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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Osso de Neandertal reforça tese de miscigenação entre primitivos

Foto: Bence Viola
Por NTV
O minúsculo osso de um dedo do pé de uma mulher Neandertal que viveu há cerca de 50 mil anos revela que algumas linhagens humanas primitivas se miscigenaram antes que um único grupo, o "Homo sapiens", ascendesse e dominasse os demais. O osso fornece a última peça de um projeto lançado em 2006 pelo antropólogo evolutivo europeu Svante Paabo de usar um DNA antigo para rastrear a odisseia humana.
Em estudo publicado na quarta-feira (18) na revista científica "Nature", uma equipe reportou que o osso adiciona um conhecimento genético extraordinário sobre os nossos primos, os Neandertais, que desapareceram cerca de 30 mil anos atrás. Os cientistas compararam o genoma com aqueles de dois outros grupos humanos que compartilharam o planeta na mesma época. Eram eles os Denisovanos - outro subgrupo misterioso, que teve vestígios descobertos na Sibéria - e os "Homo sapiens", como são chamados os Homens anatomicamente modernos.
A comparação aponta para a miscigenação - o "fluxo genético" na linguagem científica - entre os três grupos, embora sua extensão tenha sido limitada. Entre 1,5% e 2,1% dos genomas dos humanos atuais podem ser atribuídos aos Neandertais, revelou o estudo. A exceção são os africanos, que não têm contribuição dos Neandertais.
"Não sabemos se a miscigenação aconteceu uma vez, onde um grupo de Neandertais se misturou com os humanos modernos, se não voltou a acontecer ou se os grupos viveram lado a lado, e se houve miscigenação por um período prolongado", afirmou Montgomery Slatkin, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley. Os Denisovanos também deixaram sua marca no Homem moderno. Estudos anteriores revelaram que cerca de 6% dos genomas dos aborígines australianos, dos neoguineanos e alguns povos insulares do Pacífico vieram deste grupo.
A nova análise revelou que os genomas da etnia Han, majoritária na China, e de outras populações asiáticas, assim como dos nativos americanos, contêm cerca de 0,2% de genes dos Denisovanos. Os Neandertais, por sua vez, contribuíram com pelo menos 0,5% de seu DNA com os Denisovanos. Segundo o novo estudo, os dois grupos têm um passado genético intrigante. Cerca de 5% do genoma dos Denisovanos vêm de algum antepassado mais antigo. Uma hipótese é que este antepassado é o "Homo erectus", segundo Kay Pruefer, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, que chefiou a comparação.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Físico recua e nega existir buraco negro

Fonte: Estadão (2014)
Por NTV
O físico inglês Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, que se tornou notório como um dos criadores da teoria moderna do buraco negro, está causando barulho na comunidade científica pela publicação de um artigo online, ainda sem revisão de outros cientistas, que declara sem cerimônias: "Não existem buracos negros". A declaração tenta colocar um ponto final em uma discussão que se arrasta há décadas e que, em última instância, está na base de um dos principais desafios da Física: unificar a Teoria da Relatividade (que explica o mundo macroscópico) com a Mecânica Quântica (que explica o mundo microscópico).
A ideia de buraco negro -- um objeto cosmológico resultante do colapso de uma estrela, cuja massa gigantesca (que pode ser milhões de vezes maior que o Sol) é condensada em um único ponto, com tamanha força gravitacional que suga tudo o que está a sua volta, até mesmo a luz -- vem do início do século 20. Sua existência só pôde ser confirmada a partir da Teoria da Relatividade Geral, que Albert Einstein elaborou em 1915. Por décadas se imaginou que esse objeto apenas engolia outros objetos, mas não retornava nada para o espaço, o que contrariaria outras leis. Em 1974, Hawking propôs que no horizonte de eventos, uma espécie de fronteira do buraco negro, partículas escapariam como radiação, o que ficou conhecida como radiação Hawking. Assim, ele evaporaria lentamente até desaparecer. Essa conclusão acabou encaixando o buraco negro dentro da segunda lei da Termodinâmica, que prevê que a entropia (desordem) de um sistema nunca podia diminuir. Se o buraco só engolisse sem devolver nada, a entropia do Universo estaria comprometida.
Reportagem da revista científica Nature, que comentou o novo estudo de Hawking, lembra que a proposta da radiação gerou outras dúvidas, entre elas a que ficou conhecida como paradoxo da muralha de fogo. O físico Joseph Polchinski, do Instituto Kavli, propôs que, de acordo com a Teoria da Relatividade, se um astronauta tivesse o azar de passar perto do buraco negro, atravessaria sem perceber o horizonte de eventos e seria puxado como um espaguete para dentro do buraco. Mas, argumenta o pesquisador e colegas, pela Mecânica Quântica, a radiação Hawking não se dissiparia simplesmente, mas formaria uma muralha de fogo no entorno do horizonte de eventos. Assim, o astronauta seria queimado. O problema é que não dá para ser uma coisa ou outra. Apesar de os cientistas não saberem ainda como, para o mundo funcionar, as duas teorias têm de conversar.
Nova teoria. Hawking propôs agora, em artigo no site ArXiv, que, em vez de um horizonte de eventos, haveria um "horizonte aparente", uma superfície que pode capturar a luz, mas também pode mudar de forma por conta de flutuações quânticas, possibilitando que ela escape. Daí, ele conclui que, nesse sentido, os buracos negros como propostos originalmente não existem. "A ausência de um horizonte de eventos significa que não existem buracos negros no sentido de sistemas dos quais a luz não pode escapar para o infinito", escreveu Hawking no artigo.
Em entrevista à Nature, explicou: "Não há escapatória para um buraco negro na teoria clássica". Entretanto, a Mecânica Quântica "permite que energia e informação escapem de um buraco negro". Para resolver definitivamente o problema, só unificando as teorias, diz. Só que o problema, lembra ele à revista, intriga os cientistas há quase um século. Assim, "a explicação correta permanece um mistério", reconhece.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Europeu de 7 mil anos atrás tinha pele morena e olhos azuis

