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domingo, 10 de setembro de 2023

PERCEPÇÃO

 

Prof. Valter Machado da Fonseca (2019)

Valter Machado da Fonseca

Repare como você está cansado, chateado

Repare ao redor, veja como o ar está pesado

Repare no amor, sinta no fundo sua dor

Repare na vida, na alegria plena da liberdade

Repare no velho, veja como o tempo o maltratou

Repare o que você fez, como o sonho se acabou

 

Sinta a paz, sinta o cheiro de pavor

Sinta o carinho, a ternura sem rancor

Sinta a luz que ilumina o quarto escuro

Sinta o ar parado, o homem cego atrás do muro

Sinta o sentimento, a brisa fresca do fim do dia

Sinta o desespero, o canto triste da agonia.

 

Veja a proposta inacabada, do velho camarada

Veja as manchetes dos jornais, que condenam os marginais

Veja a onda de calor que salta dos olhos do infrator

Veja a multidão em romaria, vai em busca de esperança

Veja a moça triste na janela à espera do amante

Veja a seca na caatinga que apressa o retirante

 

Olhe para o alto, a presença, o grito, o lamento

Olhe para baixo, o fundo do poço, o vazio, o tormento

Olhe para o lado, tem alguém que te repara

Olhe adiante, sinta a distância que nos separa,

 

Sinta, veja, olhe, repare... vá em frente, nunca pare

Cansado, chateado, condenado, desesperado..., nunca pare

No alto, em baixo, ao lado..., sempre tem alguém

Com esperança, com amor, com sentimento, em romaria

 

Agora, reflita, feche os olhos... pense no sonho acabado

Lembre-se do amante, da moça triste na janela

Fuja da seca, se apresse, acompanhe o retirante

Na distância que separa sempre tem alguém que te repara

Do fundo do poço, de trás do muro, saia, se levante

Na multidão em romaria, sempre tem alguém que segue adiante.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

DEMOCRACIA COMBALIDA

Prof. Valter Machado da Fonseca (2023)

Valter Machado da Fonseca

Nesta semana que findou vimos muitas manchetes de jornais escritos, falados televisados e redes sociais comentando e aplaudindo de pé a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com as celas especiais para presos e condenados portadores de diplomas de curso superior. Não que eu seja contrário a esta decisão (ainda que tardia), sou totalmente favorável. Porém, se observarmos com carinho a legislação penal brasileira veremos inúmeras aberrações que nos mostram a infindável distância que nos separa da verdadeira democracia burguesa (liberal).

Se queremos de fato um aprimoramento do denominado “Estado Democrático de Direito”, muita coisa ainda precisa ser ajustada, para evitar, inclusive, a explosão exponencial da marcha do fascismo que toma conta do planeta e, em especial do Brasil. O aprimoramento da “democracia” brasileira demanda o fim das regalias e do fórum privilegiado que protege deputados, senadores, magistrados, militares de alta patente, que protegem os “criminosos do colarinho branco”. Estamos assistindo, sentados confortavelmente em nossos sofás, ao imbróglio do julgamento do capitão que ocupava a cadeira principal do Palácio do Planalto e aí vem a pregunta: o que mais precisa ser provado para botar este senhor defensor do fascismo e seu clã atrás das grades?

Outra questão interessante que salta aos olhos se trata do próprio processo eleitoral: como falar em democracia se o voto é obrigatório? Se o serviço militar é obrigatório? Como falar em democracia quando observamos a superestrutura jurídica do Estado capitalista condenar os movimentos sociais, instrumentos legítimos dos trabalhadores e marginalizados dessa sociedade? Como falar em democracia quando constatamos o braço armado do Estado capitalista subir os morros e assassinar covardemente crianças, mulheres e homens pobres e, em sua maioria pretos e pretas nas comunidades das periferias pobres?

A democracia demanda uma série de mudanças estruturais nesse modelo de sociedade como o combate ao racismo, ao preconceito, a discriminação, a pobreza e desigualdades sociais que são marcas indeléveis e históricas desse modelo de produção econômico. A democracia demanda a construção de uma educação de qualidade cujo acesso esteja garantido à parcela mais carente da população brasileira. Demanda o fim da intolerância religiosa, o combate ao genocídio dos povos originários, das comunidades LGBTQIA+, o combate acirrado ao feminicídio, enfim, a todas as mazelas desta sociedade de desiguais.

Assim, o fim das celas especiais para portadores de diplomas de curso superior, embora seja uma decisão correta, serve apenas para sinalizar como estamos distantes de uma verdadeira democracia burguesa liberal. As cicatrizes oriundas do sofrimento de largos setores oprimidos da população brasileira estão em carne viva e mostram verdadeiramente as chagas decorrentes dos anseios das elites oligárquicas de ditam os rumos políticos deste país chamado Brasil, que são diametralmente opostas aos anseios dessa população marginalizada. Não existe democracia em sua expressão radical (e justa) sem a igualdade de oportunidades em todos os sentidos e para todas as camadas exploradas de nossa sociedade.

