Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017) |
Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
As forças
destrutivas, decorrentes da incapacidade criativa do capital em produzir
mercadorias que tenham valor real para as necessidades vitais dos povos, estão
chegando ao limite da compreensão do cérebro humano. O homem, assim como a
natureza, já está coisificado; sua única função é aquecer as vendas dos
mercados consumidores e proporcionar mais uma etapa de sobrevida ao sistema em
decomposição. As doenças antigas que, ora, retornam e as novas que surgem em
decorrência da dinâmica alucinante das novas tecnologias que sustentam a
superfluidade do sistema, são também utilizadas para a produção de mais-valia,
além de alimentar o atual modelo econômico de produção. Assim, o capital,
autofágico por excelência, sobrevive da própria infelicidade humana e da miséria
que produz. É a serpente comendo a própria cauda.
Os tempos
presentes são marcados, fundamentalmente, pela ausência completa de projetos de
homem e de natureza, pelas opacidades, pelos conflitos étnicos, religiosos,
geopolíticos, disputas territoriais, tudo devidamente arranjado pelo atual
modelo econômico, de forma a permitir a livre circulação de capitais, produtos
e mercadorias, em sua maioria, supérfluos e descartáveis. No atual estágio de
mundialização do capital, o ser humano e, em especial a parcela mais sofrida da
humanidade, é vítima de sua própria existência na sociedade regida pela
mais-valia. O homem, neste modelo de sociedade, é apenas uma partícula
atomizada, insignificante, diante do modelo autofágico regido pela ambição,
voracidade e ganância capitalistas.
O fato é que as evidencias da enorme
potencialidade destrutiva do capital, tanto em níveis de destruição da natureza
quanto em níveis de degradação da vida humana, do trabalho e mesmo da
integridade humana em sua essência, traz à tona os contornos, as
características e a intensidade da crise estrutural do capital. Na verdade,
qualquer fio de esperança em relação às promessas de um futuro menos incerto,
no contexto do campo das forças hegemônicas do capital, se esmaece, desaparece
das mentes de todos os setores explorados desta sociedade, até mesmo os mais
otimistas.
Na
atual fase de tensões, conflitos e desequilíbrios, o capital só tem a oferecer
à humanidade um conjunto de mazelas que só podem conduzir a um caminho: a
autodestruição da espécie humana da face do planeta, senão fisicamente, pelo
menos como seres pensantes, capazes de opinar e decidir sobre sua própria condição
de seres providos de “certa” capacidade de raciocínio. Esta última hipótese,
talvez seja infinitamente pior que a extinção meramente física da espécie
humana. Mas, com toda certeza, sob a “lógica” e os ideários neoliberais, o
capital ainda vai permanecer em seu estado de aprofundamento da superexploração
da natureza e do homem, enquanto houver uma única gota de sangue que possa ser
utilizada para manter o status quo da expansão dos domínios do capital.
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