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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CÂNCER: O DESTINO COMUM DA HUMANIDADE!

 Valter Machado da Fonseca*

Outro dia conversava com amigos sobre a grande incidência de câncer verificada nos últimos tempos, em quase a totalidade das regiões do planeta. Apesar de ele já ser considerado uma doença antiga, estudos científicos comprovam que sua incidência aumentou, de forma exponencial na quase totalidade do mundo. Aí, nos vêm à mente algumas interrogações: qual ou quais serão os motivos do aumento exponencial da enfermidade? Qual a relação desta incidência com as novas descobertas da indústria farmacêutica? Qual a relação entre a incidência do câncer com o ritmo frenético da vida moderna? O aumento da incidência da doença tem alguma relação com as novas descobertas e tecnologias utilizadas pela atual indústria de alimentos?

Se atentarmos para a avalanche de notícias veiculadas na mídia, em especial no final do século XX e no limiar deste século XXI, verificaremos que a moléstia tem atingido, de forma crescente e impiedosa, a faixa etária da população mundial acima de sessenta anos, com destaque para os idosos na casa dos 70 a 80 anos. Por que será que isso acontece? Dificilmente vemos notícias de morte natural de idosos, o que era verificado, com mais frequência no século passado. Devemos nos atentar também para o fato de que a população mundial também aumentou de maneira quase que exponencial o que também acarreta o aumento da frequência da doença. Mas, de qualquer forma, existe alguma coisa que não se encaixa neste processo de “fim da vida”, o que em minha compreensão deveria ser mais natural.
Mas, é igualmente importante, também voltarmos nossos olhares para os avanços das tecnologias nos diferentes campos da ciência, o que, fatalmente, dirigirá nossa atenção para as tecnologias voltadas para a indústria farmacêutica e a indústria de alimentos. É inegável o avanço espetacular da ciência nos mais diferentes campos das atividades humanas. Porém, quero chamar a atenção para as áreas ligadas, diretamente, à saúde humana. Acontecimentos, que há poucas décadas eram considerados cenas de ficção científica, a exemplo da clonagem de indivíduos, tecidos e órgãos animais e/ou vegetais e até mesmo do próprio homem, a partir de células-tronco, hoje já são uma realidade. A biotecnologia, em especial aquela aplicada à agricultura (a exemplo da transgenia, do melhoramento genético de sementes e espécies vegetais e animais) vem interferindo no ciclo natural da vida de espécies animais e vegetais, o que tem colocado em risco o equilíbrio dos ecossistemas, a sobrevivência das espécies, dentre elas o próprio Homo Sapiens. E tudo isto, meus (minhas) caros (as) leitores (as) movimentam trilhões de dólares, o que vai para os bolsos dos grandes grupos multi/transnacionais ligados à indústria farmacêutica e/ou de alimentos.
O fato é que, em nosso dia a dia, temos ingerido enormes quantidades de agrotóxicos, pesticidas, herbicidas encontrados naquele tomate e morango vermelhinhos, naquela alface verdinha, na abobrinha vistosa, e numa grande diversidade de frutas e verduras. Isto tudo, sem contar a grande quantidade de hormônios que consumimos naquele franguinho engordado em menos de um mês, naquele peixe melhorado geneticamente e na grande variedade de carnes de “todas as cores”, consumidas [sem origem definida], além da infinidade de venenos dos enlatados. Outros fatores também a serem observados se relacionam ao abandono das pesquisas ligadas ao princípio ativo de nossas plantas, em detrimento de medicamentos sintéticos criados em laboratório. Diante de tudo isso, pode-se dizer que o “ciclo natural da vida” tem sido manipulado em função dos interesses dos grandes grupos econômicos que, paulatinamente, transformam a própria vida num simples brinquedo e o corpo humano em mercadoria última, como diria nosso amigo Boaventura de Sousa Santos.


* Escritor. Geógrafo, mestre e doutorando em Educação pela UFU. Pesquisador das temáticas ambientais. Professor da Universidade de Uberaba (Uniube). machado04fonseca@gmail.com

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