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domingo, 31 de julho de 2016

A ARTE DE SABER OUVIR

Fonte: Arquivo pessoal (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Os tempos d’agora, marcados fundamentalmente pelas novas Tecnologias da Informação e Comunicação, atrofiam as pessoas em sua capacidade de saber ouvir. Quando digo saber ouvir, não me refiro a ouvir qualquer coisa mas, sobretudo, a nossa capacidade de selecionar o que ouvimos, a nossa condição de seres pensantes, comunicantes que conseguem transformar o visual e/ou o virtual em conteúdos aproveitáveis e que possam nos auxiliar na compreensão da realidade. Mas não da realidade virtual, manipulada pela informática e seus infinitos aplicativos.
Meus caros amigos e amigas! Vivemos um grande vazio cultural nunca dantes experimentado e, em grande, parte isto se dá pela manipulação e falsificação midiática que chegam até nossos ouvidos de forma sonora e/ou de forma virtual na incrível quantidade de toneladas de bilhões de megabytes/segundo. Diante disso, torna-se extremamente relevante aguçarmos nossa capacidade de saber ouvir. Isto é, separar a verborragia que nos chega de forma virtual daquilo que é realmente sério, que nos mostra o cerne da realidade, que seja capaz de nos tirar das interpretações imediatistas e de superfície.  Como muito bem o diz meu amigo Humberto Guido: “é preciso escavar a realidade”.
O ato de saber ouvir sempre foi uma grande virtude, uma arte que pode separar a sabedoria da promiscuidade, da superfluidade, da imbecilidade. Quando ouvimos alguém com seriedade, somos convidados a mergulhar na reflexão aprofundada. Ninguém é dono da verdade absoluta, a realidade da vida não é um dogma, pois o que pode parecer, hoje, tratar-se da mais inquestionável verdade, amanhã poderá se converter em uma banalidade ou na mais cruel das falsificações. Na medida em que apuramos nossa capacidade de saber ouvir estaremos dando passos significativos no sentido de nossa construção como seres humanos melhores, mais puros, menos incompletos. É, meus caros amigos, saber ouvir é um dom é realmente uma arte, talvez uma das mais nobres delas. Pensem sobre isso!  

ERA UMA VEZ, NOSSAS RAÍZES...

Fonte: Arquivo Pessoal (2016)



Prof. Valter Machado da Fonseca
O nosso mundo anda tão complicado que, vez em quando, vale a pena brincarmos de “faz de conta”. É verdade, meus amigos e minhas amigas, o nosso mundo anda meio esquecido dos valores humanos, dos valores que nos ligam às nossas raízes morais e culturais. Mas, aqui quando me refiro à moral, não se trata da falsa moral, da moral burguesa sutilmente e nefastamente construída pela sociedade do consumo, da superficialidade, da banalidade, da mediocridade ou da imbecilidade. Quando me refiro às raízes culturais convoco a nossa revisita às nossas origens, às coisas, costumes, hábitos e tradições ardorosamente construídos e preservados por nossos antepassados e que nos ligam à terra onde nascemos e que ainda hoje mantêm acesa a chama das expressões artísticas e do nosso sentimento de “pertencimento” a um determinado lugar.
O sentimento de “pertencimento” a uma terra, a um dado lugar não é algo artificialmente produzido para atender aos interesses de alguém ou de um determinado grupo, não é algo que se acha à venda nas prateleiras de um Shopping Center ou de um supermercado qualquer. O “pertencimento” a um lugar trata-se de um valor altamente nobre, ligado à essência de nosso “ser”, enquanto humanos neste mundo. Trata-se da reconquista dos valores e aspectos culturais que nos remetem à lembrança fresca e reconfortante de nossas raízes e que dão real significado à nossa existência em determinado local neste planeta, seja no Sul, Sudeste, Norte, Nordeste ou nos rincões dos sertões deste país. Por isso, meus amigos, vez em quando, é extremamente relevante olharmos para trás e relembrarmos nossos amigos dos tempos de outrora, pois, se hoje evoluímos em algum sentido nesta vida, esta evolução teve uma origem, um começo. Portanto, para seguirmos em frente, torna-se fundamental olharmos sempre para trás, para o ponto onde tudo começou. Reflitam sobre isto!    

