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Fonte: The New York Times (2013) |
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Fonte: The New York Times (2013) |
Por NTV
Na
última segunda-feira, com base em uma nova análise de dados da sonda
Kepler da NASA, astrônomos informaram que o número de planetas habitáveis do
tamanho da Terra pode chegar a 40 bilhões apenas nesta galáxia. Uma em cada
cinco estrelas da galáxia que são parecidas com o Sol tem um planeta do tamanho
da Terra orbitando em torno de si na zona Goldilocks – nem muito quente, nem
muito fria – onde as temperaturas da superfície devem ser compatíveis com a
água em estado líquido. É o que indica um cálculo hercúleo de três anos baseado
em dados da sonda Kepler e realizado por Erik Petigura, estudante de
pós-graduação da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
A
análise de Petigura representa um grande passo em direção ao objetivo principal
da missão Kepler, que foi medir qual fração de estrelas parecidas com o Sol têm
planetas do tamanho da Terra na galáxia. Às vezes chamado de 'eta-Terra', se
trata de um fator importante para a chamada equação de Drake, usada para
estimar o número de civilizações inteligentes no universo. O artigo de
Petigura, publicado na segunda-feira na revista Atas da Academia Nacional de
Ciências, acrescenta mais uma nuance interessante em um cosmos que tem se
mostrado cada vez mais amigável e fecundo ao longo dos últimos 20 anos. 'Parece
que o universo produz inúmeros ambientes que de alguma forma se assemelham à
Terra no sentido de que são propícios para a vida', disse Petigura.
Ao
longo das duas últimas décadas, os astrônomos registraram mais de mil planetas
em torno de outras estrelas, denominados exoplanetas, e a sonda Kepler, em seus
quatro anos de vida, antes de sofrer um problema mecânico em maio passado,
compilou uma lista de cerca de 3500 outros candidatos. Os próximos resultados
podem suscitar planos para encontrar um planeta gêmeo da Terra nos próximos
anos e décadas – uma Terra 2.0, como diz o jargão – perto o suficiente daqui
para ser estudado. O mais próximo desses planetas pode estar a apenas 12
anos-luz de distância. 'Essa estrela poderia estar visível a olho nu', disse
Petigura.
Suas conclusões se baseiam em um
relatório divulgado no início deste ano por David Charbonneau e Courtney
Dressing, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que descobriram que
cerca de 15 por cento das estrelas menores e mais numerosos conhecidas como
anãs vermelhas têm planetas parecidos com a Terra em suas zonas habitáveis.
Usando pressupostos um pouco menos conservadores, Ravi Kopparapu, da
Universidade Estadual da Pensilvânia, descobriu que metade de todas as anãs
vermelhas possuem tais planetas. Os astrônomos estimam que existam pelo menos
200 bilhões de estrelas de todos os tipos na Via Láctea, o que leva a imaginar
– quem sabe – que talvez haja alguns micróbios ou criaturas mais complicadas
pela galáxia afora.
Geoffrey Marcy, da Universidade
da Califórnia, em Berkeley, que orientou a pesquisa de Petigura e foi coautor
do estudo, juntamente com Andrew Howard, da Universidade do Havaí, disse: 'Este
é o trabalho mais importante no qual eu já estive envolvido. Isso diz tudo.
Existem outras Terras habitáveis por aí?' 'Estou com um friozinho na barriga',
contou ele.
Em uma coletiva de imprensa
realizada na sexta-feira para discutir os resultados, os astrônomos elogiaram
profusamente a missão Kepler e sua equipe. Natalie Batalha, um dos principais
nomes da missão Kepler, do Centro de Pesquisa Ames, da NASA, descreveu o
projeto e seus membros como 'o que a humanidade tem de melhor.' De acordo com o
novo cálculo de Petigura, a fração de estrelas com planetas semelhantes à Terra
é de 22 por cento, com uma margem de erro de 8 por cento, dependendo do modo
como definimos a zona habitável. Existem várias ressalvas. Embora esses
planetas sejam do tamanho da Terra, ninguém sabe quais as suas massas e,
portanto, se eles são rochosos como a Terra, se são bolas de gelo ou gás, e
muito menos se é – ou será – possível habitá-los.
