com “velho”, arcaico e ultrapassado. Somente desta forma poderemos
saborear o ineditismo do “novo”. Somente, nesta perspectiva poderemos abrir
novas trincheiras e caminhos para desfrutarmos das coisas simples e boas do
mundo.
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