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domingo, 26 de junho de 2011

A Escola/Educação e a frieza dos números [1]

Prof. Valter Machado da Fonseca (2011)
Fonte: Arquivo Valter  M. da Fonseca (2011)
Valter Machado da Fonseca*
Muitas vezes, ao examinarmos o boletim de determinado estudante e nos depararmos com boas notas, a primeira conclusão que nos vêm à mente é que o aluno em questão é deveras inteligente, que terá um futuro promissor e que, com certeza, se dará bem diante da vida e do mercado de trabalho.  Muitas vezes isto pode ser verdade. Porém, outras tantas, isto pode não se traduzir nos resultados que esperamos.
Vejamos o caso de um de um dos maiores gênios do século XX e talvez um dos maiores de toda a história da humanidade, o nosso querido e genial Albert Einstein. Ele tinha uma tremenda dificuldade em resolver coisas simples, não passava de ano na escola e, muitas vezes foi julgado por seus mestres e até por especialistas como uma pessoa que tinha dificuldade de aprendizagem. A escola o julgou como incapaz de frequentar as salas de aula. Trata-se nada mais nada menos, do criador da Teoria da Relatividade, por intermédio da qual a ciência pode desenvolver a lei da gravitação dos corpos, o que nos possibilitou entender o funcionamento do universo. Na verdade, estudos posteriores, comprovaram que ele não aprendia não porque não quisesse, mas pelo simples fato de que os conteúdos a ele apresentados eram superficiais e, até mesmo banais. Ele não via nenhuma significação em repetir coisas superficiais e vazias. Entrevistas futuras realizadas com Einstein demonstram que, para ele, a ciência não possuirá nenhum sentido se seus frutos não forem voltados para resolver questões fundamentais e não estiverem a serviço da maioria da humanidade.
Esta passagem do nosso genial Albert Einstein serve para ilustrar, com muita propriedade, fatos corriqueiros ligados à avaliação e ao currículo escolar da denominada “Educação Moderna”, mas, que na realidade reproduz conteúdos ultrapassados, tolhe a criatividade, a liberdade e inventividade de nossos educandos, considerando-os como uma tábua rasa, vazia. Consideram-nos como se eles [os educandos] não fossem capazes de aprender com seu contexto social, com a vida, na maioria das vezes marcada pelo sofrimento e pelas coisas simples do dia a dia. A escola formal ou tradicional, reprodutora do vazio, desprovida de sentido para o mundo e para a vida, virou uma simples analista de números e coisificadora de homens e de valores fictícios, os quais só terão sentido quando relacionados com o lucro e com as promessas de enriquecimento a qualquer custo, que dão sustentação ao modelo capitalista de produção.
A escola dos tempos modernos cria fetiches, necessidades banais, e apregoa a felicidade por intermédio de números que, grande parte das vezes, não interessam nem de longe aos educandos. Mas, ao contrário, interessam de perto às grandes empresas e aos megagrupos econômicos que tomaram para si a tarefa de dirigir a vida e o destino das pessoas, transformando os desejos, as necessidades e, até o próprio corpo humano em mercadoria última. Então, a escola moderna prepara os alunos para a competição com seus colegas e, às vezes, até consigo mesmos. Transformam-se em indústrias de “Educação” enquanto mercadoria e utilizam-na como moeda de troca junto aos pais, para comprar seus filhos e potencializá-los para o mercado. Estas escolas negociam com os pais os destinos, o presente e o futuro de seus filhos, não se importando com suas vontades e desejos [dos filhos]. Traçam o destino de pessoas segundo a lógica do dinheiro e soterram definitivamente os verdadeiros valores humanos que dariam sentido à vida. Criam competidores que possuem apenas números e cifras como referência de vida. Depois, não conseguem entender o porquê de tanta violência, de assassinatos em escolas. Será que a inexistência de sentido, de significação dos conteúdos escolares, a criação de valores supérfluos e fictícios em substituição aos valores humanos não têm nenhuma relação com este estado de coisas?
Caros (as) leitores (as)! Infelizmente, a educação da atualidade já deixou há muito de se preocupar com a preparação para o mundo, para a vida, em detrimento da valorização do supérfluo, do descartável, voltados para a produção de mercadorias inúteis para o homem, mas de extrema utilidade para a reprodução do lucro. A nossa educação tem se embasado em números frios [como os IDEBs, PROEBs, SIMAVEs, SAEBs, FUNDEBs, dentre inúmeras outras siglas]. Na verdade, estas siglas servem como balizadoras para a coisificação da educação. Os números e siglas frias não dizem absolutamente nada para a vida de nossos educandos. Então, devemos lutar por um modelo de escola que tenha como preocupação central a formação para a vida e (re)humanização do ser humano e não em formar androides que servirão de simples mercadorias para a reprodução dos lucros dos grandes grupos econômicos. A luta é para que a ciência avance de uma tecnocracia que domina o homem, para uma tecnologia a serviço da humanidade. E isto tudo, “num reino não muito distante”, o “Rei” ignora.               


* Escritor. Geógrafo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre e doutorando em Educação também pela UFU. Professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

Um comentário:

  1. Olá.
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