Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca*
Hoje, em meus devaneios de toda madrugada, um assunto que me vem, constantemente, à memória voltou a me inquietar. O crônico e histórico problema da educação brasileira voltou a me perturbar. Talvez, o motivo do aumento da frequência da inquietação sobre esta temática esteja relacionado à aproximação do processo eleitoral deste final de 2010.
Como de costume, em todos os processos eleitorais no Brasil, esta temática entra em voga, e se agiganta, cada vez mais, à medida que as eleições se aproximam. Não existe tema mais preferido por todos que pleiteiam cargos [do legislativo ao executivo, passando pelo judiciário] do que a educação. O recente e justo movimento grevista dos professores da Rede Estadual de Ensino veio trazer novos e importantes elementos para aumentar, ainda mais, minhas inquietações.
Todos os candidatos que pleiteiam cargos [em todos os escalões] do governo, em seus palanques eleitorais, fazem verdadeiras apologias à educação. E não falam de qualquer educação, falam em nome de um ensino de qualidade em todos os níveis, como se a escola pudesse sanar todos os problemas sociais, econômicos e culturais do país [inclusive o mau caratismo, a improbidade administrativa, as maracutaias, os desvios de verbas e as diversas formas de corrupção].
Reexaminando os editais que regem os concursos públicos que visam “selecionar” os melhores candidatos nas instituições Federais, Estaduais e Municipais de Ensino em nosso país, podemos verificar discrepâncias e lacunas que permitem a manipulação desses concursos, dirigindo-os para os candidatos preferenciais de alguns “iluminados”, os mesmos que sobem nos palanques eleitorais em defesa de uma educação de qualidade. Afinal, para que servem os concursos públicos? Servem para selecionar, de fato, os melhores e mais capacitados candidatos para os cargos disponíveis, ou servem apenas como instrumento de manobra para beneficiar alguns concorrentes? Em diversos locais do nosso imenso território surgem, a todo o momento, evidências e provas cabais de manipulações dos concursos públicos.
Se quisermos, de fato, construir uma educação de qualidade no Brasil, os governos devem voltar os olhos para os editais, critérios, composições de bancas de examinadores e processos de avaliação e seleção dos melhores candidatos para ocuparem os cargos colocados à disposição na educação pública, em todos os níveis [das escolas municipais às universidades estaduais e federais]. Por fim, para se efetivar no país uma educação verdadeiramente de qualidade, os nossos governantes e representantes devem se preocupar com todas as questões envolvidas no processo educacional brasileiro, a iniciar por um reexame dos formatos dos concursos públicos que escolhem os candidatos a docentes e funcionários de nossas escolas e universidades. É preciso, urgentemente, passar a limpo o rascunho da proposta dos concursos públicos no Brasil.
* Valter Machado da Fonseca é Mestre e Doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). É professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE).
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