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sábado, 24 de janeiro de 2015

A SUPREMACIA DA NATUREZA: ESTIAGEM E ESCASSEZ HÍDRICA!

Fonte: www.bdci.tv (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Estamos presenciando o gravíssimo problema da escassez hídrica, fruto do maior período de estiagem dos últimos 80 anos. Vimos por intermédio da mídia nacional e internacional afirmações embasadas em formulações extraídas de gráficos, os quais são traçados em função de algumas variáveis atmosféricas e climáticas superficiais, o que mostra que a ciência moderna é incapaz de analisar os eventos climáticos ou os chamados “eventos extremos” considerando a totalidade dos fatores e aspectos que interferem nas mudanças climáticas locais, regionais, nacionais e globais.
Geralmente, a ciência moderna tem a tendência de seguir os modismos e demandas ditados pelos diversos governos, em especial os dos países capitalistas centrais (EUA e União Europeia). Na verdade, os fatores econômicos são utilizados por estes governantes como primeiro plano de análise das alterações do clima, falseando, e/ou escondendo os verdadeiros fatores que interferem no grande ecossistema planetário e determinando o elevadíssimo grau dessas mudanças climáticas.
É difícil fazer com que o conjunto de países que comandam as principais engrenagens do modelo econômico de produção aceitem a hipótese de que a mola mestra (o lucro) que move este modelo econômico seja a principal responsável pelas maiores anomalias climáticas que o nosso planeta vem experimentando. A busca irresponsável pelo aumento exponencial do lucro cria mecanismos que devoram uma quantidade incalculável de recursos naturais, o que desencadeia um desequilíbrio ambiental sem precedentes na história deste planeta.
Não é preciso ser nenhum pensador ou cientista para observar o grau de importância da água para a manutenção e continuidade da vida de todas as espécies no planeta Terra. Neste sentido, podemos afirmar que os recursos hídricos assumem o lugar de centralidade no importante debate sobre as mudanças climáticas no grande ecossistema terrestre. É importante ainda afirmar que eles (os recursos hídricos) estão diretamente interligados, interconectados, com uma série de outros recursos naturais, tais como a qualidade do ar, os solos, a vegetação, enfim, ao conjunto de recursos da natureza que compõe o grande ecossistema planetário.
Nesta direção interpretativa, não basta realizar análises de gráficos, projeções e estatísticas, pois as leis da natureza vão muito além dos números. É preciso que observemos para além dos gráficos e estatísticas, que compreendamos a interconexão dos ecossistemas, a ligação dos diversos recursos da natureza, se queremos construir proposições efetivas para a sustentabilidade socioambiental do planeta. Compreender além dos números nos leva a busca por propostas que visem não somente parar as ações de agressão ambiental, mas, sobretudo, planejar atividades que visem a recuperação imediata dos principais rombos que a nossa tecnologia já provocou no planeta. E, isto significa rediscutir o verdadeiro significado da tão propalada sustentabilidade dentro dos marcos dos lucros capitalistas da sociedade do supérfluo e dos descartável.


* Escritor. Geógrafo, mestre e doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Membro e líder do grupo de pesquisas “Energia e Interações Complexas nos Ecossistemas Terrestres (GEICET) – UNIUBE/CNPq. 

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