No entanto, temos motivos para
acreditar, a partir de observações recentes de outros mundos, pelo menos alguns
planetas do tamanho da Terra, se não todos eles, são de fato rochosos. Na
semana passada, dois grupos de astrônomos anunciaram que um planeta do tamanho
da Terra, chamado Kepler 78b, que leva 8,5 horas para completar a órbita em
torno do seu sol, tem densidade equivalente a da Terra, embora seja quente
demais para ser habitado por formas de vida. 'A natureza', como Petigura
colocou, 'sabe como produzir planetas rochosos do tamanho da Terra.'
Além disso, o número é mais
incerto do que poderia ser porque o sistema de apontamento da sonda Kepler
falhou antes de completar seu levantamento principal. Como resultado, Petigura
e seus colegas tiveram que extrapolar os planetas ligeiramente maiores do que a
Terra, com translações um pouco mais breves e estreitas. Para os propósitos de
sua análise, o 'tamanho da Terra' considerado poderia ser qualquer um entre uma
a duas vezes o diâmetro da Terra, e uma translação semelhante à da Terra
ficaria entre 400 e 200 dias. 'Nós ainda não temos candidatos a planetas que
sejam análogos exatos da Terra em termos de tamanho, órbita ou tipo de
estrela', disse Batalha.
Já Charbonneau levantou 'a
questão assustadora que assombra a todos nós, caçadores de exoplanetas: será
que a missão Kepler obteve dados suficientes?' Embora a própria sonda Kepler
tenha sido posta de lado enquanto astrônomos elaboram um novo programa que
possa oferecer um sistema de apontamento menos flexível, ela proporcionou o
envio de uma quantidade tão grande de dados que há resultados que valeriam a
pena analisar ao longo de um ano inteiro, disse Batalha, além de investir no
aperfeiçoamento dos dados já obtidos.
A sonda Kepler foi lançada em
2009 para realizar uma espécie de censo cósmico, monitorar o brilho de 150 mil
estrelas distantes da Terra, nas constelações do Cisne e da Lira, procurando
por pontos menos brilhantes que indicam a passagem de planetas na frente delas.
Petigura e seus colegas se restringiram a um subconjunto de 42 mil estrelas
mais brilhantes e bem-comportadas. Eles descobriram 603 planetas, dentre os
quais 10 tinham diâmetro que ficava entre uma Terra e duas Terras, e orbitavam
em torno de uma zona definida por Petigura como habitável, onde receberiam
entre um quarto e quatro vezes mais luz que a Terra recebe. No sistema solar,
essa zona se estenderia do interior da órbita de Vênus até as áreas limítrofes
da órbita de Marte.
Enquanto isso, utilizando-se de
uma técnica inovadora emprestada de outros campos que trabalham com grandes
bancos de dados, como a física de partículas, Petigura projetou um pipeline
computacional para que pudesse inserir planetas falsos nos dados – 40 mil no
total – e verificar com que eficiência o programa detectaria planetas de
diferentes tamanhos e órbitas. 'Deu bastante trabalho', lembrou, explicando que
teve que fazer testes com dezenas de bilhões de diferentes períodos para cada
estrela a fim de encontrar planetas. 'Felizmente, hoje em dia os computadores
são baratos.'
Sara Seager, astrônoma
especializada em exoplanetas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT),
que não esteve envolvida no estudo, disse que o teste com o pipeline
computacional tinha tornado os resultados confiáveis. 'Eu diria que os pequenos
planetas estão em toda parte e são muito comuns – não importa de que maneira
manipulamos os dados. No entanto, a sonda Kepler não está mais em atividade e
nós não temos como conseguir mais dados. Então vamos ter que nos contentar com
o que já temos como sendo a palavra final, por enquanto.'
Disponível em: http://nytsyn.br.msn.com/cienciaetecnologia/censo-c%C3%B3smico-encontra-bilh%C3%B5es-de-planetas-que-podem-ser-parecidos-com-a-terra#page=0
Acesso em: 09/11/2013
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