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Fonte: www.feemjesus.com.br |
Valter Machado da Fonseca*
Nesta virada de 2013/2014 estamos
presenciando uma das piores estiagens dos últimos 50 anos na Região Sudeste do
Brasil. Já ultrapassamos meados de fevereiro de 2014 e a chuva praticamente
desapareceu exatamente num período em que, costumeiramente, estamos habituados
a grandes picos de precipitações pluviométricas. Por incrível que pareça,
sabemos de relatos de caminhões pipas levando água potável para fazendas do
Triângulo Mineiro.
Mas, o que significa de fato,
esta estiagem? É normal períodos de
estiagem em quaisquer épocas do ano. Porém, o que foge à normalidade é a
frequência e o modo com estas estiagens vêm ocorrendo pelo país afora. Verificamos
desde anos passados (2009/2010/2011/2012) picos elevadíssimos de temperatura
que fogem da média e dos padrões normais para o verão. Observamos, já ao longo
de duas décadas, a ocorrência constante e frequente de enormes catástrofes no
período de chuvas, culminando com enormes alagamentos, enchentes e inundações,
combinados com a ausência daquelas precipitações lentas e longas que permitem a
infiltração correta das águas no solo. Pelo contrário, assistimos a processos
de precipitações descontroladas (como as frequentes chuvas de granizo) que
culminam com torrentes d’água fortíssimas sobre o solo provocando erosões
(ravinas e voçorocas), escoamentos superficiais violentos com completa
lixiviação dos nutrientes do solo.
Enquanto os debates no IPCC
continuam para saber se os grandes eventos climáticos recentes são ou não
frutos da ação antropogênica sobre os recursos naturais, as grandes catástrofes
climáticas se alastram por todo o planeta, de forma cada vez mais violenta, sem
nenhuma forma de prevenção e/ou controle. É a natureza respondendo aos ataques
violentos e insensatos contra ela desferidos! Enquanto a sociedade se digladia
em debates infrutíferos que não levam a quaisquer ações efetivas, a natureza
age e tira do homem, pouco a pouco, o líquido da vida: a água potável. Talvez
esta seja a única forma que possa levar o ser humano a um processo sério de
reflexões sobre suas ações insensatas na face deste planeta. É preciso torcer
para que o momento em que a sociedade consiga acordar já não seja tarde demais
para a continuidade da espécie humana no planeta Terra. Aí, talvez seja o
extermínio definitivo do homem e o recomeço de uma nova vida para a Terra!
*
Escritor. Geógrafo, mestre e doutor pela Universidade Federal de Uberlândia.
Professor e pesquisador das temáticas “Alterações Climáticas” e “Impactos socioambientais
sobre os ecossistemas terrestres e aquáticos”. E-mail: pesquisa.fonseca@gmail.com
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