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quinta-feira, 16 de abril de 2015

A ÚLTIMA FRONTEIRA: O extermínio anunciado da Amazônia brasileira!

Fonte: pt.globalvoice.org (2015)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Fiquei estarrecido ao tomar conhecimento do número de projetos de implantação de Usinas Hidrelétricas (UHEs) na grande bacia hidrográfica da Floresta Tropical Amazônica em território brasileiro. Pasmem! Meus caros leitores! Estão em fase de estudos conclusivos, nada menos que algo em torno de 92 (noventa e dois) projetos de implantação de hidrelétricas na bacia hidrográfica do Rio Amazonas e seus tributários em território brasileiro.
É notório que as alterações climáticas no Brasil e no mundo colocam diversos países à mercê de uma das maiores crises energéticas já presenciadas pela história da humanidade. Mas, não se cura uma doença ministrando fortes doses de veneno ao paciente. Trocando em miúdos, para aplacar os efeitos e as consequências da gigantesca crise energética já anunciada, as autoridades, “pesquisadores” e “estudiosos” do setor energético estão propondo aumentar o forte desequilíbrio socioambiental exatamente no setor de recursos hídricos, por intermédio do alagamento (represamento) de milhões de hectares da Floresta Tropical Amazônica com vistas à construção de reservatórios para a implantação de 92 novas Usinas Hidrelétricas na grande bacia amazônica. Parece que a escassez e migração hídricas pelas quais estamos atravessando, passam também despercebidas para estes senhores do governo brasileiro e “estudiosos” do setor energético.
O que significa este impacto nos recursos hídricos da região amazônica?
É cientificamente comprovado que a Floresta Tropica Amazônica é a grande responsável pela gigantesca formação de massas de ar quentes e úmidas que, trazidas pelas correntes de ar ocasionam o vital abastecimento de precipitações pluviométricas (chuvas) sobre várias regiões brasileiras, em particular a Região Sudeste, área dos maiores centros urbanos e responsável pelo maior PIB do país e, consequentemente, pelo motor econômico do maior polo de desenvolvimento do Brasil. A Região Sudeste presencia o mais elevado índice de migração e escassez hídricas dos últimos 100 anos. Esta falta de chuvas se deve a uma série de fatores conjugados, dentre eles o desflorestamento (desmatamento da Amazônia), pois a floresta abastece as massas de ar úmidas devido ao seu enorme potencial de evapotranspiração. Estão propondo o represamento de extensos trechos dos rios da Amazônia, o que vai colocar debaixo d’água milhões de hectares de florestas, reduzindo drasticamente a evapotranspiração e alterando totalmente o regime de chuvas, não somente da Região Norte, mas, sobretudo de outras regiões como o Sudeste do país. A implantação das hidrelétricas provocará ainda uma série de impactos socioambientais tais como:
A perda de biodiversidade!
Uma intervenção antropogênica desta magnitude nos recursos hídricos da Amazônia significará a perda total e definitiva de milhares de espécies de flora e fauna brasileiras. É sabido que a Amazônia é dona de uma das maiores biodiversidades do planeta, com apenas 15% de suas espécies conhecidas e somente 12% catalogadas. Isto significa que a maior parte das espécies florísticas e faunísticas do bioma Amazônia são desconhecidos da comunidade científica, o que significa que dentre a grande parcela desconhecida da flora da Região Norte pode estar um grande potencial de recursos bioquímicos, agronômicos e farmacêuticos e, dentre estas espécies pode se encontrar a cura de diversas doenças. Isto sem considerar que grande parte de flora amazônica são endêmicas, isto é, só se encontram em determinadas áreas e não se repetem em áreas circunvizinhas. E o projeto das hidrelétrica irá colocar debaixo d’água toda esta gama de biodiversidade ocasionando a perda significativa e definitiva do riquíssimo mosaico de flora e fauna da região.
Os gigantescos impactos sociais!
A grande maioria dos povos que vivem na floresta sobrevivem de seus recursos. Estes povos aprenderam a conviver com a mata. Vivem da pesca, da coleta de frutos, de raízes, tubérculos e folhas produzidas pela própria floresta. Não se adaptam e jamais se adaptariam aos modos de vida urbanos. Assim como as árvores eles fincaram suas raízes na floresta. Com o represamento das águas e o alagamento da floresta tropical para onde irão estes povos? De que e como irão sobreviver? E as reservas das pouquíssimas remanescentes comunidades indígenas? Qual será o destino destas comunidades?
Caros Leitores! Sem dúvida alguma tratam-se dos projetos mais inescrupulosos, irresponsáveis e insanos jamais vistos até os tempos presentes. No momento em que o mundo inteiro já esgotou a maioria de seus recursos naturais e estendem os olhares de cobiça para a nossa mais exuberante floresta (a maior floresta tropical do globo), nossos governantes e “estudiosos” planejam colocá-la debaixo d’água. Somente pessoas desprovidas de total capacidade de raciocínio seriam capazes de tal atrocidade e irracionalidade. Quanto à crise energética, o Brasil precisa ousar e investir em fontes alternativas de energia, em especial a energia solar, pois o sol é a única e genuína fonte de energia limpa e gratuita do planeta. É preciso dar o salto tecnológico na direção correta e não sacrificar a maior floresta tropical do globo, alterando para sempre o clima do planeta e condenando a espécie humana ao derradeiro e letal sacrifício.      

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