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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A PRECARIZAÇÃO SEM PRECEDENTES DO TRABALHO

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca  
A instabilidade dos mercados consumidores na sociedade da crise ou na crise da sociedade desorienta todo o mundo do trabalho. Diante disso, a instabilidade e a insegurança se instauram no seio da classe trabalhadora. Hoje, o capital se esforça no sentido de desconfigurar a existência das classes sociais, com a fragmentação da classe trabalhadora.
A ultra-especialização das funções, das etapas e do próprio processo da cadeia produtiva capitalista, implantados na produção a partir do fordismo/taylorismo provocou uma separação/fragmentação do processo de produção de mercadorias, o que faz com que o trabalhador perca a noção de totalidade do processo produtivo. O processo de controle da qualidade total, que veio a ser implantado em uma fase imediatamente subsequente, iria impor novos mecanismos de controle sobre o processo produtivo capitalista, o que iria fragmentar ainda mais o mundo do trabalho, incidindo de forma altamente negativa nas condições de vida da classe trabalhadora.
Milhões de pessoas vivem – nos tempos presentes – em condições de precariedade total, abaixo da “linha de pobreza”, se é que isto é possível. Um gigantesco contingente de trabalhadores vê, em todos os cantos do planeta, sua força de trabalho assumir também, assim como as mercadorias, as condições de descartabilidade total.
E, nesta fase atual de crise estrutural deste modelo econômico, o processo de alienação do trabalho atinge seu ápice, com o capital absorvendo, de forma cruel, intermitente, permanente e instantânea, todo o trabalho humano seja ele trabalho vivo ou abstrato. Aliás, muito além de o capital transformar toda a força de trabalho humano em mercadoria, no atual estágio, ele a transforma em uma mercadoria temporária e descartável, ou seja, o trabalhador pode ser descartado a qualquer instante e substituído por outro, devido à capacidade de o capital se volatilizar, girando o planeta, em busca de mão de obra barata e de melhores condições para sua produção, expansão e reprodução.
A especulação, velocidade e volatilidade do capital fazem com que grandes empresas e conglomerados multi/transnacionais desmontem e remontem suas unidades produtivas em diversas regiões do planeta, ao mesmo tempo em que retiram investimentos de um local e aplicam em outros a milhares de quilômetros de distância. Isso promove, a todo o momento, situações de desemprego em massa, deixando grandes contingentes de trabalhadores em situações de miséria absoluta. Este conjunto de fatores e aspectos auxilia no fortalecimento das situações de incertezas e inseguranças no mundo do trabalho.
Então, sob os auspícios do neoliberalismo não se pode esperar outra coisa, senão insegurança e desemprego em massa. As reformas neoliberais como o tal ajuste fiscal e econômico, proposto para o Brasil, nada têm a oferecer às amplas camadas da classe trabalhadora, a não ser o aprofundamento de suas condições de miserabilidade visando ao acúmulo de riquezas materiais nas mãos de uma burguesia seleta e ao atendimento das mínimas condições para a manutenção da chama da mais-valia. No horizonte deste modelo econômico de produção se pode observar apenas um mar de incertezas, no qual a força de trabalho, no máximo, se equilibra para manter sua sobrevivência.

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