Total de visualizações de página

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A LIBERDADE ESTÁ DENTO DE NOSSA CONSCIÊNCIA




Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca

É complexo o entendimento do lugar em que se situa a consciência humana. Mas, para decifrarmos isto é fundamental que entendamos nosso papel na vida e no mundo. E, para isso, é preponderante compreendermos o lugar de centralidade do trabalho humano e a alienação deste trabalho na sociedade capitalista. Este modelo de sociedade que se desenvolveu inicialmente em função da produção de mercadorias para o atendimento de nossas necessidades básicas: alimentação, vestuário, habitação, transporte, enfim, um trabalho que se justificava pelo atendimento dessas necessidades, o que em seu nascedouro objetivava ao bem-estar das populações. Então, a mais-valia se produzia em função das medicações de primeira ordem (nos dizeres de Marx). Nos tempos d’agora, toda esta lógica é substituída pela agregação da alienação e estranhamento do trabalho humano.
Então, a alienação e o estranhamento passaram a se constituir nas principais estratégicas para a produção e o consumo de mercadorias, as quais nos tempos modernos, fazem pouco ou nenhum sentido para a existência humana. Em primeiro lugar o modelo capitalista inventa novos produtos, novas mercadorias, para os quais não existem necessidades objetivas, porém, se constituem nas principais estratégias para a manutenção e expansão do lucro. A partir da alienação e do estranhamento do trabalho, todos os que vivem do trabalho já não se veem refletidos no fruto de sua atividade laborativa. Neste sentido, o trabalho passa a ser uma mera atividade mecânica que não possui nenhum sentido para os trabalhadores, os quais vendem seu labor apenas para garantir sua própria sobrevivência.
Sob esta lógica nefasta do estranhamento e alienação do trabalho, os homens perdem sua consciência de “ser” neste mundo, a qual é substituída pela lógica do “ter” nesta sociedade dos desiguais. O trabalho continua sendo uma atividade sublime, central no processo da criatividade humana, entretanto, esta criatividade desaparece em função do estranhamento e alienação, aspectos fundamentais para o controle do capital sobre o trabalho. Assim, a reconquista da consciência humana que se faz necessária para (re) significar nossa essência, nossa razão de ser neste mundo, passa, necessariamente, pela luta contra a alienação e estranhamento impostos ao trabalho pelas estratégias do capital. O que significa, num plano maior, a luta pela superação de todas as formas de dominação impostas ao trabalho pelas artimanhas do capital. E, somente a partir desta superação seremos capazes de dar passos significativos para a reconquista de nossa própria consciência, ou seja, esta superação significa recuperarmos nossa capacidade de enxergarmos a nós mesmos no produto de nosso labor. E, quando levarmos a cabo esta superação, teremos edificado as condições para o trabalho como prática da liberdade e da construção de nossa consciência enquanto seres humanos criativos e livres.     

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

AS VOZES DO SILÊNCIO

Fonte: Arquivo Pessoal (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Parece até que já vi este filme. Os tempos presentes que se descortinam parecem ocultar o discurso camuflado da opressão. É um silêncio que, ao mesmo tempo em que não aparecem as vozes nem se distinguem os sons, ouvem-se ruídos dos grilhões que não estão explícitos, mas ocultos nas entrelinhas tenebrosas do silêncio imposto a todas as formas de expressão e manifestação da liberdade.
O silêncio oculto nas ações dissimuladas da opressão quer podar as poucas e parcas formas de liberdade, querem castrar o pensamento livre e a capacidade humana de decifrar e criticar o mundo. Em pleno regime ditado pelos princípios do iluminismo, querem apagar todas as luzes, querem tornar irracionais todas as expressões autênticas da razão. Por isso, não se pode mais lecionar filosofia, sociologia, pois, a um seleto grupo de juízes supremos que pairam sobre o conjunto dos povos, não interessa formar sujeitos críticos, não se pode formar pensadores, querem silenciar as vozes do próprio pensamento, da potencialidade de criação e inventividade humana. Diante disso, também querem desbotar as artes e todas suas formas de manifestação.
Por outro lado, querem inibir os acenos, as expressões do próprio corpo, pois, ele (o corpo) também pode expressar e manifestar pensamentos. Por isso, não se pode mais ensinar educação física, querem calar o nosso corpo, querem nos robotizar. É preciso múltiplas contemplações para compreender as vozes do silêncio, são necessárias múltiplas análises para entender a linguagem corporal. Neste labirinto do discurso silencioso dos opressores é possível ouvirmos os lamentos, as vozes da consciência e dos pensamentos reprimidos. Por isso, é fundamental realizarmos uma imersão em nossa própria consciência para forjarmos junto com os outros os instrumentos que poderão lapidar as chaves de nossa liberdade. É preciso que construamos as ferramentas que nos libertem deste vazio provocado pelas vozes do silêncio.     