É PRECISO IR SEMPRE ALÉM

Fonte: Arquivo pessoal (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Hoje, novamente, me deu vontade de filosofar. Filosofar sobre a vida, seus caminhos, descaminhos, labirintos e desafios. Pois bem! A vida pode muito bem ser traduzida como um magnífico cipoal, ou seja, uma teia, um emaranhado de caminhos e estradas que se cruzam, se entrelaçam e, muitas vezes, se confundem. A vida é repleta de oportunidades, de momentos bons e outros angustiantes, amargos. Volta e meia ela nos oferece oportunidades ímpares, porém, para que façamos jus a elas, a vida nos propõe metas e formas de superação constantes de obstáculos e desafios. E, é preciso que nos preparemos sempre para enfrentá-los.
Muitas pessoas, muitas mesmo, acreditam que para conseguir alcançar seus objetivos basta que se acredite na vontade de atingi-los. Isto não se traduz numa verdade, é preciso ir muito além da crença em nossa vontade, é preciso colocar esta vontade em movimento, isto é, faz-se necessário apurarmos nossa capacidade de escolhas e de ação diante dessas escolhas. A vida, diuturnamente nos apresentará um leque de escolhas, porém, cada uma delas se ligará intrinsecamente a diversas consequências. Isto significa dizer que nem tudo é um “mar de rosas”, é preciso pagarmos o justo preço de nossas escolhas. A safra que iremos colher dependerá, fundamentalmente, da qualidade da semente que lançarmos ao solo e, mais que isso, é essencialmente imprescindível que saibamos providenciar os devidos cuidados no trato com a semente jogada na terra.
Entretanto, independente das escolhas que fizermos, é fundamental nossa ação prática contínua, precedida do pensamento e da reflexão. Então, uma tomada de decisão, por mais simples que ela seja, clama por um exercício constante de pensar-agir-refletir-agir. Portanto, a vida nos propõe constantemente um emaranhado de caminhos que irão desafiar nossa força de superação. E eu digo a vocês, meus caros amigos e minhas caras amigas: ainda bem que a vida, em toda sua simplicidade, nos propõe tarefas complexas que desafiam nosso pensamento, erguem barreiras e traçam abismos, obstáculos e desfiladeiros capazes de nos manter em constante movimento no sentido de sua superação. Afinal, as limitações só existem para serem superadas, não é verdade?      

SEGURANÇA ALIMENTAR E O VENENO QUE NOS SERVEM À MESA

Fonte: Blog Muito Além (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Prezado (a) Leitor (a)!
Por acaso, você já parou para pensar nos alertas e precauções sobre saúde que a TV, os jornais e o rádio nos trazem todos os dias? Se observarmos, com atenção, vamos perceber que, segundo a mídia, quase tudo faz mal à saúde. Em especial, os alimentos, quase que em sua totalidade, podem trazer sérias consequências para a saúde humana. Todos aumentam o colesterol, possuem gorduras saturadas, dentre outras sérias consequências. Somente o ovo, alimento milenar e nosso velho conhecido, já foi de “bandido” a “herói” uma centena de vezes. E as dietas para perder peso? Criam mil e uma fórmulas milagrosas para solucionar os problemas, também milenares, de obesidade. E todas essas campanhas são regadas com uma superdosagem de sensacionalismo, o tempero ideal para vender as fórmulas e as notícias.
Não estou dizendo que não devamos ter o devido cuidado com a saúde e com a escolha de nossos alimentos. O que, de fato, estou tentando demonstrar é que por trás das notícias existe uma grande pitada de ideologia consumista, voltada não somente para vender as notícias, mas, sobretudo, para manter vivo o exorbitante lucro da indústria de alimentos, de remédios, de vestuário, de material esportivo, de inibidores de apetite, de revistas e materiais “especializados” em dieta. Aliás, estes setores da indústria moderna possuem as maiores fatias dos lucros da sociedade de consumo.
Quando noticiam o aumento da produção de alimentos, nunca dão ênfase às cifras extraordinárias que são gastas em insumos agrícolas, em agrotóxicos, herbicidas, pesticidas, hormônios, em produtos transgênicos, dentre inúmeros outros venenos aplicados em nossa agricultura e pecuária. Quando ficamos seduzidos por aquele tomate [vermelhinho] que vemos na feira ou no sacolão, ou aquela alface verdinha, aquela cebola, couve-flor, dentre outras verduras, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de agrotóxicos e herbicidas gastas na sua produção. Quando vemos aquele filé de frango, de carne bovina, de carne suína, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de hormônios e outros produtos utilizados em sua produção. O frango que há poucos anos atrás levava dois meses para engordar e ser abatido, hoje é engordado em 30 dias.
As fórmulas realmente eficazes para o combate à obesidade, para uma alimentação saudável, ainda são aquelas que respeitam o tempo e as regras da natureza. Apesar de os alimentos apresentarem uma aparência mais feia, a alface, o tomate e a couve da nossa hortinha de fundo de quintal ainda possuem o seu valor e merecem o nosso respeito. O nosso franguinho caipira, apesar de ser mais sem jeito, mais magrinho e às vezes até com as perninhas tortas, também merece o nosso mais profundo respeito, admiração e consideração. Contra a obesidade, as pesquisas midiáticas ainda não descobriram nada mais saudável e eficiente que as velhas e seculares caminhadas e/ou práticas esportivas regulares. As receitas oferecidas pelas leis reais da natureza, só necessitam de um tempero: uma forte dosagem de simplicidade e bom humor.

