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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A crise estrutural do capital e os recursos naturais [1]

Prof. Valter Machado da Fonseca
Por Valter Machado da Fonseca*
Prezados leitores! Hoje vou falar sobre algo extremamente grave para todos nós: a crise do capitalismo que ronda a Europa e os EUA. Aí, você pode indagar: mas o que é que eu tenho a ver com isso? Lendo o texto, você vai ver que tem tudo a ver, que a crise está mais próxima de nós do que imaginamos.
O húngaro Ístvan Mészáros, um dos maiores pensadores deste século XXI, em seu recente livro “A Crise Estrutural do Capital” faz um alerta muito sério a respeito da crise capitalista dos tempos presentes. Aliás, em quase todas suas obras mais recentes [de 15 anos para cá], ele faz este alerta contundente acerca da “Agonia do sistema capitalista”. Marx em seu livro “Manuscritos econômicos e filosóficos” diz que o capitalismo é um sistema econômico que se alimenta da própria crise. Diz que o sistema é marcado por crises cíclicas, ou seja, crises que surgem em picos, que vêm à tona em períodos mais ou menos regulares e diante dos quais o capital precisa desenvolver mecanismos internos para conseguir novas formas de expansão e, com isso, superar as crises. Para expandir-se o capital precisa aumentar seus lucros, o que se dá por intermédio da injeção de novas e mais mercadorias nos mercados consumidores. Para aumentar a produção de mais mercadorias é preciso mais recursos naturais, o que, por sua vez, aumenta sobremaneira o desequilíbrio socioambiental no planeta e o aumento exponencial da produção de efluentes [lixo sólido e líquido] domésticos e industriais. Isto vem se tornando uma bola de neve. Aliás, o lixo é um dos maiores problemas ambientais do século XXI.
Mészáros afirma que o período das crises cíclicas já foi superado e que estamos agora diante da crise estrutural do capital, para a qual o capitalismo não tem como se reinventar. A conjuntura mundial nos mostra claramente isto: a crise sem precedentes na Grécia e que se alastra por toda a Europa e a grande crise instalada bem no coração do capitalismo, nos EUA, o que verificamos nos tempos atuais em todos os jornais e, inclusive com a possibilidade real do calote norte-americano, o que os próprios EUA não descartam. Não sou eu quem está dizendo isso, é a própria mídia capitalista que tem mostrado isso cotidianamente. Aliás, esta crise se aprofunda desde 2008/2009 quando a economia norte-americana foi à bancarrota. O Brasil só não foi a reboque porque, na época, o governo Lula torrou todo nosso superávit (nossa poupança interna) injetando dinheiro no mercado interno e pedindo para o povo comprar. Isto provocou um enorme rombo em nossas contas internas, cujas fortes consequências já sentimos agora neste início de governo Dilma.
Mas, o que temos a ver com isso? O jornal “Folha de São Paulo” traz, em letras garrafais, em sua edição do dia 03 de agosto de 2011 a chamada de matéria com o seguinte título “EUA e pessimismo global fazem mercados desabar”. Na matéria (FSP de 03/08/2011, p.A13) podemos destacar o seguinte: “Bill Gross, administrador da Pimco, sugeriu em relatório ontem que [...] os investidores deveriam deixar de comprar títulos americanos e optar por papéis do Brasil, México, Canadá e Alemanha”. Isto significa que querem deixar os EUA se arrebentar e iniciar a super-exploração dos países emergentes. Isto é muito preocupante, pois os nossos recursos naturais que já estavam na alça de mira das grandes potencias capitalistas agonizantes e falidas, agora vão ser usados na tentativa desesperada de salvar um sistema em crise estrutural.  
Caros (as) leitores (as)! O fato é que estamos na mira de um sistema em crise. O Horizonte que se desenha para nós é nublado. Em breve [e muito breve] podemos esperar os respingos diretos dessa crise em nossa cara. E eu posso dizer que estes respingos não serão nada refrescantes. É bom que nos preparemos, pois, os tempos do tal “milagre econômico” dos generais já se foi há muito tempo junto com as torturas e um monte de gente desaparecida, o tempo das vacas gordas de FHC e Lula também já se foram deixando atrás de si um enorme rombo em nossa economia. Então, podemos esperar pelos tempos nublados, das “vacas magras” [quase cadavéricas] cujos ossos já começam a aparecer nos tempos de Dilma Rousseff. Portanto, vamos colocar as barbas de molho, pois, a grande tempestade já pode ser percebida num horizonte muito próximo e totalmente incerto.  

* Escritor. Geógrafo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU/MG). Mestre e doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (FACED/UFU). Pesquisador das temáticas “Alterações climáticas” e “Impactos das monoculturas sobre os biomas brasileiros”. Docente da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

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