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sexta-feira, 29 de maio de 2015

O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS...

Fonte: oraculodealexandria.blogspot.com (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Quando o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry escreveu esta frase em “O Pequeno Príncipe” ele levantou uma das mais importantes reflexões que se arrastaria pelos séculos afora e que iria fazer com que a humanidade se indagasse sobre si própria. Esta célebre frase abre importante reflexão acerca das diferenças entre a essência e a aparência. Existe enorme diferença, um abismo, enfim, uma profunda distância entre “ver” e “enxergar”.
Esta frase que já nasceu com toda sua contemporaneidade, se torna ainda mais atual nos tempos presentes. Nos tempos onde o homem cria desejos e necessidades artificiais e se esquece, definitivamente, dos valores e das necessidades reais. Nesses tempos de hoje, nesta sociedade, o homem anula a realidade e iguala, de forma altamente cruel, a essência à aparência. Isto nos leva a buscar, outra vez, as reflexões contidas na frase de Saint-Exupéry: o que significa “ver” e o que significa “enxergar” o mundo e as coisas do mundo? Para que serve a vida se estamos sendo moldados para jamais buscar a nossa essência no mundo? Para que serve a vida, afinal, se estamos sendo moldados para nos contentarmos com a aparência do mundo e das coisas do mundo, aparência construída por poucos e que está totalmente distante de nossa verdadeira essência? Querem nos fazer crer que a essência de uns poucos tem que servir para muitos. Querem transformar a verdadeira essência do homem em aparência, em coisas, é a coisificação do homem, do mundo, da vida.
Por isso, o simples ato de “ver” está totalmente distante do nobre ato de “enxergar”. “Ver” o mundo e as coisas do mundo é simplesmente se contentar em admirar, é se estagnar na tranquila postura de observar o mundo apenas em sua aparência, recusando-se a buscar sua essência. Já o ato de “enxergar” o mundo é procurar por sua significação, é fugir da cômoda postura de simples admirador. É procurar, constantemente, por sua verdadeira função, seu real papel no mundo e, não simplesmente se contentar em admirá-lo. É também procurar a sua própria significação no “outro” que também compartilha contigo este mundo e as coisas do mundo. Qual é a sua relação com o outro neste mundo? Qual é a significação de termos a capacidade de raciocínio, de criação dentro deste mundo? Para que serve esta capacidade superior? Serve apenas para admirar o mundo e as suas coisas? Ou, será que serve para atuarmos neste mundo buscando, incessantemente, transformá-lo? Diante da nossa sublime capacidade de compreensão, de criação, de transformação, o simples dom da observação mecânica, estática, perde totalmente o sentido. Por isso, o “pequeno príncipe” jamais se abdicava de suas interrogações. Por isso, ele jamais desistia de buscar suas respostas. Ele não se contentava com o simples ato mecânico de “ver” o mundo, ele queria “enxergar” o mundo. Ele jamais se contentava com a mera aparência, ele sempre perseguia a busca da verdadeira essência de estar, de existir neste mundo.
Assim, Saint-Exupéry, num texto que muitos afirmam ter sido feito para a infância, nos mostra de maneira altamente adulta que a aparência não passa do simples indício da existência de uma real essência. Que o dom de “ver” o mundo nos indica que é necessário evoluirmos para a sublime condição de “enxergar” o mundo, buscando, incansavelmente sua transformação. Aí, nos indica que devemos abominar as afirmações como “se nascemos assim é porque assim deve ser”, ou “as coisas sempre foram assim”. São posturas como essas que transmitem a alguns poucos a sensação de que podem moldar a grande maioria, de que podem criar desejos, necessidades segundo sua própria vontade. São posturas como essas que fazem com que poucos se sintam no direito de criar aparências segundo sua medíocre essência [agora sem aspas]. Por fim, meu caro (a) leitor (a), o que mais existe neste mundo são pessoas que possuem os olhos perfeitos, uma visão incrivelmente perfeita, porém, não são capazes de enxergar absolutamente nada.

