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sábado, 27 de fevereiro de 2016

A SOMBRA E A ESCURIDÃO

Foto Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2015)    Fonte: Arquivo pessoal



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Uma parcela considerável de historiadores, filósofos e pensadores costuma, até erroneamente, chamar a Idade Média de “Era ou período das Trevas”. Eles não analisam que no interior da dita “Era das Trevas” estava em plena gestação uma efervescente corrente de pensadores, filósofos, poetas, escultores, pintores , enfim uma gama de estudiosos e artistas que construíam as bases de uma nova forma de ver o mundo e intervir nele: a “Idade das Luzes” ou “Iluminismo”, corrente de racionalistas que iriam abalar as bases do regime feudal e, ao mesmo tempo, edificaria os pilares de um novo modelo de sociedade embasado no predomínio da razão, pondo por terra os valores arcaicos da Igreja e da nobreza. Então a suposta “Idade das Trevas” possuía um potente feixe de luz em seu interior. Então, na verdade, as “trevas” estavam iluminadas.
Mas, o que tem a ver a Idade Média” com a dita “sociedade do conhecimento e da informação”, modelo de pensamento dos tempos d’agora? Meus caros amigos! Não existe nada em comum com os tempos medievais. Estamos numa sociedade hegemônica gerida e controlada pelo lucro e a ganância capitalista. Exterminam a cultura e implementam a contracultura, exterminam a música, a pintura, a escultura, a filosofia, enfim matam as artes e todas as formas de pensamento. Tudo é “enlatado”, “formatado”, produzido em série aos moldes do fordismo, do taylorismo, do Toyotismo. Aqueles que ousam resistira à lógica perversa da Globalização Econômica, nos dizeres do grande Milton Santos, vivem nas sombras dos poderosos.
Então, na verdade existem dois grupos bem definidos: o primeiro concorda e defende esta lógica ilógica de sociedade. Vivem nas sombras de sua própria imbecilidade. Já o segundo Grupo, a imensa maioria da população planetária, compõe a grande reserva de mão de obra barata e de reserva a serviço da expansão da mais-valia, de forma consciente e/ou inconsciente, pois, precisam sobreviver, precisam, pelo menos existir, sem nenhuma esperança ou quaisquer formas de projetos de mundo, de homem e de natureza. Estes vivem na mais completa escuridão. Então, diferentemente dos tempos do feudalismo, neste modelo de sociedade não existe sequer um feixe de luz. Existem somente a sombra e a escuridão.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A velocidade das informações “diminui” as distâncias e “distorce” a relação espaço/tempo

Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2016)    Fonte: Arquivo pessoal.



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Quase todo mundo conhece a fórmula da Física, S = vt. Pois bem, esta singela, porém fundamental equação nos dá a noção de distância (espaço) em função da velocidade e do tempo. Ela explica matematicamente a relação espaço/tempo em função do aumento ou da redução da velocidade.
Iniciei propositalmente esta reflexão com o auxílio da Física, no sentido de tentarmos compreender o fenômeno da velocidade e do volume cada vez maiores de informações que chegam a nosso cérebro por meio da potencialização das TICs, em especial da Rede Mundial de Computadores (Internet) e as consequências disso para a educação.
Muito bem, meus caros amigos! Nosso sistema cognitivo é bombardeado diuturnamente por um gigantesco volume de informações que dificultam seu deciframento e entendimento pelas nossas funções mentais superiores. Ou seja, o elevadíssimo volume e a rapidez das informações que chegam até nosso cérebro passa-nos a impressão de que o mundo está de ponta cabeça, que o aumento da velocidade dos transportes e das telecomunicações diminuem as distâncias entre os mais longínquos e diferentes povos.
Isto tem um reflexo direto na escola e no processo de ensino-aprendizagem, pois, um determinado conteúdo trabalhado em classe no dia de hoje, pode estar arcaico e ultrapassado no dia de amanhã. Diante disso, as transformações na relação espaço/tempo se processam de forma extraordinária e até mesmo assustadora. Diante disso, a escola precisa pensar mecanismos para tirar proveito dessas enormes transformações para o aprimoramento e desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. E isto exige dos profissionais da educação o ato de repensar suas práticas pedagógicas, suas avaliações, suas práticas, seus textos e a (re)organização do trabalho escolar. Caso contrário, a escola assumirá simplesmente o papel de reprodutora das informações disseminadas pelas mídias, as quais, em sua maioria, possuem maior potencial desinformativo do que formativo do educando enquanto ser pleno, íntegro, integral e, sobretudo dificultando a construção de sujeitos aptos a enfrentarem sua aventura maior: o mundo e a vida. Reflitam sobre isto!         

sábado, 20 de fevereiro de 2016

TALVEZ, O ÚLTIMO PÔR DO SOL!

Fonte: Revista Fórum (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Partiu! Foi ontem, dia 19 de fevereiro que partiu o escritor e filósofo italiano Umberto Eco! Talvez, um dos maiores pensadores do último século. Filósofo em toda a extensão da palavra, pois se preocupou, sobretudo, com as banalidades, falcatruas e monstruosidades que povoam a história da humanidade.
Sua crítica necessária, sutil e, por vezes impiedosa, é a marca maior de um trabalho quase completo. Sem dúvida alguma, o autor de “O nome da rosa”, talvez até pressentindo sua partida fez a crítica mais importante e necessária de sua obra a pseudodemocracia dirigida das redes sociais e da internet. Como ele bem destacou “as vozes dos imbecis”. Com certeza, o vazio deixado pela ausência de Umberto Eco deu um realce maior à sombra e à escuridão.
Dificilmente teremos novamente um pensamento e uma voz tão ousada e necessária. Foi-se um pensamento capaz de deixar menos sombria as ciências humanas. Foi-se o dono de um pensamento capaz de expressar com a medida exata a imbecilidade e as aberrações humanas. Farão falta esta voz, este pensamento e esta ousadia. Talvez tenha ido embora o último pôr do sol!