Foto: UOL (2016) |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Estou atravessando um período gostoso, de
intensa nostalgia. Posso dizer que atravesso uma etapa em que busco com
insistência a compreensão de meu passado, buscando reconstruir uma parte de
minha história que parece que andava meio esquecida. É muito bom, vez em quando,
a gente remexer nos nossos guardados, revisitar nossa lembranças, pois, elas
são essenciais para a construção do balanço de nossas vidas. Saber de onde
falávamos em tempos pretéritos e de onde estamos a falar agora, nos tempos
presentes.
É com grande carinho que guardo as minhas
lembranças de infância. Ela (infância) é uma fase extremamente importante, pois
remonta aos tempos onde caminhávamos, talvez, o mais próximo da tal “liberdade”.
Lembro-me das “peladas” de futebol em campinho de terra batida (sem grama), das
quais não tínhamos tempo para terminar o jogo.
Jogávamos descalços e, quase sempre, voltávamos para casa sem um pedaço
da ponta do dedão do pé. Em casa minha mãe lavava o ferimento com uma bola de
sabão preto e estava tudo certo.
Lembro-me com muita clareza das incursões
da molecada ao cerrado para apanhar gabiroba, araçá, gravatá, dentre outras
delícias do mato. Quantas vezes nos divertíamos furtando frutas nos quintais dos
vizinhos: jabuticabas, goiabas, mexericas, laranjas. Tudo sem a mínima maldade
ou má intenção. Naqueles tempos não nos preocupávamos muito com o amanhã, mas
especialmente em viver os momentos presentes, em viver as coisas simples da
vida. Não tínhamos muita responsabilidade, nem preocupações com as coisas dos
adultos. Como eram bons aqueles tempos! Como éramos felizes com as coisas mais
singelas da vida!
Hoje, me esforço bastante para
compreender a infância. Parece que a molecada se contenta apenas com o virtual,
não se preocupam com o que acontece na vida real. A vida, a natureza (o que
ainda resta dela) nos brinda gratuitamente com diversos prazeres, dos quais
nossas crianças estão cada dia mais distantes. Hoje, nossas crianças mais se
parecem com adultos em miniaturas. E como é triste e desoladora chegar a esta
conclusão, a esta realidade. Meus amigos e minhas amigas, desculpem-me pelo
saudosismo exacerbado. Acontece que às vezes fico a pensar que daria tudo que
tenho para reviver alguns daqueles momentos fascinantes que marcaram meus
tempos de infância.
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