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sábado, 26 de julho de 2014

GRANDE ARIANO SUASSUNA!

Fonte: www.diariodocentrodomundo.com.br



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
"Já me disseram que eu quero colocar a cultura brasileira dentro de uma redoma de vidro pra que ela não se contamine, e isso é bobagem. Sou a favor da diversidade cultural brasileira. Só não admito é a influência de uma arte americana de segunda classe." (Ariano Suassuna)
Faleceu na tarde desta quarta feira (23 de julho de 2014) o grande escritor e pensador nordestino Ariano Suassuna. Nasceu em João Pessoa (PB), no dia 16 de junho de 1927. Aos 87 anos, o grande escritor ainda estava no auge de sua lucidez.
Autor de grandes obras como “Auto da Compadecida”, “O Romance d’A Pedra do Reino” e o “Príncipe do sangue vai-e-volta”, Ariano se notabilizou para muito além de seus textos. Era um árduo militante da cultura popular brasileira e, em especial, da cultura de seu querido Nordeste. Podemos dizer que ele foi um ferrenho militante em prol da diversidade cultural, ao contrário do que pensam muitos. Apesar de ter o Nordeste brasileiro como a grande referência de seus estudos e fonte genuína de suas maiores inspirações, o escritor realizava um combate aberto e limpo contra a banalização cultural que ora invade o nosso país, seja por meio da escrita, da TV ou do rádio.
Ariano era adepto inigualável da defesa incondicional das raízes culturais brasileiras e nordestinas, incorporando em seus textos, os mais variados matizes que dão um colorido mais que especial na cultura de nosso povo, especialmente os mais pobres e os trabalhadores de seu tão amado Nordeste. Era um estudioso ímpar, especialmente pela interpretação dos mais variados detalhes que compõem o escopo de nossa cultura popular. Ele incorporava em seus escritos, os aspectos da fé, religiosidade, musicalidade, sotaques, lendas, mitos e simbologias que estão presentes no imaginário do povo nordestino. Seus textos sempre foram marcados por uma ironia “pura”, um sarcasmo crítico e uma boa dose de uma doce ira contra os desmandos ofensivos à cultura popular. Sua crítica era doce, suave e, ao mesmo tempo irônica, como pode ser observada no “Auto da Compadecida”.
Com certeza, Ariano tornou-se uma nova estrela entre os infinitos milhões de constelações que povoam o firmamento. Ariano, apesar do medo terrível de voar (em aviões), fez com que seu pensamento e suas ideias irreverentes voassem até nós e as fincou no solo seco de seu nordeste, inaugurando mais uma fonte límpida para todos que desejam saciar a sede da cultura popular em todas suas variantes. Além de tudo, Ariano era um esperançoso. Tão esperançoso que acreditou, durante toda sua vida, que o sonho de Machado de Assis era possível: criar uma Academia Brasileira de Letras que servisse para alguma coisa. Este era, sem dúvida alguma, o nosso doce Ariano Suassuna, fruto legítimo do solo de nosso tão querido Nordeste.


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-doutorando também pela UFU. Professor e pesquisador do curso de Engenharia Ambiental e do Programa de Mestrado em Educação da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com

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