SOCIEDADE DOS INVISÍVEIS

Fonte: UOL (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Quantas vezes você já parou para perguntar o nome da mulher ou do homem que varre a sua rua? Quantas vezes você já os cumprimentou? Quantas vezes você perguntou o nome do ascensorista de seu prédio ou do jardineiro de seu condomínio?    E aquele mendigo que sempre está na esquina? Aquela criança ou aquela mulher que dorme debaixo da marquise? E aquele catador de lixo? É chique a gente nominar seu ofício: “enchemos a boca” para dizer que ele trabalha com os “recicláveis”, ele cuida do nosso meio ambiente. Mas, na verdade, será que alguma vez já nos preocupamos em saber como é a vida dessas pessoas? O que elas pensam do mundo, da vida? Será que podemos considerar trabalho a atividade das pessoas que sobrevivem dos restos do que consumimos? Será que podemos considerar digno o trabalho das pessoas que sobrevivem do lixo, que reviram “os restos” das famílias abastadas em busca de alimentos para matar sua fome? Qual o projeto, qual a perspectiva de vida das pessoas que, durante 365 dias por ano, passam 24 horas sem saber se estará vivo no dia seguinte?
Há alguns anos (não me lembro bem quantos) um animal (um boi) premiadíssimo em todas as exposições agropecuárias engasgou com um pedaço de osso que estava na ração. Lembro-me que havia, aproximadamente, 12 veterinários em volta do animal. Aquela cena me chocou. Não que o animal não merecesse os cuidados, mas seria necessário uma dúzia de médicos para cuidar de um simples animal? Aí me veio à mente os milhares de pessoas que enfrentam, cotidianamente, as filas do SUS pelo país afora, desesperados à espera não de uma dúzia, mas de apenas um médico para consultá-lo. Veio-me à mente as centenas de pessoas que morrem nessas filas por falta de profissionais. Aí eu me pergunto; por que aquele boi precisa de doze profissionais? Por que ele vale mais que uma vida humana?
Prezado (a) amigo (a), o fato é que este modelo de sociedade coisifica o homem e a natureza. Atomiza as pessoas como partículas insignificantes. O homem nesta sociedade não passa de um objeto, descartável, cuja única função é vender sua força de trabalho em troca do florescimento da mais-valia: fio condutor e ponto nevrálgico do modelo de desenvolvimento da sociedade capitalista. O homem e a natureza são, sistematicamente, transformados em mercadoria a serviço do lucro. O que estava em jogo naquela cena do boi não era a preocupação com a bela aparência do animal, mas, sobretudo, o desespero, o medo de perder o lucro que aquele animal poderia proporcionar. E não proporcionou, pois ele morreu diante de uma dúzia de veterinários.