Por fim, uma verdadeira democracia somente será alcançada com a superação das mazelas originadas das contradições deste modelo econômico de produção. A autêntica democracia somente será possível com a superação dos desmandos do capitalismo, ou seja, com a superação definitiva do capital. O resto são apenas nuances desse processo brutal de exploração do homem pelo próprio homem, e da natureza pelo mesmo homem, por intermédio da liberação das forças destrutivas do capital. Em síntese, a democracia que interessa aos explorados somente será alcançada sobre os escombros do capitalismo e do próprio capital. Aí sim, estaremos construindo os autênticos e legítimos projetos de sociedade, de homem e de natureza. 

domingo, 20 de março de 2022

INTERVENÇÃO DA CONSCIÊNCIA NA ESCURIDÃO DA BARBÁRIE

 

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2017)

Prof. Valter Machado Fonseca

Apresento esta breve postagem com uma frase do discípulo de György Lukács, o grande filósofo e pensador húngaro Ístvan Mészáros, “se tivermos sorte chegaremos à barbárie”, esta frase foi dita um pouco antes se seu falecimento no dia 1° de outubro de 2017, na cidade de Margate no Reino Unido.

Observem a atualidade visionária da frase, ela me leva a esta breve reflexão. Vivemos um tempo onde o pensamento se encontra imerso nas trevas, no mais profundo abismo da escuridão. Os tempos d’agora fazem emergir as mais diversificadas aberrações e monstruosidades que o cérebro de todos os que têm alguma forma de consciência pode suportar. Um grito de dor paira sobre o planeta e ecoa por todos os rincões do globo terrestre. Um lamento encobre os céus do nosso país, deixando nosso pensamento perdido num emaranhado complexo, numa mistura de silêncio e dor.

Silêncio provocado pela magnitude das aberrações que tomam conta do Brasil, pela repetição de fatos históricos monstruosos que se achavam adormecidos em nossas mentes e corações. Silêncio pela repentina quebra dos valores essencialmente humanos e que nestes tempos coisificam o homem, transformando a humanidade em um exército de robôs sob o comando da “lógica ilógica” da reprodução expandida do capital, cujo continuum depressivo faz emergir sua definitiva crise estrutural.

Dor pelas atrocidades de uma sociedade necrosada pelo abismo incontornável, sem fundo, da desigualdade social. O homem nestes tempos se aparta de quaisquer formas de consciência de “ser” neste mundo, transformando-se em coisas, em supérfluos para garantir o paraíso dos poderosos e o bem-estar de uma elite econômica a serviço da produção eterna de mais-valia. Dor por presenciarmos os incontáveis números de feminicídio nas periferias das grandes cidades, nas comunidades quilombolas, LGBTQIA+. Dor pelo genocídio indígena e dos despossuídos, esfarrapados e demitidos da vida nos dizeres de nosso saudoso professor Paulo Freire. Dor pelas diversas formas de preconceito, discriminação e opressão que emergem das mentes podres dos governantes do mundo e seus seguidores, especialmente em nosso país.

Nosso continente, nosso país, se encontram mergulhados num rio de lágrimas e sangue que escorrem das veias abertas da América Latina, plagiando a obra de Eduardo Galeano. É preciso que saiamos do estágio de latência, é preciso que enfrentemos as monstruosidades e os barbarismos daqueles que mentem e ceifam a vida de milhares de pessoas em nosso nome. Faz-se urgente a reconstrução de nossas consciências e de projetos autênticos de homem, de sociedade e de natureza. A barbárie apontada por Mészáros já estamos presenciando. O que será que há para além da barbárie? Qual será o preço a pagar para vermos para além da barbárie?   

terça-feira, 22 de junho de 2021

EM CASA COM A BIOSEMANA MÁRIO

Cartaz Divulgação (2021)
 

 Profa. Ms. Carmen Lucia Ferreira Silva

Venho em meu nome e em nome do Núcleo de Pesquisas, Educação e Artes em Diferentes Espaços – NUPEADE, agradecer a Escola Estadual Mário Vello, na pessoa da professora Ana Maria Haddad pelo convite e a oportunidade em ministrar a oficina: “O olhar por um “click”: enxergando as fotografias para além dos sentidos visuais”, no evento: Em casa com a Biosemana Mário. A oficina foi via Google Meet, com a participação de 85 alunos do Ensino Fundamental. O objetivo da oficina foi abordar a fotografia como uma forma diferente e possível, a qual podemos utilizar para fazer registros daquilo que selecionamos e que nos desperta um interesse, e também de contar histórias a partir delas. Ao final lançamos a seguinte pergunta: E Vocês? O que veem pela janela de suas casas? A atividade traz a intenção de aguçar a observação dos educandos para o entorno de suas casas, pela janela, já que estamos em isolamento social. Após os registros haverá uma exposição online, via Instagram.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

NA PRORROGAÇÃO: ÚLTIMA PUBLICAÇÃO DE 2020

 


Foto 01: Print da capa
Foto 02: Print do sumário 
 
 
Foto 03: Print do capítulo

Prof. Dr. Valter Machado Fonseca

Conforme já havia anunciado em uma postagem anterior sobre a Carta de Aceite de uma publicação pela Editora Artemis (da qual sou membro do Conselho Editorial), hoje tenho o prazer de informar que o eBOOK ficou pronto. O capítulo se intitula “TRANSGENIA, A CONTRAMÃO DA SOBERANIA ALIMENTAR: ELEMENTOS PARA DISCUSSÃO”, de minha autoria em parceria com minha amiga Sandra Braga do CNPq. O nome da coletânea é “AGRÁRIAS: PESQUISA E INOVAÇÃO NAS CIÊNCIAS QUE ALIMENTAM O MUNDO” Vol III. Quem tiver interesse no eBOOK é só me contatar que o disponibilizarei com o maior prazer.

Um abraço!