A MÍDIA E O VENENO QUE NOS SERVEM À MESA




Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Por acaso, você já parou para pensar nos alertas e precauções sobre saúde que a TV, os jornais e o rádio nos trazem todos os dias? Se observarmos, com atenção, estes alertas, vamos perceber que, segundo a mídia, quase tudo faz mal à saúde. Em especial, os alimentos, quase que em sua totalidade, podem trazer sérias consequências para a saúde humana. Todos aumentam o coeficiente de colesterol, possuem gorduras saturadas, dentre outras sérias consequências. Somente o ovo, alimento milenar e nosso velho conhecido, já foi de “bandido” a “herói” uma centena de vezes.
E as dietas para perder peso? Criam mil e uma fórmulas milagrosas para solucionar os problemas, também milenares, de obesidade. E todas essas campanhas são regadas com uma superdosagem de sensacionalismo, o tempero ideal para vender as fórmulas e as notícias. Aliás, elas [as notícias] também são enlatadas. Elas vêm envolvidas no tempero que leva uma pitada de violência urbana, outras de mediocridade, de pesquisas [algumas sérias e outras inventadas], de dados estatísticos, tudo isso sem contar o ingrediente que não pode faltar no banquete dos noticiários, uma grande dosagem de exagero. Se formos seguir, ao pé da letra, o que nos propõem as fórmulas mirabolantes da nossa mídia de cada dia, simplesmente deixaremos de viver, pois, tudo é proibido. Aliás, o que não é proibido hoje, pode sê-lo amanhã e vice-versa. 
Não estou dizendo que não devamos ter o devido cuidado com a saúde e com a escolha de nossos alimentos. O que, de fato, estou tentando demonstrar é que por trás das notícias existe uma grande pitada de ideologia consumista, voltada não somente para vender as notícias, mas, sobretudo, para manter vivo o exorbitante lucro da indústria de alimentos, de vestuário, de material esportivo, de inibidores de apetite, de revistas e materiais “especializados” em dieta. Aliás, estes setores da indústria moderna possuem as maiores fatias dos lucros da sociedade de consumo. Quando noticiam o aumento da produção de alimentos, nunca dão ênfase às cifras extraordinárias que são gastas em insumos agrícolas, em agrotóxicos, herbicidas, pesticidas, hormônios, em produtos transgênicos, dentre inúmeros outros venenos aplicados em nossa agricultura e pecuária.
Quando ficamos seduzidos por aquele tomate [vermelhinho] que vemos na feira ou no sacolão, ou aquela alface verdinha, aquela cebola, couve-flor, dentre outras verduras, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de agrotóxicos e herbicidas gastas na sua produção. Quando vemos aquele filé de frango, de carne bovina, de carne suína, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de hormônios e outros produtos utilizados em sua produção. O frango que há poucos anos atrás levava dois meses para engordar e ser abatido, hoje é engordado em 28 dias. É a tecnologia de alimentos, que aumenta, de forma exponencial os lucros, e diminui também de forma exponencial nossa saúde, ao mesmo tempo em que promove o surgimento de novas doenças e o fortalecimento das antigas.
As fórmulas realmente eficazes para o combate à obesidade, para uma alimentação saudável, ainda são aquelas que respeitam o tempo e as regras da natureza. Apesar de os alimentos apresentarem uma aparência mais feia, a alface, o tomate e a couve da nossa hortinha de fundo de quintal ainda possuem o seu valor e merecem o nosso respeito. O nosso franguinho caipira, apesar de ser mais sem jeito, mais magrinho e às vezes até com as perninhas tortas, também merece o nosso mais profundo respeito, admiração e consideração. Contra a obesidade, as pesquisas midiáticas ainda não descobriram nada mais saudável e eficiente que as velhas e seculares caminhadas e/ou práticas esportivas regulares. As receitas oferecidas pelas leis reais da natureza, só necessitam de um tempero: uma forte dosagem de simplicidade e bom humor.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A QUADRILHA DA CBF




Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
A casa caiu! Foi assim que o jornalista esportivo Juca Kifouri noticiou em seu blog no portal UOL o escândalo da CBF. Há tempos os desmandos da cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já vinham sendo enunciados pelas beiradas. Mas foi preciso a inteligência norte-americana (FBI), às vésperas das eleições da FIFA, entrar em ação para iniciar o desbaratamento da quadrilha que se encastelou na entidade máxima do futebol brasileiro. José Maria Marin e seus comparsas saíram presos (embrulhados em lençóis) de um hotel em Zurique na Suíça. Finalmente veio à tona o tamanho e a gravidade do tumor maligno que gangrenava o futebol brasileiro e sul americano.
O mais interessante é que a maior rede de TV brasileira, preocupada como está em julgar e condenar os réus da “Operação Lava Jato” da Petrobrás, não tenha sequer emitido uma linha sobre a quadrilha da CBF antes da ação do FBI. Será que eles não tinham nenhum indício dessas falcatruas? Ou será que a “Operação Lava Jato” é mais importante? Ou, será que existem diferentes graus de corrupção e, por causa disso deve-se apurar os mais graves em primeiro lugar?
Voltando ao caso, o mais grave é que a CBF se aproveita da boa-fé de nosso povo, apaixonado que é pelo futebol. Diante desses fatos de extrema gravidade, a eleição da FIFA que pretende perpetuar Joseph Blatter no poder, ficará sob suspeita e a entidade não terá legitimidade para representar o futebol mundial diante dos escândalos desencadeados a partir do caso CBF. Então, diante dos fatos e da proximidade de Blatter com os membros da quadrilha, uma suposta “reeleição” dele será ilegítima aos olhos do mundo esportivo e da opinião pública.
Por outro lado, o desmembramento da quadrilha da CBF abre espaços para que o futebol mundial e, especialmente no Brasil seja passado a limpo. É hora de questionarmos os salários exorbitantes de um seleto número de profissionais do futebol, ao passo que a grande maioria passa a maior parte do ano desempregada. É o momento oportuno de questionarmos as parcerias dos grandes grupos de materiais esportivos, de indagarmos para onde vão as receitas arrecadadas das bilheterias. Também é o momento de indagarmos sobre os contratos exclusivos dos direitos de transmissão dos jogos, dos direitos de imagem dos jogadores, de sabermos qual o real papel do empresário dos profissionais do futebol. Enfim, este é o momento tardio para, enfim, passarmos a limpo este que é o maior esporte popular de todos os tempos em nosso país.