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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ENERGIA E LIXO: OS DOIS PRINCIPAIS PROBLEMAS DO SÉCULO XXI

Lixo espacial.  Fonte: Veja.abril.com.br (2011)      


Por Valter Machado da Fonseca*
Todas as atividades humanas na Terra se vinculam diretamente ao consumo de energia. O que é o alimento que ingerimos, diariamente, senão uma forma de energia necessária para continuarmos vivos, trabalharmos, nos locomover, dentre outras coisas. Podemos verificar que todas as nossas atividades cotidianas, das mais complexas às mais simples, dependem, em maior ou menor grau, do consumo e gasto (queima) de energia.
O mundo atravessa uma fase de produção de novas tecnologias a cada minuto. E toda tecnologia criada depende de certa quantidade de energia para funcionar. Quanto mais avançada é uma tecnologia, maior será a quantidade de energia consumida. E ela não é encontrada in natura no planeta. Ela não dá em árvores e nem pode ser plantada, como se fosse uma semente. Aliás, os próprios vegetais produzem e gastam certa quantidade de energia para crescer, se desenvolver, florescer, o que se dá por intermédio da fotossíntese e do Ciclo do Carbono. E para produzir energia é preciso combustível. E o problema central do nosso planeta reside, exatamente, nas fontes de combustíveis à disposição do homem para a produção de energia.
Em que pese todas as fontes de energia, alternativas ou não, a grande matriz energética mundial, sobre a qual se assenta a maior parte da produção material da humanidade, são os combustíveis fósseis e, em especial o petróleo. Haja vista o grande número de conflitos mundiais que tem como motivo central a disputa pelo denominado “ouro negro”. Em nome dele se matam inocentes, se invadem territórios, criam-se justificativas artificiais e se cometem as mais bárbaras atrocidades. Por trás de todas as guerras dos tempos modernos se escondem a disputa pelas principais jazidas de petróleo do planeta. É o que chamamos de “Geopolítica do Petróleo”.
O fato que transforma a produção de energia na principal crise da humanidade neste século XXI é o prenuncio, já anunciado do fim do ciclo do petróleo, programado para um período estimado de 70 anos, mesmo com as mais recentes descobertas de novas jazidas nos continentes e em águas profundas. Aí fica a grande pergunta: o que colocar no lugar do petróleo como principal fonte de energia do planeta? Como substituir a matriz energética petrolífera mundial?
Aliado à grande crise energética do século está o problema da superprodução de efluentes (lixo) domésticos, industriais, nucleares, metais pesados, hospitalares, espaciais, dentre vários outros. A superprodução de todo tipo de lixo está diretamente ligada ao aumento do consumo de energia. Estamos sob o modelo capitalista de produção, um sistema que vive em função da geração e expansão da mais valia (lucro). O capital (dinheiro) para se reproduzir e expandir precisa gerar mais riquezas, para gerar mais lucros, o que por sua vez precisa consumir cada vez maiores volumes de recursos naturais, visando à produção de novas mercadorias, para abastecer o mercado consumidor e gerar mais lucro. Este ciclo de expansão do capital precisa produzir um número cada vez maior de mercadorias, o que vai consumir mais recursos naturais, o que vai gerar volumes cada vez maiores de efluentes (lixo).
E o que vai mover todo esse processo produtivo do sistema capitalista? A resposta se resume em uma simples palavra: energia.  Isto acaba por virar uma gigantesca bola de neve. Então, os dois grandes problemas da humanidade neste século XXI é: como gerar tanta energia para mover o processo produtivo, cada vez mais intenso do sistema capitalista? Como frear a produção exponencial de tanto lixo? Então, o homem se vê atolado até o pescoço num problema gigantesco que pode leva-lo à morte por falta de energia (como já ocorre na Somália, Etiópia, por exemplo) ou então, seu destino poderá ser a morte por soterramento nas montanhas de lixo que ele cria para satisfazer sua insaciável ganância.  


* Escritor. Geógrafo, mestre e doutorando em Educação pela UFU. Pesquisador das temáticas ambientais. Professor da Universidade de Uberaba (Uniube). machado04fonseca@gmail.com

Um comentário:

  1. "Então, o homem se vê atolado até o pescoço num problema gigantesco que pode leva-lo à morte por falta de energia (como já ocorre na Somália, Etiópia, por exemplo) ou então, seu destino poderá ser a morte por soterramento nas montanhas de lixo que ele cria para satisfazer sua insaciável ganância."
    Se buscarmos analisar uma saída, pode parecer tão simples, gerar energia través de "lixo", reaproveitar a energia destes materiais, que possuem valor, que a maioria dos componentes do "nosso lixo" hoje em dia, são passíveis de algum reaproveitamento, inclusive na produção de energia. Mas porque então isto não acontece? Esta me parece uma questão tão óbiva, que é muita ignorância do ser humano, achar que está seguro, que seu ambiente ficará "limpo" à partir do momento que colocar seu "lixo" na porta de casa e o "lixeiro" o levar embora. Como se diz o ditado popular..."o que os olhos não vêem, o coração não sente!". Muito me entristece esta situação, essa super produção, consumismo exacerbado, desigualdades na distribuição dos recursos vitais básicos e principalmente, o desperdício do "lixo", fonte riquíssima de valores agregados. Minha esperança, meu desejo e meu empenho vital é de que a humanidade abra a mente e consiga ver, não tão longe, mas o que é óbvio e está presente no dia-a-dia de toda família, o tratamento adequado de seu "lixo". *um desabafo!

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