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sábado, 11 de junho de 2016

Sob as luzes da cidade

Foto: imagens USP (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Da última vez que fui a São Paulo fiquei indagando a mim mesmo sobre o significado de uma megalópole daquela suntuosidade. Ao observar o emaranhado de arranha-céus que compõem aquele caos quase infernal, fiquei a imaginar onde seria a localização exata do equilíbrio daquela cidade, quantos segredos estariam ocultos por entre os labirintos infindáveis que compõem aquele caos. Fiquei a questionar quantas pessoas estariam nascendo naquele instante, quantos estariam morrendo, sendo acidentados, sendo assaltados, quantos estariam indo para o trabalho, quantos estariam retornando para seus lares. Mas, a pergunta mais inquietante talvez seja: por que diabos as pessoas se aglomeram como sardinhas em torno deste fabuloso centro urbano.
Nestes fantásticos centros urbanos, aos moldes de São Paulo, Nova Iorque, Cidade do México, Pequim, Tóquio, dentre outras, parece que as pessoas não passam de meros detalhes. Sob o ritmo frenético dessas localidades, as pessoas disputam uma guerra cotidiana em busca apenas de condições ínfimas de sobrevivência. Aí, convém nos perguntarmos: qual a importância de realizar cotidianamente, todas essas atribulações somente para nos mantermos vivos? Por que as pessoas se afastaram tanto da natureza, para se aglutinarem uns sobre os outros nestes centros urbanos “frios” e desumanos?
Pois bem, caros (as) amigos (as)! Esta é a cidade grande! Estes são os seres humanos! Os grandes centros urbanos do planeta, em especial as megalópoles, escondem em seus labirintos uma enormidade de vidas, de sentimentos, de dores e sofrimentos. Mas, parece que a selva de pedra, cimento, vidro e aço é capaz também de petrificar os seres humanos. É capaz de colocá-los a mercê de sua própria incapacidade de retorno aos ambientes naturais, suas almas já se congelaram na frieza do cimento armado.
É por isso que, vez em quando, devemos contemplar as luzes da cidade em busca de nossa própria energia, em busca de desbravar o emaranhado que compõem nossas vidas e, quem sabe um dia consigamos desvendar nossa própria solidão. Quem sabe as pessoas não se amontoam em busca da significação de sua própria essência num mundo cercado de pedra e cimento armado, frio, opaco, vazio. Quem sabe, um dia consigamos desvendar nossas luzes interiores e, quando conseguirmos decifrá-las talvez, finalmente descubramos os grandes segredos que se encontram envoltos no brilho intenso e frio das grandes cidades.         

domingo, 5 de junho de 2016

MORRE O MITO: FICA A LENDA

Foto: Correio de Uberlândia (2016)

Foto: Correio de Uberlândia (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Partiu nesta madrugada o maior mito de todos os tempos nos ringues do boxe mundial, Muhammad Ali, o Cassius Clay, vítima do Mal de Parkinson. Ele é natural de Louisville, Estado de Kentucky (EUA). Foi considerado pelos grandes estudiosos do mundo esportivo como o maior boxeador de todos os tempos. Sem dúvida nenhuma, Ali se imortalizou, tornou-se um mito dos ringues. Enfrentou e venceu os maiores boxeadores mundiais e, hoje foi derrotado fora dos ringues por uma doença degenerativa, contra a qual travou o seu mais longo combate: 35 anos de luta contra o Mal de Parkinson.
Apesar do imenso destaque mundial no mundo do boxe e do incontestável talento nesta modalidade esportiva, ele se notabilizou, sobretudo, pelas suas atitudes e posturas fora dos ringues. Muhammad Ali (nome que assumiu após sua conversão ao islamismo) foi um homem engajado na luta contra o preconceito racial e contra a opressão norte americana sobre os países pobres do planeta. Era um homem que tentava alinhavar seu discurso à prática de contestação à tirania norte americana, especialmente contra os países periféricos. Isto ficou demonstrado, de forma evidente, em sua recusa em servir o exército americano quando da invasão do Vietnã.
Assim, a grandeza de seus combates ganharam muito mais significação diante de sua postura política contra a exploração e opressão dos povos pobres pelos governos dos EUA. Mais que um lutador dos ringues, Ali foi um homem contundente em suas ações humanas contra as injustiças e a discriminação, contra o racismo e o preconceito. Diante disso sua enorme estatura física se agiganta ainda mais diante de seu caráter e determinação inabaláveis que nortearam toda a sua vida. Foi-se o grande mito, porém, a história tratará de eternizar sua figura lendária. Muhammad Ali foi um gigante, tanto dentro como fora dos ringues, será para sempre um eterno campeão.          

Aos meus mestres com carinho...

Foto: Arquivo pessoal (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Hoje, me peguei a pensar sobre meus antigos professores. Aí me bateu aquela saudade gostosa de se sentir. Durante toda a minha vida sempre frequentei a escola pública, desde o Ensino Fundamental, passando pelo Ensino Médio, Ensino Superior até chegar ao pós-doutorado.
Senti uma saudade especial de meus professores do Ensino Fundamental no Ginásio Nossa Senhora da Piedade, em Lagoa Formosa (MG), minha cidade natal. Lembro-me com carinho de meus mestres Ophir Ribeiro (médico), Wander Avelar (cirurgião dentista), Maria Ribeiro (professora de português), Carmem Ribeiro (professora de ciências), Antônio Sérgio Avelar (matemática), Maria Caixeta (português), Darcy (Francês e Inglês), dentre inúmeros outros.
Todos esses mestres tinham algo em comum, como a seriedade com que ensinavam, a paixão pela docência, o rigor e o compromisso com que encaravam a sala de aula. Não toleravam a indisciplina, preparavam com carinho cada minuto de suas aulas. À época nós (os alunos) nos revoltávamos com o excesso de disciplina e com o rigor em sala de aula, porém, hoje percebo como isto foi importante para a minha formação. Como a base é fundamental para a formação não somente acadêmica, mas, sobretudo, da pessoa em sua essência humana. Esses grandes mestres não se preocupavam apenas com o conteúdo, preocupavam-se e muito com a formação humana de seus alunos e alunas. A maioria dos meus professores do Ensino Fundamental já é falecida, porém, serei eternamente grato a esses adoráveis mestres e formidáveis seres humanos.