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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Além do Horizonte!

Fonte: blogs.diariodepernambuco.com.br
Por Valter Machado da Fonseca

Andei por caminhos longos, tortuosos, cheios de lama
Atravessei vales profundos, imundos, mergulhei no poço sem fundo
Cortei cerrados, me feri em espinheiros, caí no despenhadeiro
Fui cortado pela lâmina, reluzente e afiada da navalha
No corpo sujo, suado, em tecidos maltrapilhos, surrados
Estavam as manchas escuras, envelhecidas pelo sangue da batalha

Mergulhei no lamaçal fétido, do pântano encharcado
Equilibrei-me nas pedras soltas, com pontas afiadas
Enveredei-me pelo deserto, árido, sem vida, de calor sufocante
Sob o sol escaldante, desejei por um breve instante
Soltar para o infinito um interminável grito de socorro
Não sabia que esse grito, perdido no infinito, encontraria o seu destino

Do outro lado do horizonte, tinha alguém no mesmo desatino
Também desabafava, e soltava com furor o mesmo grito de pavor
Seu pedido em altos brados, também cortava o deserto
Parecia que o outro atrás do horizonte, também desafiava
Os caminhos tortuosos, os vales profundos, os cerrados e os espinheiros
Encontrara um parceiro, talvez um companheiro, pra enfrentar a jornada

Enchi-me de esperança, com forças redobradas,
Com as pernas apressadas, segui em disparada
Em busca do horizonte, distante, quase inatingível
Mas o desejo da procura, a ânsia interminável do encontro
Criava da areia fumegante, a esperança implacável
Da rapidez do relâmpago, num curto tempo, cruzar o horizonte

Mas as pernas fraquejavam, o peito arfava, o ar faltava
Os passos, trôpegos, vacilavam como um bêbado na avenida
Os olhos marejavam, a boca seca, a garganta sufocava
O chão se aproximava da visão, as narinas dilatavam
À procura do ar, inexistente, parado, sufocante
Por fim as pernas vergaram, o corpo desabara na areia

Num último esforço, rastejando a duras penas
Finalmente cruzei o infinito e longínquo horizonte
Do outro lado meus olhos procuravam em desespero
Não havia nada, ninguém, somente o deserto, frio, vazio
O grito que ouvira no horizonte, tornara-se um tormento
Era apenas o som rouco...
Do eco sombrio do meu próprio lamento!
 

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