Total de visualizações de página

domingo, 3 de setembro de 2017

AS ARTES PODEM ILUMINAR A ESCURIDÃO

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca e Profa. Carmen Lucia Ferreira Silva (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
O período sem luz, escuro, sombrio, sem sol pelo qual passamos, dilacera nossas mentes, mutila nossos corações. Em vão, olhamos para o horizonte, para a linha do infinito em busca de alguma luz, um singelo acalento sequer para tecermos um fio de esperança no qual possamos ancorar nossos projetos de vida, de seres humanos, de natureza.
Porém, nos tolhem qualquer iniciativa que possa nos encaminhar em direção da saída da clausura que nos impõem. Tudo que é sólido se desmancha no ar (plagiando o “velho Marx”), tudo que é concreto, real, vira fluidez, se perde nos labirintos vazios, ocos, opacos da desesperança forçada pela tortura dissimulada, pelas ações violentas que nos trancafiam dentro de nós mesmos. Esta ditadura sutil, dissimulada, fluida nos ataca em nosso âmago, em nossa intimidade em nossa essência de pertencimento a qualquer coisa, a qualquer lugar, a qualquer valor.
Isto se dá porque já perceberam o ponto central, nevrálgico de nossa existência, a nossa identidade enquanto seres humanos, a nossa cultura, nossas ligações efetivas com os outros. Uma vez dizimada nossa identidade, estará fatalmente decretada nossa morte, nossa razão de ser neste planeta. Aí, neste estágio, estaremos completamente coisificados. Então, é preciso fortalecer nosso potencial criativo, nossa fonte maior de resistência, assim, nesta medida, as artes podem ser o único canal para a organização de nossa resistência, da retomada e reedificação de nossa identidade.
Mas, quando falo de arte, não me refiro à arte enlatada e formatada pela indústria cultural, sobre a qual disserta eximiamente Theodor Adorno. Refiro-me à arte que vem da raiz de nosso domínio sobre o princípio criativo, que nos diferencia do restante dos seres vivos. Refiro-me às artes que servem de instrumento contra a alienação, de ferramenta indispensável para forjarmos nossa autonomia diante da opressão e dos opressores. Enfim, as artes podem vir a ser o feixe de luz que pode dissipar a escuridão na qual vivemos nestes tempos de horrores.   





Nenhum comentário:

Postar um comentário