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Foto: Doug Morton/BBC (2014) |
Por NTV
De seu escritório no Centro Espacial
Goddard, da NASA, Douglas Morton analisa um fenômeno oculto e danoso na
Amazônia. São incêndios rente ao solo, de baixa intensidade e expansão lenta -
meio metro por minuto - mas capazes de manter suas chamas acesas por semanas e
destruir áreas consideráveis de selva. O fogo de sub-bosque (a área mais
próxima ao solo) destruiu mais de 85 mil quilômetros quadrados no sul da
Amazônia entre 1999 e 2010, segundo a NASA, o equivalente a quase duas vezes a
área do Espírito Santo.
Estes incêndios são um desafio para
Morton e seus colegas da agência espacial dos EUA, porque os satélites, usados
para detectar chamas muito maiores e mais destrutivas, não identificam
facilmente fogo tão próximo do chão. "A razão por que (os incêndios) são
considerados ocultos é que o fogo queima o sub-bosque e a folhagem das árvores
bloqueia o sinal do satélite", disse Morton. Da sede da NASA no Estado de
Maryland, ele combina suas análises remotas com dados recolhidos em visitas a
áreas afetadas em países como o Brasil, para onde viaja constantemente.
O uso de satélites
Embora os satélites tenham
dificuldade para detectar incêndios que ocorrem sob as copas das árvores,
Morton depende deles, pois existem áreas da Amazônia que só são acessíveis com
ajuda remota. "(Estes dados) são realmente importantes para estudar a dinâmica
do ecossistema da floresta amazônica", disse.
Para evitar as dificuldades impostas
pelas restrições dos satélites, Morton e sua equipe estão recorrendo ao que a NASA
descreveu como "técnica inovadora": ao invés de se concentrar em
encontrar incêndios ocultos ativos, o que eles fazem é analisar os danos que
eles deixam para trás e a recuperação posterior da área.
Assim, por exemplo, foi possível
determinar que em épocas de grande atividade de incêndios ocultos, como os de
2005, 2007 e 2010, a área de floresta afetada foi consideravelmente maior do
que a área de desmatamento para a agricultura, de acordo com um estudo
publicado no ano passado. A análise também permitiu concluir que os riscos para
estes incêndios são particularmente ligados às alterações climáticas: condições
específicas de seca, por exemplo, são ideais para estes incêndios se espalharem
por grandes áreas.
Por outro lado, os incêndios que
estão ligados ao desmatamento, um dos principais problemas na Amazônia, são
movidos mais por pressões econômicas, tais como o uso da terra para a
agricultura. "Obviamente, é importante saber onde há incêndios hoje, mas é
a informação temporal que nos ajuda a fazer a investigação, a entender como as
variações climáticas e as forças econômicas estão mudando os padrões de
incêndios", disse.
No ano passado, o governo informou
que o desmatamento da Amazônia brasileira aumentou 28% em 12 meses. Morton tem
viajado frequentemente ao Brasil para entender o fenômeno. Sua última viagem à
região amazônica foi em 2012, ao Estado do Pará, onde realizou medições na
floresta.
Ele diz que o objetivo de suas
viagens é vincular o conhecimento local com as observações remotas dos
satélites. Assim, espera estudar as variações no uso da terra, as mudanças
climáticas e como as pressões econômicas - por exemplo, para a agricultura -
estão afetando a atividade dos incêndios.
Disponível em: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/07/incendios-ocultos-na-amazonia-desafiam-cientistas.html
Acesso em: 20 de novembro de 2014.
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