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sexta-feira, 9 de março de 2012

CONGRESSO NACIONAL: que bicho é esse?

Fonte: gazetanews.com (2012)

Valter Machado da Fonseca*
As eleições se aproximam e o clima esquenta, de uma vez por todas, no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. Cada um dos parlamentares [de todos os partidos, sem exceção] procura defender com “unhas e dentes” seu quinhão no processo eleitoral de 2012 e, ao mesmo tempo, garantir concessões do governo [à custa do nosso dinheiro, é claro] para a manutenção do status quo de seus “sagrados currais eleitorais” nos grandes centros e nos mais longínquos rincões do nosso imenso Brasil. Esta prática, aliás, já é uma velha conhecida nossa em todas as campanhas eleitorais que vêm desde a “Velha República”.
São nos momentos pré-eleitorais que assistimos às maiores aberrações no Congresso Nacional, nas Câmaras Municipais de Vereadores em todo o país e nas ações dos diversos representantes dos poderes executivos municipais na grande maioria dos municípios brasileiros. É muito comum a gente observar material eleitoral em formato de revistas [em papel couche] fazendo verdadeiras apologias a feitos ilusórios [mentirosos] de certos candidatos em períodos pré-eleitorais. São materiais que custam pequenas fortunas. Aí, indagamos: este material é pago com dinheiro de quem? Com certeza, com dinheiro da população!
O povo acaba financiando campanhas de candidatos que não possuem nenhum compromisso para com ele. Outro aspecto importante a se observar é que o candidato, uma vez eleito, dificilmente perde seu mandato no próximo pleito. E porque isto ocorre? Este fato se verifica devido à edificação dos “currais eleitorais”, mantidos durante a toda a vigência dos mandatos com recursos públicos, os quais deveriam ser investidos na educação, saúde, infra-estrutura, transporte público, moradias, dentre outros importantes setores que necessitam de investimento. Sob a lógica perversa, os currais garantem a perpetuação de diversos candidatos no poder, ao mesmo tempo em que elimina a possibilidade de que pessoas de boa índole possam assumir um cargo de representação parlamentar.
E o Congresso nacional, que bicho é este?
Estes momentos que antecedem aos processos eleitorais servem para que façamos uma reflexão sobre o papel de deputados e senadores no Congresso Nacional. Aí, são importantes as indagações: nesta última década em particular, quantas matérias de interesse real para a população foram debatidas e votadas nessas casas parlamentares? Há quanto tempo, as CPIs, esquemas de corrupção, desvios de verbas, propinas e descaso com a “coisa pública” têm sido os assuntos principais das agendas de votação do Congresso Nacional? Quantas vezes a legislação em causa própria e o aumento de verbas parlamentares têm ocupado a pauta de votação do Congresso Nacional e, até mesmo das câmaras municipais de vereadores?
E o circo eleitoral está montado novamente!
Nestes dias temos presenciado à montagem de mais um “circo eleitoral”. Desta vez ele visa eleger novos prefeitos e vereadores. Então, porque é que os deputados e senadores não continuam seu “árduo trabalho” em Brasília e não deixam que este processo eleitoral seja resolvido em âmbito municipal e/ou mesmo regional. A resposta é simples: porque os prefeitos e vereadores são as bases, os pilares de sustentação da maioria dos milhares de “currais eleitorais” dos “senhores” deputados e senadores em todo o país. Aí, eles enchem a boca e justificam: “É hora de voltar, visitar as bases”. Por quê?
Ora, meus [minhas] caros [as] leitores [as]! É chegado o momento de darmos um basta nesse jogo sujo que move o processo eleitoral em nosso país. É chegado o momento de exigirmos transparência no trato da “coisa pública” em nossa nação, sob pena de assistirmos, cada dia mais, à perpetuação de bandidos assumindo os cargos de representação dos amplos setores que compõem a nação digna e honesta erguida com o suor dos legítimos trabalhadores de nosso Brasil.  


* Escritor. Geógrafo, mestre e doutorando pela Universidade Federal de Uberlândia [UFU]. Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba [Uniube]. machado04fonseca@gmail.com  

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