Fonte: CSIC (2014)


Por NTV
Ele tinha pele morena, cabelo castanho-escuro e olhos azuis; era intolerante a lactose e também não digeria muito bem amido; mas já tinha um sistema imune bem preparado para combater infecções. Assim era um homem caçador-coletor que viveu 7 mil anos atrás no sudoeste da Europa, antes do desenvolvimento da agricultura na região, segundo um estudo genético feito por pesquisadores com base no DNA extraído do dente de um fóssil descoberto nas cavernas da região de La Braña, na Espanha.
Os cientistas sequenciaram o genoma do esqueleto mesolítico (período de 5 a 10 mil anos atrás) e o compararam com o genoma de europeus modernos, assim como o de outros fósseis, em busca de pistas genéticas sobre a aparência, a fisiologia e o estilo de vida dos seres humanos da época naquela região. Para sua surpresa, encontraram genes que indicam que esse indivíduo em particular tinha, provavelmente, olhos azuis, pele morena e cabelos escuros -- uma combinação fenotípica pouco usual, que não se encontra nas populações europeias contemporâneas.
Segundo os pesquisadores, isso sugere que as características de pele branca e olhos claros, que predominam hoje na população europeia, evoluíram de forma separada uma da outra, e que a disseminação dos genes responsáveis pelos olhos claros pode ter precedido a dos genes responsáveis pelo clareamento da pele.
Outros genes dão pistas sobre a dieta e o metabolismo do homem, indicando que não tinha ainda a capacidade para digerir lactose e também não lidava muito bem com amido (um tipo de açúcar vegetal), "dando suporte à hipótese de que essas habilidades foram selecionadas mais recentemente, após a transição para a agricultura", com a domesticação de animais e plantas, segundo o trabalho publicado na revista Nature.
O estudo é mais um exemplo fantástico de como o avanço das tecnologias de extração e sequenciamento de DNA de fósseis está iluminando nosso conhecimento sobre o passado da nossa espécie, revelando detalhes e curiosidades que só os genes -- e não apenas os ossos -- são capazes de contar. Imagine só!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Costa Leste dos EUA e Norfolk estão afundando

Fonte: Damon Winter/New York Times (2014)
Por NTV
A pequena cabana branca à beira da água em Lower Manhattan é discreta – tanto que os turistas passeando pelo Battery Park recentemente nem colocaram os olhos nela uma segunda vez. De perto, porém, o telhado da cabana atrás de um prédio da Guarda Costeira surge cheio de antenas e outros equipamentos. Embora não muito maior do que um armário, essa instalação vem ajudando cientistas a entender um dos grandes mistérios ambientais de nossa era.
O equipamento no interior está conectado e sondas na água que rastreiam o fluxo e o refluxo das marés no porto de Nova York, e suas leituras são enviadas a um satélite a cada seis minutos. Embora o equipamento atual seja avançado, algum tipo de leitor de maré opera no Battery Park desde a década de 1850, sob um gabinete do governo fundado por Thomas Jefferson. Esse antigo registro de dados tornou-se inestimável para cientistas lutando com a seguinte questão: quanto o oceano já subiu de nível, e quanto ainda deve subir?
Cientistas passaram décadas examinando todos os fatores que podem influenciar o aumento dos mares, e sua pesquisa está finalmente levando a respostas; e quanto mais descobrem, mais os cientistas percebem um enorme risco para os Estados Unidos. Grande parte da população e economia do país está concentrada na Costa Leste, e cada vez mais evidências científicas sugerem que essa região será um ponto ativo global para o aumento do nível do mar no próximo século. O trabalho de detecção exigiu que os cientistas estudassem a influência das placas de gelo da antiguidade, o significado de ilhas que estão afundando em Chesapeake Bay, e até mesmo o efeito de um meteoro gigante que caiu na Terra.