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domingo, 18 de novembro de 2012

Dia 20 de novembro: dia da consciência de todos os oprimidos!

Ilustração: Dança/luta Capoeira               Fonte: entretenimento.r7.com


Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Neste 20 de novembro de 2012 é chegado o momento de outra reflexão sobre o Dia Nacional da Consciência Negra. Como acontecem todos os anos nesta data, existem duas formas distintas de reflexão acerca do significado simbólico deste dia. Existem aqueles que acreditam ser uma data comemorativa, festiva, com farta distribuição de bombons, flores e homenagens individuais, enfim, apenas mais uma data festiva, objetivando o aquecimento do comércio. Porém, por outro lado, há outros que acreditam que a data seja um momento propício para os debates em torno do significado de “liberdade” e, portanto, a data demanda uma reflexão aprofundada dos caminhos e lutas (sempre árduos) para se conquistar o “estado de liberdade” plena, condição sine qua non para a construção da essência da consciência plena dos indivíduos em ser, num mundo em que a maioria simplesmente se contenta em estar.    
É essencial que salientemos que a liberdade é um estado de consciência plena dos indivíduos, decorrentes das ações práticas desses sujeitos em um mundo real e habitado por seres reais, inseridos também numa vida real, na qual os sujeitos estão sempre em interação plena, mediada por relações socais. Então, daí pode-se concluir que o ato de ser no mundo é totalmente adverso ao estado de simplesmente estar nesse mundo. 
A condição de ser neste mundo se complexifica ainda mais quando nos defrontamos com um mundo que, a cada dia, se torna mais artificial, sintético, onde os valores morais e éticos (aqui não me refiro à ética edificada pela sociedade capitalista) vêm sendo, sistematicamente, substituídos pelos valores vazios, superficiais, etéreos, alicerce das práticas consumistas da sociedade moderna. Nesta direção interpretativa, concluímos que liberdade não é algo palpável, sólido, não se encontra à venda e nem pode ser medida pelos valores e o marketing do consumismo, marcas indeléveis desta sociedade do supérfluo e do descartável. Ao contrário, a liberdade é um estado abstrato, subjetivo e que leva à sensação de realização da essência do ser social do indivíduo que vive e convive com outros indivíduos, num mundo mediado por relações humanas.
Assim, este dia 20 de novembro constitui-se num momento privilegiado, altamente significativo, para questionarmos nossa própria consciência de ser ou simplesmente estar nesse mundo regido pelo controle, normas e essência da mais-valia capitalista. Então, a cada dia que passa mais necessário se faz uma reavaliação e novas reflexões acerca do estado de consciência plena necessário para se atingir essa tal liberdade. Faz-se preponderante que reavaliemos nossas ações num diálogo aberto, franco e fraterno com nossas próprias consciências. E, infelizmente, nem todos possuem a coragem suficiente para realizar este diálogo, pois, em grande parte das vezes, sua consciência já não mais habita em seu corpo, em sua própria matéria.
Então, caros (as) leitores (as)! A nossa luta deve se dar tanto num patamar externo, contra as injustiças, os preconceitos e discriminações, como em sua dimensão interna, contra a opressão que nós mesmos nos impomos, de forma extremamente dolorosa em nossa própria essência, em nossa própria consciência. É preciso que tomemos a dosagem certa de cuidado para que bem no fundo de nossa essência, de nossa própria consciência, não estejamos abrigando, refugiando ou escondendo os valores que mantém vivo o monstro da opressão de nós mesmos e de nossa própria espécie. Faz-se urgente que prendamos o monstro da opressão e libertemos os milhares de zumbis que habitam nosso íntimo, se, de fato, queremos atingir a tal sonhada liberdade.      


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

SÃO PAULO EM CLIMA DE GUERRA CIVIL!