domingo, 25 de setembro de 2016

MEU QUERIDO TIO DIDINHO: UMA LUZ QUE SE IRRADIA

Fonte: Arquivo Pessoal (2010)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Hoje, quarta feira (19/09/16) partiu um grande ser humano, um homem grandioso que tinha o dom de espalhar sua luz para todos os locais por onde passou, um ser humano com luz própria, cuja energia inebriou a todos que o cercavam. Hoje, partiu Bernardino Alves Borges (o Didinho), ou melhor, o meu Tio Didinho. E como foi especial este ser humano, uma estrela de primeira grandeza, de coração gigantesco que abrigava e acolhia a todos e o mundo todo.
Acima de tudo um homem ímpar, solidário, que sempre se preocupou com os menos favorecidos. Um homem de caráter superior, com um enorme senso de justiça social, que durante toda sua vida perseguiu sem tréguas a defesa intransigente dos valores humanos. Assim eu via meu tio, sob este prisma eu enxergava este grande homem. Ficar em sua presença era reconfortante, pois, ele irradiava luz própria, a energia dos justos, valores inerentes apenas àqueles de caráter inabaláveis.
Pois é! O Tio Didinho partiu! Porém deixou um rastro brilhante de ensinamentos, de bons exemplos, de um modelo de vida dedicado à solidariedade humana em todos os sentidos. Ele partiu, porém suas ideias, seu modelo de dignidade humana vão ultrapassar os tempos, pois sua vida foi edificada em cima de exemplos concretos, de ações que dignificam a essência humana e justificam a vida do homem, pois, ele não passou pela vida simplesmente por passar. Ele colocou em prática tudo aquilo em que acreditava, o que fez dele um ser humano ímpar, diferenciado em todo os sentidos. 
Posso afirmar que tenho muita sorte por tê-lo conhecido, por ter compartilhado com ele muitos momentos altamente significativos. O que eu posso dizer de meu Tio Didinho? Posso agradecê-lo por sua generosidade, pela sua grandeza, pelo seu amor incondicional ao ser humano e à sua família. Sua memória ficará para sempre na mente de todos aqueles que, de fato, o conheceram. Meu querido tio! Sua energia irá irradiar luz e calor pela imensidão do universo, aquecendo os corações de todos que precisam de sua luz, de sua sabedoria e de seus ensinamentos. Quando sentirem aquela saudade gostosa de sua presença basta procurar a estrela mais bela e mais brilhante, a estrela mais nova que povoa o firmamento. Adeus meu querido tio e muito obrigado pela oportunidade de ter convivido pelo menos um pouquinho contigo. Sem sua presença, com certeza o mundo ficará mais frio e mais sombrio, porém, o firmamento ficará mais belo, mais esfuziante e mais imponente.

É PRECISO MANTER A COERÊNCIA... O TEMPO TODO!

Fonte: Arquivo Pessoal (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Hoje me peguei a pensar sobre os tempos nebulosos, opacos e de incertezas pelos quais estamos passando. São tempos árduos, difíceis, que não nos permitem vacilar, temos, principalmente nestes tempos, que manter intacta nossa têmpera de discernimento sobre o que é real e o irreal, entre o concreto e o virtual, o sólido e o ilusório.
Aí me lembrei de uma frase meu “velho” (jovem) pai. Digo jovem, pois, ele se foi aos 47 anos de idade, vitimado pelo tripanosoma cruzi, o machado guerreiro, a famosa Doença de Chagas. Aliás, quase toda sua geração pereceu diante desta enfermidade. Mas, voltando ao meu pai, ele sempre dizia que “o homem precisa, a ferro e fogo, manter a coerência o tempo, todo, a vida toda” e completava, “e não pense você que é fácil, mantê-la (a coerência) o tempo todo, é a coisa mais difícil da vida”. Diante da atual conjuntura, das opacidades, da coisificação e formatação o homem  e do horizonte nublado que cobre a atual conjuntura política e econômica, a filosofia do meu “velho” pai ganha ainda mais sentido. Nestes tempos sempre temos que manter o frágil equilíbrio para andarmos sobre a linha tênue que separa a coerência da incoerência. E isto, hoje em dia torna-se, cada dia mais, um gigantesco desafio. Reflitam sobre isto, meus caros (as) amigos (as)! 

A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE




Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Este título de uma das grandes obras do Prof. Paulo Freire serve para filosofarmos um pouquinho sobre o binômio Educação/Liberdade que proponho para esta reflexão. É preciso compreender a educação como um processo dialético, ou seja, não é algo estático, ao contrário, trata-se de um processo resultante do movimento contínuo da aprendizagem inerente dos seres humanos que agem sobre o mundo no sentido de transformá-lo. E esse movimento da aprendizagem próprio do desenvolvimento cognitivo dos seres humanos, não é retilíneo, simples e contínuo, ao contrário, é um movimento que expressa rupturas, contradições, descontinuidades e saltos que tendem para o infinito.
Isto significa dizer que o processo de aprendizagem se inicia na medida em que conseguimos atribui significados aos objetos, ao mundo e às nossas ações sobre eles e continua até o final de nossa existência. É com base neste processo dialético que se edificam os princípios e fundamentos da Educação. E, neste sentido, a educação só se aplica sobre os seres humanos enquanto sujeitos livres. A Educação sem a prática da liberdade deixa de ser educação e passa a ser imposição, opressão.
Por isso, os verdadeiros educadores são aqueles que conseguem despertar nos educandos sua consciência para o “ser” no mundo, ao contrário do “ter” no mundo das coisas e no mundo dos homens. Os educandos deverão ser capazes de entender a si próprios num mundo a ser transformados por eles mesmos em uma ação coletiva. Diante disso, muitos são os opressores que dizem ter propostas para a educação. Na verdade tais propostas servem apenas para criar o controle sobre o processo criativo do desenvolvimento cognitivo dos educandos. Por isso, meus caros (as) amigos (as) fiquem atentos às propostas ilusórias que surgem do nada e em nome de uma “suposta” democracia criam modelos educacionais que, no fim das contas, visam a perpetuar o controle dos opressores sobre os oprimidos. Lembrem-se que a educação só terá sentido de for assumida enquanto uma prática de liberdade. Pensem sobre isto!