Fonte: Arquivo pessoal (2016) |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Os tempos d’agora, marcados
fundamentalmente pelas novas Tecnologias da Informação e Comunicação, atrofiam
as pessoas em sua capacidade de saber ouvir. Quando digo saber ouvir, não me
refiro a ouvir qualquer coisa mas, sobretudo, a nossa capacidade de selecionar
o que ouvimos, a nossa condição de seres pensantes, comunicantes que conseguem
transformar o visual e/ou o virtual em conteúdos aproveitáveis e que possam nos
auxiliar na compreensão da realidade. Mas não da realidade virtual, manipulada
pela informática e seus infinitos aplicativos.
Meus caros amigos e amigas! Vivemos um
grande vazio cultural nunca dantes experimentado e, em grande, parte isto se dá
pela manipulação e falsificação midiática que chegam até nossos ouvidos de
forma sonora e/ou de forma virtual na incrível quantidade de toneladas de
bilhões de megabytes/segundo. Diante disso, torna-se extremamente relevante
aguçarmos nossa capacidade de saber ouvir. Isto é, separar a verborragia que nos
chega de forma virtual daquilo que é realmente sério, que nos mostra o cerne da
realidade, que seja capaz de nos tirar das interpretações imediatistas e de
superfície. Como muito bem o diz meu
amigo Humberto Guido: “é preciso escavar a realidade”.
O ato de saber ouvir sempre foi uma
grande virtude, uma arte que pode separar a sabedoria da promiscuidade, da
superfluidade, da imbecilidade. Quando ouvimos alguém com seriedade, somos
convidados a mergulhar na reflexão aprofundada. Ninguém é dono da verdade
absoluta, a realidade da vida não é um dogma, pois o que pode parecer, hoje,
tratar-se da mais inquestionável verdade, amanhã poderá se converter em uma
banalidade ou na mais cruel das falsificações. Na medida em que apuramos nossa
capacidade de saber ouvir estaremos dando passos significativos no sentido de
nossa construção como seres humanos melhores, mais puros, menos incompletos. É,
meus caros amigos, saber ouvir é um dom é realmente uma arte, talvez uma das
mais nobres delas. Pensem sobre isso!
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