Fonte: blogdosargentotavares.blogspot.com

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*

Recentemente publiquei no Jornal de Uberaba, um artigo no qual eu abordava a enorme quantidade de vítimas fatais no trânsito brasileiro. Naquele artigo apontei números que demonstram que a quantidade de vítimas do trânsito em nosso país, em decorrência de diversos fatores como má conservação das estradas, descuidos de autoridades, drogas e embriaguez, imprudências dos motoristas, má sinalização de rodovias, dentre outros aspectos, produziram um número exorbitante de óbitos que podem ser comparados com as mortes em diversas guerras civis em inúmeras regiões do mundo.
Neste artigo que ora escrevo, quero abordar algo extremamente pior do que os acidentes e mortes no trânsito. Temos assistido, já por quase um mês, às consequências dos confrontos diretos e abertos na capital paulista entre as gangues e grupos ligados à indústria do narcotráfico e as forças policiais da cidade de São Paulo. Na verdade, estes confrontos não apenas servem de comparação com as diversas guerras civis que ocorrem pelo mundo afora, eles são a própria guerra civil, direta e aberta, em pleno território brasileiro.
Várias são as causas que podem estar por detrás de tais enfretamentos sangrentos, que resultam num saldo médio de 10 a 12 assassinatos e chacinas diárias, tristes estatísticas que já perduram há mais de um mês. Estes fatos horripilantes vêm demonstrar a ineficiência e incompetência (para não dizer total ausência) do Estado no controle de pontos chave da capital paulista. E, coincidentemente, estes tristes episódios ocorrem concomitantemente com as famosas ações da polícia no Estado do Rio de Janeiro, ironicamente denominadas pelos representantes do Estado carioca de “pacificação dos morros” da cidade maravilhosa.
Ora, meus (minhas) caros (as) leitores (as)! É importante destacarmos que estas verdadeiras carnificinas acontecem exatamente no momento em que o país se prepara para abrir o processo de preparação para a Copa do Mundo de 2014, por intermédio da Copa das Confederações que ocorrem já no ano de 2013. Qual será o significado da reação desses grupos representantes da indústria do narcotráfico? Nas entrelinhas desses confrontos podemos verificar uma autêntica “queda de braço” entre o braço armado do Estado brasileiro (representado pela força policial paulistana) e o poder paramilitar dos grupos representantes da forte indústria do narcotráfico (agora totalmente instalada em São Paulo). As ações de carnificina desses grupos deixam totalmente a nu a ineficiência, a incompetência e a total fragilidade das instituições do Estado brasileiro, frente ao organizado e fortíssimo poderio bélico do crime organizado e instalado nos grandes centros urbanos de nosso país.
Diante deste quadro deprimente de genuína e autêntica guerra civil em território brasileiro, em que os únicos e maiores perdedores são as crianças, homens e mulheres de bem de nosso país, trabalhadores e trabalhadoras que além de tomarem para si a nobre tarefa de edificar esta nação, ainda têm que enfrentar durante todos os dias as balas perdidas e, sobretudo, as incertezas da volta para suas casas ao fim da jornada diária de trabalho. Como muito bem disse Cazuza: que país é esse? É preciso que fiquemos atentos, pois essa poderosa guerra civil bem no coração do Brasil poderá nos dar, antecipadamente, um ouro que poderá figurar tristemente junto às premiações da Copa do Mundo de 2014 e no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de 2016, ou seja, uma medalha de ouro fruto da conquista de um recorde mundial de chacinas e assassinatos bem no coração do Brasil, na região metropolitana de São Paulo. Um recorde que poderá marcar com o sangue de milhares de inocentes o solo fértil do imponente (porém impotente) continente sul americano.                 



* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A EFÊMERA EXISTÊNCIA HUMANA!

 
Fonte: portuguesapoesia.blogspot.com
 
 
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
É muito comum nos interrogarmos: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Estas interrogações povoam as mentes de milhões de pessoas e a ciência tem buscado estas respostas há centenas de anos. O fato é que são indagações intrigantes e cujas respostas parecem estar cada vez mais distantes.
Em grande parte das vezes o homem não consegue aceitar a ideia de sua finitude e de quanto é efêmera sua existência. Assim, ele precisa encontrar alternativas que lhe deixem algumas lacunas para abrandar o desespero de sua incompletude e de sua finitude. Assim como todas as espécies que compõem a “Teia da Vida”, o homem nasce, cresce, reproduz e morre. Neste sentido, sua vida somente possui, de fato, significado no plano dessa existência, agora, neste breve momento histórico e neste planeta. O ser humano difere das demais espécies de seres vivos pela sua capacidade de raciocínio, isto é, pela sua capacidade de, a partir dos conhecimentos adquiridos, reorganizá-los, reproduzi-los e produzir novos saberes e conhecimentos diferentes dos primeiros. E, esta capacidade de raciocínio lhe foi conferida devido à sua necessidade de adaptação ao ambiente terrestre, bem como às adversidades deste ambiente. Podemos verificar que de todas as espécies superiores da “Cadeia Alimentar” ou da “Teia da Vida”, o homo sapiens, com certeza, é a mais frágil, porém, sua capacidade de raciocínio o coloca num patamar superior às demais espécies.
Então, devido a esta capacidade de raciocinar, o homem precisa deixar sua marca nesta vida real, neste mundo real, sob pena de simplesmente passar pela vida, como uma espécie secundária qualquer. Mas, uma das maiores fragilidades do homem se mostra exatamente na sua dificuldade de aceitação de sua própria incompletude e finitude. Porque adiar para uma suposta vida futura (que ele insiste em acreditar, não porque acredita realmente, mas pelo fato de que precisa acreditar por não suportar a ideia de finitude) se ele pode realizar suas ações aqui nesta vida e neste mundo real, no qual ele vive.
Mas, ele tem a necessidade urgente de se afirmar enquanto o grande ser da criação, movido pela prepotência própria de sua incompletude, de sua própria finitude neste imenso universo em expansão. O que é o ser humano dentro da enorme imensidão espacial? O que somos dentro de um universo infinito e constantemente em expansão? Basta apenas uma explosão nuclear mais significativa acima dos efêmeros limites da nossa atmosfera para que toda a raça humana se extinga. A exposição dos núcleos de plutônio dos reatores nucleares da Usina japonesa, devido aos abalos sísmicos resultantes do último terremoto, por pouco não extinguiu e maioria da população humana do planeta. Estivemos muito próximos de um quase aniquilamento da maioria dos seres humanos, em função do último terremoto em território japonês.
Ora, meus (minhas) caros (as) leitores (as)! A raça humana deve procurar indagar, urgentemente, qual é o seu lugar na “Teia da Vida”, qual é sua função nesta vida real e neste mundo também real. O ser humano precisa aprender a aproveitar ao máximo sua efêmera existência neste breve momento histórico neste planeta azul, sob pena de se tornar num brevíssimo piscar de olhos em apenas uma ínfima quantidade de energia e um punhadinho de pó. A ínfima quantidade de energia irá se juntar a outras tantas formas de energia que mantém o equilíbrio do grande ecossistema planetário, enquanto que o pequeno punhado de pó irá se transformar em adubo para a continuação da vida das demais gerações de outras tantas espécies de seres vivos. E a sua prepotência, para onde irá? Com certeza se perderá para sempre nos anais da história da humanidade neste pequeno planeta azul inserido na imensidão do espaço sideral.


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com