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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A CONSCIÊNCIA COISIFICADA

Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2015)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
A consciência, seu conceito e significado vêm se perdendo no vazio, no “buraco negro” da inexistência do “ser”, em um mundo regido pelo capital, autofágico, pelo “ter” decorrente de uma lógica “ilógica” da apropriação do corpo e do espírito humanos pela mais-valia capitalista.
Em Marx, não é a consciência que determina o ser, mas, inversamente, é o ser social que determina a consciência. Cientes disso, os mentores do capital tentam, ininterruptamente, a subversão da lógica do enunciado de Marx. E para que não se formem consciências, as quais superem as contradições do sistema regido pelo capital, esses atores das estratégias de produção e reprodução do capital agem sobre o “social”. A destruição das bases de formação, da percepção do próprio homem enquanto ser social, ou seja, as bases das dimensões do social são destruídas para que não se formem consciências, pois, elas (as consciências) em sua ação prática no mundo podem superar as contradições do modo de produção capitalista e soterrá-lo no próprio escombro das ruínas de suas contradições.
Definitivamente, o capital age sobre todas as dimensões do social com vistas a impedir que o homem enquanto ser social não perceba seu próprio potencial de transformação das condições medíocres e da cruel realidade em que vive. Esta é a lógica das estratégias de ação do liberalismo (ou neoliberalismo) sobre o processo de construção da consciência de classe de todos os explorados e marginalizados do mundo. As forças oriundas do neoliberalismo agem sobre o coletivo dos explorados, fragmentando-o, atomizando-o de forma que os trabalhadores e demais marginalizados percam a noção de pertencimento de classe. Isto se vê claramente em tempos de barbárie como os que estamos atravessando.
Assim, cabe ao conjunto dos oprimidos e marginalizados, a reconquista de sua unidade enquanto classe social. E isto somente será possível se, e somente se, homens, mulheres e jovens buscarem os valores da reconstrução de sua dimensão social. Isto significa, em todos os instantes de nossa vida, lutarmos ferrenhamente contra todas as formas de dominação arquitetadas pelas forças destrutivas do capital. Somente nesta perspectiva, somente nesta direção, homens, mulheres e jovens trabalhadores serão capazes de travar o verdadeiro combate contra a destruição das dimensões sociais do ser neste mundo (das dimensões ontológicas do homem enquanto ser social) e, nesta medida, criar os obstáculos e resistências que possam impedir a coisificação da consciência humana e a reconquista da autonomia e da identidade de classe.  
Somente na perspectiva classista, da consciência de sua própria condição de oprimido, de explorado pelas forças destrutivas do capital, o homem será capaz de romper os elos das correntes de sua escravidão. O que significa a luta permanente e unificada contra todas as formas de opressão e dominação, mas, para isso, se faz necessária a reconstrução das bases de nossa consciência enquanto seres sociais, que, em grande parte das vezes, estão corroídas pela acidez das forças destrutivas do capital sobre a identidade da totalidade dos explorados na sociedade de classes.

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