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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

DA DECADÊNCIA DO “VELHO MUNDO” À FAVELIZAÇÃO DO “NOVO MUNDO”

Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
O inchaço das grandes cidades, especialmente das metrópoles e megalópoles são evidências do esgotamento deste modelo econômico, que não consegue proporcionar as mínimas condições de sobrevivência para grande parcela majoritariamente mais carente do planeta. Estes grandes núcleos de aglomerações humanas nas grandes cidades vão se expandindo à revelia, sem nenhuma forma de planejamento, sem condições de saneamento (falta de água tratada, esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo, dentre inúmeros outros fatores), que deixam essas pessoas em condições deploráveis, subumanas de sobrevivência.
Um dos aspectos mais significativos nestes bolsões de pobreza é a ausência do Estado, o que se dá por vários motivos. Em primeiro lugar, as instituições do estado capitalista passam a discriminar tais populações, pois, grande parte das moradias são resultado do processo de ocupação de terras (do próprio Estado, e/ou de grandes empresas) e o estado, em nome da sacralidade da propriedade privada da terra, passa a não reconhecer tais comunidades, pois, estes assentamentos urbanos se concretizam a margem da legalidade das instituições consagradas pelas leis do capital.
Assim, o Estado abandona estes moradores à própria sorte, sem quaisquer serviços de infraestrutura básica de sobrevivência. Deste modo, este enorme contingente humano se organiza segundo sua própria lógica e seus próprios critérios. Em muitos desses locais, nas lacunas deixadas pela ausência efetiva do Estado e suas instituições, surge uma espécie de poder paralelo, geralmente dirigido por grupos e facções da indústria do narcotráfico. Neste sentido, o poder do Estado capitalista aparece nestes locais sob a forma de seu braço armado, as forças armadas, a polícia e até organizações paramilitares. O Estado sobe o morro para se fazer notar, uma demonstração de força de sua existência, seu domínio e seu poder.
As instituições representativas do Estado capitalista não precisam, necessariamente, de formalização para penetrar nestes grandes assentamentos urbanos. Elas penetram, profundamente, nestas comunidades, pela força de sua tecnologia da comunicação. Por força de seu poderio midiático elas penetram não somente nos núcleos de favela, como também no coração e nas mentes das pessoas que neles habitam, graças às suas potentes armas da sedução e fetiche do consumo.
O mais interessante na constituição desses enormes assentamentos urbanos é que mesmo sem o Estado e suas instituições, essas comunidades conseguem se organizar, segundo seus próprios critérios, organizam seu comércio, serviços e acabam por criar seu mercado consumidor. E, neste momento, o capital se faz representar formalmente por intermédio da instalação de bancos e outras instituições. Afinal, os setores mais carentes da população urbana também possuem poder de consumo e o capital não pode deixar de explorar esta fatia do mercado. Uma das mais gritantes contradições do modelo capitalista é que ele consegue extrair mais-valia dos setores mais pauperizados das populações humanas. Ele consegue fazer da desgraça e do sofrimento humanos uma fonte de extração de mais-valia.

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