Foto: Base Comandante Ferraz Fonte: hypescience.com (2014) |
Por NTV
A Comissão Interministerial para os
Recursos do Mar, que reúne também a Marinha do Brasil, divulgou nesta
segunda-feira, 21, o procedimento para realizar uma nova licitação
internacional para reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF),
destruída há dois anos e meio por um incêndio que matou dois militares. A
previsão é de que a nova estação custe US$ 110,5 milhões (o equivalente a R$
245 milhões). "Este será o valor teto para essa licitação", afirmou o
contra-almirante Marcos Silva Rodrigues, secretário da comissão.
O governo já tentou uma licitação
apenas com empresas nacionais, no final de 2012, estimada em R$ 147,4 milhões,
mas não houve interesse. "As empresas alegaram, principalmente, a questão
do câmbio, do estudo de impacto ambiental que não estava completo e o preço,
que eles achavam que estavam no limite", justificou. O contra-almirante
indicou que "o preço (atual) está muito próximo (do valor) da estação
coreana, que foi construída pela empresa Hyundai", afirmou, destacando que
já há interesse de na obra por empresas chinesas, sul-coreanas e chilenas.
Segundo Rodrigues, a nova rodada
"será uma licitação nacional e internacional", ou seja, pode haver
consórcio entre uma nacional e uma estrangeira. "A Marinha está
interessada em preservar a política do governo de estimular as empresas
nacionais", disse. O edital será lançado na próxima quarta-feira,
23, no Diário Oficial da União e, no sábado, 26, em veículo de imprensa internacional.
A partir daí, as empresas terão 45 dias para apresentar propostas, com
resultado do certame em outubro. A nova estação terá 4,5 mil metros quadrados.
A expectativa é de que a reconstrução seja concluída em março de 2014,
envolvendo de 60 a 80 trabalhadores.
A principal diferença em relação a
licitação frustrada foi a realização de um novo estudo do terreno, que custou
R$ 1,3 milhão. "Estávamos prevendo que teria rocha a cada 10 metros (de
profundidade), mas vimos que tem a apenas 100 metros", disse. Entre
as novidades da nova estação, estará o novo modelo de cogeração de energia, que
será usado também para aquecimento de água. "Nossa matriz de energia vai
ser inteligente. Vamos trabalhar com geração eólica, solar e diesel",
afirmou.
Rodrigues destacou o resgate da
estação como parte da inserção do Brasil em uma geopolítica científica. "O
fim do programa antártico brasileiro é a política, a presença do governo
brasileiro e a permanência do Brasil como membro do conselho antártico",
disse. "Quando falamos da Antártida não falamos apenas do continente em
si. Temos 14 milhões de metros quadrados, sendo 98% da superfície coberta de
gelo, com 76% da água doce, e 176 tipos de minerais", observou.
Incêndio. O Brasil chegou à Antártida
com uma estação própria em 1984. Em fevereiro de 2012, um incêndio destruiu a
base científica e militar. A Marinha iniciou, então, uma operação de resgate
dos equipamentos lá instalados para evitar que fosse absorvido pelo gelo.
"Depois do desmonte, só sobraram as partes remotas", disse Rodrigues.
O desmonte da estrutura, instalada em uma região de 2.550 metros quadrados,
retirou 9,5 toneladas da partes metálicas. "Em nenhum momento a nossa
bandeira deixou de tremular no mastro principal da nossa base", afirmou.
Depois do desmonte, foi estabelecido
um Módulo Antártico Emergencial no local, onde 15 militares permanecem para
resguardar o território brasileiro. A desocupação significaria a perda do
direito de exploração e pesquisa na estação. "Tínhamos um desafio, que era
manter a pesquisa brasileira na Antártida", disse Rodrigues.
Disponível em: http://estadao.br.msn.com/ciencia/reconstru%C3%A7%C3%A3o-de-esta%C3%A7%C3%A3o-na-ant%C3%A1rtida-deve-custar-rdollar-245-mi
Acesso em 22 de julho de 2014.
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