Fonte: The New York Times (2013) |
Por NTV
A teoria da gravidade de Albert Einstein já passou por seu teste astrofísico mais rigoroso, prevendo corretamente como uma dupla de estrelas densas com órbita próxima move-se em espiral uma na direção da outra. Os achados excluem uma subclasse de teorias concorrentes da gravidade, informam John Antoniadis e seus colegas do Instituto Max Planck de Radioastronomia, em Bonn, Alemanha, na revista 'Science'.
'Este sistema apresenta uma rara oportunidade de limitar muitos modelos não einsteinianos da gravidade', comenta Alan Kostelecký, físico teórico da Universidade de Indiana, campus de Bloomington, que não participou do estudo. A dupla estelar é formada por uma estrela de nêutrons – as cinzas ultradensas da explosão de uma supernova – e os resquícios compactos de uma estrela similar ao Sol, conhecida como anã branca.
Como um relógio
Ryan Lynch, membro da equipe, da Universidade McGill, de Montreal, Canadá, descobriu a estrela de nêutrons utilizando o telescópio Robert C. Byrd, em Green Bank, Virgínia Ocidental. A estrela é classificada como pulsar porque enquanto gira rapidamente emite ondas de rádio que varrem o céu com a regularidade de um relógio – cerca de 25 vezes por minuto.
Lynch e outros colaboradores então identificaram uma anã branca envelhecida na mesma localização do pulsar e, ao observá-la com o Telescópio Muito Grande, do Observatório Europeu do Sul, em Paranal, Chile, calcularam as massas dos dois astros, etapa fundamental para testar a teoria da gravidade. Com duas vezes a massa do Sol, o pulsar é a maior estrela de nêutrons já encontrada.
A teoria geral da relatividade prevê que objetos celestiais orbitando um ao redor do outro produzem ondulações no tecido do espaço-tempo, conhecidas como ondas gravitacionais. O efeito é pequeno demais para ter consequência detectável em objetos que não são extremamente maciços nem estão em órbitas fechadas. Porém, como essas duas estrelas têm massa tão grande e estão separadas por uma distância relativamente pequena (apenas o dobro da distância da Lua para a Terra), espera-se que irradiem uma quantidade substancial de energia na forma de ondas gravitacionais.
As ondas gravitacionais ainda não foram detectadas diretamente, porém, a energia dispersada por elas causaria o encolhimento da órbita próxima dos parceiros estelares segundo uma quantidade específica, conforme estabelece a relatividade geral. Esse efeito, documentado pela primeira vez em outra dupla de estrelas – um pulsar e uma estrela de nêutrons em órbita mais separada e menos extrema em peso – abocanhou o Nobel de física em 1993. No casa do par recém-descoberto, a relatividade geral prevê que o período orbital de 2,46 horas das duas estrelas deve decrescer ao redor de oito milionésimos de segundo por ano. Essa redução minúscula é justamente o que Antoniadis e colegas descobriram, utilizando as três maiores antenas de radioastronomia da Terra para medir as variações do tempo de chegada das ondas de rádio do pulsar.
segundo Lynch, os físicos esperam algum dano à relatividade geral, pois ela é inconsistente com a mecânica quântica. 'Porém, os resultados dos nossos estudos mostram que teremos de procurar com muito mais afinco quando isso acontecer.' Para Antoniadis, o achado elimina um grupo alternativo de teorias da gravidade segundo as quais a órbita da dupla estelar deveria encolher muitas vezes mais rápido do que prevê a relatividade geral.
De acordo com o físico Clifford Will, da Universidade da Flórida, em Gainesville, a equipe reduziu o número de alternativas à relatividade geral. Entretanto, ele acha que Antoniadis e colegas 'exageram um pouco as implicações dos resultados do teste à relatividade geral', observando que ainda existem muitas teorias concorrentes em conformidade com os novos dados.
Disponível em: http://nytsyn.br.msn.com/cienciaetecnologia/sistema-estelar-bin%C3%A1rio-p%C3%B5e-%C3%A0-prova-teoria-da-gravidade-de-einstein#page=1 Acesso em: 06/05/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário