Fonte: Arquivo Pessoal (2015) |
Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca
Parece até que já vi este filme.
Os tempos presentes que se descortinam parecem ocultar o discurso camuflado da
opressão. É um silêncio que, ao mesmo tempo em que não aparecem as vozes nem se
distinguem os sons, ouvem-se ruídos dos grilhões que não estão explícitos, mas
ocultos nas entrelinhas tenebrosas do silêncio imposto a todas as formas de
expressão e manifestação da liberdade.
O silêncio oculto nas ações
dissimuladas da opressão quer podar as poucas e parcas formas de liberdade,
querem castrar o pensamento livre e a capacidade humana de decifrar e criticar
o mundo. Em pleno regime ditado pelos princípios do iluminismo, querem apagar
todas as luzes, querem tornar irracionais todas as expressões autênticas da
razão. Por isso, não se pode mais lecionar filosofia, sociologia, pois, a um
seleto grupo de juízes supremos que pairam sobre o conjunto dos povos, não
interessa formar sujeitos críticos, não se pode formar pensadores, querem
silenciar as vozes do próprio pensamento, da potencialidade de criação e
inventividade humana. Diante disso, também querem desbotar as artes e todas
suas formas de manifestação.
Por outro lado, querem inibir os
acenos, as expressões do próprio corpo, pois, ele (o corpo) também pode
expressar e manifestar pensamentos. Por isso, não se pode mais ensinar educação
física, querem calar o nosso corpo, querem nos robotizar. É preciso múltiplas
contemplações para compreender as vozes do silêncio, são necessárias múltiplas
análises para entender a linguagem corporal. Neste labirinto do discurso silencioso
dos opressores é possível ouvirmos os lamentos, as vozes da consciência e dos
pensamentos reprimidos. Por isso, é fundamental realizarmos uma imersão em
nossa própria consciência para forjarmos junto com os outros os instrumentos
que poderão lapidar as chaves de nossa liberdade. É preciso que construamos as
ferramentas que nos libertem deste vazio provocado pelas vozes do
silêncio.
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